32. linhagens.

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                         Nicholas entrou no escritório como fazia todos os dias, com a mente já focada no trabalho que o aguardava

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                         Nicholas entrou no escritório como fazia todos os dias, com a mente já focada no trabalho que o aguardava. Mas ao abrir a porta, o coração dele parou por um momento. Warren estava caído no chão, completamente imóvel, com a mão estendida para o lado da mesa, como se tivesse tentado se apoiar antes de desmaiar.

O pânico tomou conta de Nicholas instantaneamente. Ele correu até Warren, ajoelhando-se ao lado do homem, sacudindo-o levemente pelos ombros. —— Warren! Warren, acorde! —— Sua voz estava trêmula, quase inaudível de tanto desespero. Mas não houve resposta.

Ele se levantou rapidamente, se virando para o telefone na mesa e com as mãos trêmulas, discando o número do hospital. —— Eu preciso de uma ambulância, rápido! É no Imperial Heights Club, o escritório principal... Ele está desmaiado, eu não sei o que aconteceu!

Enquanto falava, o escritório começou a se encher de barulho. Alguns funcionários, atraídos pelos gritos, entraram no escritório confusos, seus rostos preocupados. —— O que aconteceu? —— um deles perguntou, apavorado.

Nicholas balançou a cabeça, sem conseguir desviar os olhos de Warren. —— Eu não sei! Ele... ele estava assim quando eu cheguei!

A sirene da ambulância ecoava pelo clube enquanto os paramédicos rapidamente entraram no escritório, levando a maca até Warren, que ainda estava inconsciente no chão. Nicholas, suando e sem saber o que fazer, observava enquanto os médicos trabalhavam com precisão. Colocaram uma máscara de oxigênio em Warren, monitorando seus sinais vitais enquanto o levantavam com cuidado.

—— Você é parente dele? —— Um dos médicos perguntou a Nicholas.

—— Eu... não, mas trabalho com ele. —— Nicholas respondeu sem hesitar.

—— Precisamos que você venha para assinar os papéis do hospital —— o médico disse, acenando para Nicholas seguir a ambulância.

Nicholas assentiu, acompanhando o movimento apressado até a ambulância. Enquanto eles corriam pelas ruas em direção ao hospital, o som do monitor cardíaco era a única coisa que ele conseguia ouvir, abafando seus pensamentos ansiosos.

Ao chegarem ao hospital, Nicholas passou algum tempo na recepção, assinando formulários e esperando notícias. Cada segundo parecia uma eternidade. Finalmente, após o que pareceu uma vida inteira, uma enfermeira chamou seu nome, informando que ele podia entrar e ver Warren.

Ao entrar no quarto, ele encontrou Warren deitado na cama, ainda pálido, mas respirando melhor. Havia um ar cansado em seu rosto, mas seus olhos se abriram lentamente ao ver Nicholas.

—— Dei um susto em você, não foi? —— Warren disse, a voz fraca, mas carregada de humor seco.

Nicholas soltou um suspiro aliviado, sentindo o peso nos ombros diminuir. Ele se aproximou da cama, sacudindo a cabeça em um misto de frustração e alívio. —— Você quase me matou de susto, Warren. Achei que... bom, achei que fosse coisa pior.

Warren sorriu de leve. —— Ainda não chegou a minha vez.

Warren suspirou, ajustando-se na cama do hospital, enquanto Nicholas permanecia de pé ao lado, ainda inquieto.

—— Os médicos disseram que foi só um susto —— começou Warren, com a voz um pouco mais estável. —— Meu coração resolveu me pregar uma peça, mas vou ficar bem. Só preciso ficar aqui por um tempo, até eles terminarem todos os exames.

Nicholas assentiu, mas não conseguiu disfarçar a preocupação em sua voz. —— E o clube? Como vai ficar sem você lá?

Warren soltou uma risada fraca, mas cheia de experiência. —— Na minha ausência, meu outro sócio deve assumir as rédeas, como combinado. Ele vai lidar com a maioria das coisas, mas... enquanto isso, você terá que voltar às suas antigas obrigações.

Nicholas levantou uma sobrancelha, surpreso. —— Não vou ser mais o seu secretário?

—– Exatamente. Enquanto eu estiver aqui, é melhor não se meter com essas pessoas do ramo empresarial —— disse Warren, com uma ponta de autoridade em sua voz. —— Confio em você, garoto. Vai ser temporário, só até eu estar de volta.

Nicholas sentiu o peso da responsabilidade, mas também a confiança implícita de Warren. Ele assentiu.

—— Bom garoto —— Warren murmurou, fechando os olhos brevemente. —— Agora vai... e não deixe que o caos tome conta do lugar.

(...)

Antes de Nicholas voltar do hospital, o clube estava envolto em uma tranquilidade incomum. Na entrada, uma jovem freira, irmã Celeste, aguardava pacientemente, segurando algumas cartas em mãos. Ela era uma figura serena, com os olhos baixos e o sorriso gentil de quem carregava uma missão simples.

Os funcionários do clube a observavam com curiosidade, mas ninguém sabia ao certo o que ela estava fazendo ali. A irmã Celeste perguntava educadamente sobre Nicholas, mas ninguém tinha uma resposta precisa.

Foi então que Andrew Harriman, saindo de uma reunião com alguns empresários que haviam ido assistir uma partida de tênis, a notou ao passar pela recepção. Ele se aproximou, curioso com a figura inesperada à porta do clube.

—— Você está procurando por Nicholas? —— ele perguntou, seu tom de voz misturando surpresa e cautela.

Irmã Celeste, com um sorriso sereno, respondeu rápido. —— Sim, tenho algumas cartas dos primos de Nicholas. Eles mandaram agradecimentos pelo dinheiro que ele enviou, mas, por algum engano, as cartas foram enviadas para o orfanato.

Andrew, rápido em seus pensamentos, sorriu com suavidade. —— Ah, claro. Nicholas e eu somos bons amigos. Posso entregar as cartas para ele, sem problemas.

Sem desconfiar, irmã Celeste entregou as cartas com um aceno de cabeça. —— Muito obrigada, senhor. Deus o abençoe —— E com isso, ela se despediu, indo embora tranquilamente.

Assim que a freira saiu, o sorriso de Andrew desapareceu. Ele guardou as cartas no bolso interno do seu terno, o rosto agora sério. Sem perder tempo, saiu do clube, levando consigo a correspondência que jamais seria entregue a Nicholas.

Andrew, ainda curioso sobre o motivo da visita de uma freira, observou a figura dela se afastar lentamente, deixando no ar o mistério de seu propósito. Enquanto ela saía, ele se perguntou que tipo de conexão Nicholas tinha com o convento para que uma jovem freira viesse procurá-lo pessoalmente.

Andrew Harriman estava sentado no banco de couro do carro, o motor ainda quente, mas desligado. O silêncio no interior do veículo contrastava com o zumbido distante da cidade. Ele abriu o porta-luvas e jogou as cartas ali, uma por uma, olhando-as com desdém. Os agradecimentos dos primos de Nicholas, todos cheios de gratidão e reconhecimento, faziam seus lábios se curvarem em um sorriso amargo.

Ele se recostou no banco, a cabeça encostando no apoio, e olhou para o teto do carro, perdido em pensamentos. —— Como meu pai pode entregar tudo para ele? —— A pergunta ecoava em sua mente. —— Ele nem o conhece de verdade. Um garoto do orfanato, sem história, sem linhagem... E ainda assim, parece mais digno de confiança do que eu.

Andrew sentia o peso da sombra de Nicholas crescer a cada dia, e com essas cartas nas mãos, via um lado que talvez nem seu pai conhecesse.

Ele apertou o volante, os nós dos dedos ficando brancos. Era inconcebível para ele que alguém como Nicholas, que veio do nada, pudesse estar destinado a herdar o que ele sempre acreditou ser seu por direito.

Herdar aquilo que Andrew passou 21 anos lutando para ter.

﹙✓﹚ american wedding, nicholas chavez. Onde histórias criam vida. Descubra agora