43. o funeral.

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                      Warren Carter morreu durante a madrugada, em paz, como se tivesse sido levado por um sonho tranquilo

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Warren Carter morreu durante a madrugada, em paz, como se tivesse sido levado por um sonho tranquilo. Ele partiu como um bebê, imerso em uma visão onde sua esposa e seu filho ainda estavam vivos, sorrindo para ele em meio à neve de um dia distante. A dor e o peso da perda que carregara por tantos anos finalmente se dissolveram naquela última noite.

Seu funeral ocorreu em uma igreja imensa, uma catedral fria e monumental que parecia esmagar quem entrasse com sua grandiosidade. As janelas, adornadas com vitrais coloridos, permitiam que a luz filtrasse em tons suaves, mas a atmosfera permanecia sombria. Não havia familiares reunidos ao redor de Warren, nenhum parente próximo para lamentar sua partida. Apenas alguns empresários, velhos sócios de negócios que viam ali uma obrigação, uma formalidade. As mãos que apertavam os rosários ou as cabeças baixas em "respeito" não carregavam afeto verdadeiro.

Nicholas, parado à distância, era o único presente com um olhar sincero de dor. Ele sabia o que Warren havia sofrido, os segredos que ele mantivera e a solidão que o consumira. Nicholas sentia-se como se fosse o único verdadeiro luto ali, carregando no peito o peso da perda de um homem que, em seus últimos dias, o viu como o filho que nunca mais teria.

Enquanto o padre recitava as últimas palavras e a cerimônia prosseguia, Nicholas se perguntava se Warren havia finalmente encontrado a paz ao lado daqueles que amava, longe do vazio das relações de negócios e das alianças frágeis. No entanto, naquele momento solitário, no eco vazio da igreja, a ausência de uma família ao redor de Warren parecia mais triste do que qualquer oração poderia aliviar.

Amélia ficou ao lado de Nicholas, silenciosa, sua presença uma âncora em meio ao vazio do funeral. O ambiente era pesado, ecoando as orações e cânticos distantes, mas, ao mesmo tempo, sentia-se como se o mundo ao redor tivesse parado. Ela abraçava Nicholas, seus braços envoltos firmemente ao redor dele, sentindo a tensão em seu corpo, como se ele carregasse todo o peso da despedida de Warren.

Nicholas mantinha os olhos fixos no caixão, seu semblante endurecido, como se quisesse gravar na memória o último adeus ao homem que, de certa forma, se tornou uma figura paterna nos últimos anos. O consolo de Amélia era sua única fonte de força ali. Ela sussurrava palavras suaves, sentindo a respiração dele falhar de vez em quando, mas nunca permitindo que suas lágrimas caíssem.

Quando tudo terminou, Nicholas finalmente inclinou a cabeça para o lado, repousando contra o ombro de Amélia, seu rosto escondido nos cabelos dela. Ela não disse nada, apenas apertou mais o abraço, deixando que o silêncio fosse suficiente. Ali, naquele momento, em meio ao luto e à solidão de uma igreja vazia, Nicholas encontrou o conforto que só Amélia podia oferecer.

Quando o funeral chegou ao fim, Nicholas foi o último a deixar a igreja. O silêncio sagrado do lugar ecoava ao seu redor, as sombras dançando sob as poucas luzes que restavam. No meio da nave, parado entre os bancos, estava Marvim Harriman, seu semblante fechado e olhar sério. Nicholas parou diante dele, ambos encarando-se em uma tensão silenciosa, o eco dos passos de quem já havia partido se dissipando no ar.

Marvim, com sua postura rígida, quebrou o silêncio: —— Você venceu.

Nicholas manteve o olhar firme, sem desviar, apenas assentindo brevemente, com a certeza de quem sabia o peso do que estava acontecendo.

—— Mas ela vai te deixar —— continuou Marvim, sua voz baixa e fria, carregada de convicção. —— Quando perceber que a vida de Harriman que ela teve por 17 anos... nunca mais vai voltar.

Nicholas respirou fundo, controlando a raiva que queria subir à superfície. Seus olhos encontraram os de Marvim com uma força silenciosa. —— Eu vou dar a ela algo que você nunca deu em 17 anos... Amor, ela nunca vai se sentir sozinha.

Marvim ficou parado, assistindo Nicholas sair. Seus olhos endurecidos por anos de controle e poder suavizaram por um breve segundo. —— Cuide dela —— disse ele, sua voz mais baixa, quase uma súplica. —— Como eu nunca cuidei.

As palavras foram firmes, carregadas de algo mais poderoso do que qualquer riqueza ou herança. Então, Nicholas passou por Marvim, batendo levemente no ombro dele, o gesto marcando uma espécie de encerramento. Ele saiu da igreja, deixando Marvim ali, parado, com o peso de sua própria frieza e orgulho se esvaindo lentamente, enquanto Nicholas se afastava, determinado a viver o que Marvim jamais entenderia.

Nicholas saiu da igreja, o ar fresco batendo em seu rosto enquanto ele avistava Amélia ao longe. Ela estava em pé, conversando com um homem desconhecido, de terno escuro e rosto sério. A inquietação tomou conta dele enquanto observava a cena, seu corpo automaticamente se movendo em direção a Amélia.

Quando ele se aproximou, Amélia virou-se para ele com uma expressão confusa, mas aliviada. —— Nicholas, esse é o testamenteiro de Warren Carter —— ela disse, gesticulando para o homem ao seu lado.

O homem virou-se para Nicholas, o avaliando com olhos atentos. —— Você é Nicholas Chavez? —— ele perguntou, com um tom formal e calculado.

Nicholas franziu a testa, sem entender o motivo da pergunta. —— Sou, sim.

O testamenteiro estendeu a mão, como se oferecesse um convite para algo muito maior do que Nicholas esperava. —— Precisamos conversar sobre a herança que Warren Carter deixou para você.

O choque tomou conta de Nicholas por um momento. A ideia de que Warren, o homem que ele considerava um mentor e amigo, havia deixado algo para ele... parecia surreal. Ele olhou para Amélia, que o encarava com a mesma surpresa, e depois de volta para o homem, sem saber ao certo o que viria a seguir.

﹙✓﹚ american wedding, nicholas chavez. Onde histórias criam vida. Descubra agora