Em uma pequena ilha do East Blue…
As ondas do mar quebravam nos rochedos com ferocidade, e as nuvens escuras e carregadas eram iluminadas pelos relâmpagos. Hinata caminhava apressada; mesmo desejando chegar em casa antes que a tempestade chegasse, optou por seguir pela trilha em vez de ir pelas árvores, como sempre fazia. Um trovão soou, e Hinata pulou, derrubando suas sacolas com o susto. Respirou fundo para se acalmar, abaixou-se para pegá-las, e um pequeno brilho lhe chamou a atenção. Hinata olhou na direção da praia, curiosa, abandonou as sacolas e desceu o barranco, aproximando-se de um pequeno barco que jazia na praia, aparentemente abandonado.
Deu a volta no barco, notando um enorme buraco no lado direito da cabine. Um trovão soou novamente, e Hinata choramingou, fechando os olhos com força e tapando os ouvidos com as mãos. Virou-se, pretendendo pegar suas sacolas e correr para casa, mas deparou-se com dois homens a alguns passos de distância.
— Olha só o que encontramos. — O da esquerda, um homem de cabelos escuros, cicatriz no queixo e olhos cinzentos, foi o primeiro a falar. — Oi, Belezinha.
O outro, um homem de cabelos acaju, com uma barba rala, se aproximou de Hinata, que retrocedeu até bater as costas no casco do barco. Tentava decidir qual era o jeito mais rápido e eficaz para acabar com os dois e ir para casa antes que a tempestade chegasse, quando o segundo homem a imprensou contra a madeira pútrida, segurou suas mãos e afastou suas pernas com a sua, ficando entre suas pernas agora abertas.
— Quem diria que, depois de todo o azar que tivemos desde que aquele maldito caçador cruzou nosso caminho, acabaríamos tendo a sorte grande de encontrar uma delicinha como você nesse fim de mundo? — Hinata olhou-o com ferocidade e decidiu a melhor opção: a mais demorada e dolorida possível. Iria ensinar aquele homem que não devia tocar em uma mulher sem seu consentimento.
— Afaste-se dela — uma voz grave soou vinda do mar. Hinata olhou naquela direção e viu um homem saindo da água. A camisa branca colada ao seu tronco deixava perceptíveis seu peitoral e braços musculosos. Usava um haramaki verde, e Hinata notou três espadas presas na cintura.
— Seu desgraçado ainda está vivo! — o de cabelos escuros gritou incrédulo.
— Maldito Roronoa Zoro — bradou o outro, apertando o queixo de Hinata, que chiou.
— Mandei soltá-la — repetiu, e em um piscar de olhos desembainhou duas de suas espadas e se aproximou, apontando uma para cada homem. Hinata então notou seus cabelos verdes, que pareciam mais escuros vistos à distância; três brincos dourados adornavam sua orelha esquerda. O homem que ainda segurava Hinata a soltou na mesma hora, pegando a própria espada.
Um embate teve início; Hinata assistia, surpresa e impressionada com a facilidade com que o espadachim de cabelos verdes lidava com os outros dois. A luta durou apenas alguns minutos, e logo Zoro se cansou, finalizando com um golpe em cada um. Viu-os cair no chão e então se virou para a garota, que lhe encarava não com medo ou até mesmo agradecimento, mas sim com admiração.
— Tudo bem com você?
— Estou bem, obrigada. — agradeceu com um sorriso contido. Grossas gotas de chuva começaram a cair do céu, e o vento aumentou. — Melhor nos abrigarmos, essa tempestade vai ser feia, minha casa é perto daqui, vamos?
— Não precisa, eu me viro.
— Por favor, não vou ficar tranquila em casa sabendo que o homem que me salvou está em algum lugar desprotegido nessa chuva.
— Tsc, tudo bem, me deixe só prender esses idiotas e amarrar o barco para que a maré não o arraste.
— Eu te ajudo.
Acharam algumas cordas no barco, colocaram os dois bandidos na cabine — por insistência de Hinata, que não queria que eles ficassem na chuva — e amarraram um de costas para o outro, tapando suas bocas com uma fita que Hinata achou em um canto. Em seguida, Zoro puxou o barco para trás, afastando-o da água e amarrando-o a duas grossas árvores.
— Acho que está seguro; de qualquer forma, a tempestade não deve durar muito, então vai aguentar — Zoro falou, e Hinata concordou com a cabeça.
— Melhor irmos logo, a chuva está começando a engrossar.
Hinata foi na frente, tendo que voltar vez ou outra para trazer Zoro para o caminho certo novamente. Pouco antes de chegarem à pequena casinha em que Hinata morava, a tempestade iniciou, deixando os dois encharcados em poucos segundos.
Hinata abriu a porta da frente, entrou e deu passagem a Zoro, que fechou a porta atrás de si.
— Caramba, que frio — tremeu. Tirou as sandálias e virou-se de frente para o espadachim, que permanecia encostado à porta, de braços cruzados, os olhos passeando pela pequena construção, notando uma enorme mala aberta e algumas caixas espalhadas por todo o lugar. — Se quiser tomar um banho, o banheiro fica ali — apontou para uma porta em um canto. — Eu vou procurar uma toalha e tenho quase certeza de que tem roupa masculina em uma dessas caixas.
— Não precisa, só uma toalha é o bastante. — Hinata abriu a boca, mas não disse nada. Zoro então a olhou de verdade pela primeira vez. Sua pele clara e bochechas levemente ruborizadas, a boca rosada, cabelos que iam até pouco acima da cintura, preto azulado, e os olhos perolados com um tom lilás, que o escaneavam assim como os seus faziam com ela. Desceu o olhar para seu corpo, vendo a camisa lilás grudada em seu corpo.
— É melhor eu ir embora; vir para cá não foi uma boa decisão.
— Não pode sair nessa chuva, vai acabar ficando doente. Eu vou preparar um chá e um caldo quen… Aaahh! — gritou ao ouvir o som ensurdecedor do trovão; no susto, se jogou contra o corpo do espadachim, escondendo seu rosto em seu peito enquanto o apertava com toda a sua força.
Zoro prendeu a respiração, contou até dez e a afastou, abriu a porta e saiu pela chuva, deixando Hinata para trás, sem entender o que havia feito de errado.
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My Treasure
FanfictionHinata Hyuuga foi mandada para outra realidade. Sozinha em um mundo desconhecido ela conhece diversas pessoas e tenta seguir com os ensinamentos de sua mãe. Um naufrágio a faz cruzar seu destino com o de um certo garoto com chapéu de palha e ao entr...