CAPÍTULO TRÊS

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Narrativa Min Yoongi

Uma semana se passou, e eu me peguei refletindo sobre como essa experiência de trabalhar com iniciantes era nova para mim. Apesar da novidade, e do nervosismo que poderia acompanhar essa fase, percebi que, por natureza, não sou alguém que se deixa dominar por tais sentimentos. Assim, ali estava eu, sentado ao lado da Senhorita Kim em um silêncio quase sagrado no estúdio de edição, observando cada movimento dela enquanto removia as cenas que eu havia enviado. A atmosfera era carregada de expectativa e um toque de intimidade, como se o mundo exterior tivesse desaparecido.

Esse ambiente tornou-se um espaço familiar, onde nossa rotina começava às oito da manhã, e cada dia trazia uma nova sensação. Embora nossas conversas fossem limitadas, a presença dela sempre me fascinava. Era como se houvesse uma energia quase magnética entre nós, especialmente após aquele dia. Desde então, encontrei-me observando-a sempre que podia, imerso não apenas em seu trabalho, mas também na maneira como ela se entregava a ele. Sua concentração era quase palpável, e isso intensificava minha admiração por sua ética profissional.

Enquanto isso, o Manager Kang, com sua voz firme e meticulosa, explicava como iríamos integrar áudio e imagem. Embora eu tentasse me concentrar em suas palavras, havia um magnetismo irresistível que me fazia desviar o olhar para Kim, que parecia estar constantemente em um estado de tensão. Era como se ela estivesse esperando por algo que nunca chegava, e essa expectativa deixava-me intrigado. A cada cinco minutos, ela desbloqueava o celular, um gesto que parecia revelar uma mistura de ansiedade e esperança, despertando em mim uma curiosidade inquieta. O que a tirava do foco? Seria um amigo, um compromisso ou algo mais profundo? Essas perguntas surgiram e se acumularam em minha mente, como folhas caindo lentamente em um outono nostálgico.

E, inegavelmente, ela era linda, com uma beleza que ia além do físico. Havia algo cativante em seu jeito de ser que me atraía cada vez mais. Meu interesse por ela surgiu desde o incidente no elevador, um momento que ainda me faz sorrir ao lembrar. A cena era inusitada; enquanto saboreava uma barra de chocolate, sentada no chão após o elevador apresentar problemas, ela soltou um “bibidi bobidi bu”. Aquela leveza em meio ao estresse foi como um sopro de ar fresco em um dia que parecia interminável. Ela conseguiu arrancar um sorriso meu em um momento de tensão, e isso me fez sentir uma conexão genuína.

Contudo, naquele instante, não consegui evitar de fuzilá-la com o olhar, capturado por sua atitude peculiar, mas ao mesmo tempo, encantadora. Havia algo de mágico naquele momento, uma quebra da monotonia que me fez perceber que, mesmo em meio ao caos, existia espaço para a leveza. Esses sentimentos começaram a se entrelaçar, criando uma tapeçaria de emoções que desafiava a lógica, mas que, de alguma forma, parecia fazer todo o sentido. A cada dia que passava, a presença dela tornava-se mais significativa, como se eu estivesse lentamente desvendando um mistério que desejava explorar.

Atraio-me por pessoas extrovertidas — aquelas que têm um toque de loucura e conseguem iluminar meu dia com um sorriso. No entanto, não me socializo com qualquer um. Sinto uma dificuldade em ser espontâneo com alguém que acabei de conhecer, a menos que algo na essência da pessoa desperte meu interesse. Kim, com seu jeito peculiar e autêntico, parecia ter essa capacidade de me atrair de maneira inexplicável.

O que mais me agradou foi o fato de que, no elevador, ela não sabia quem eu era. Sua naturalidade, mesmo em meio à formalidade do ambiente de trabalho, era refrescante. Sempre detestei mulheres que demonstram entusiasmo apenas por interesses superficiais ou materiais. Para mim, o verdadeiro valor de uma conexão está na habilidade de enxergar além das aparências e das circunstâncias que nos cercam.

Eu prefiro personalidades autênticas, pessoas que são intrigantes e, principalmente, que não se preocupam imediatamente com o que tenho na conta bancária. Essa preocupação se transformou em um fardo, pois sempre é necessário ter cautela ao se envolver com alguém, temendo que informações pessoais possam vazar e distorcer tudo.

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