Capítulo 1: O Início de um Novo Ano Escolar

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O sol nascente iluminava as ruas estreitas de Seul, enquanto a brisa suave do final do verão trazia um ar de renovação e promessas. Ji-eun ajeitou a alça da mochila e respirou fundo. Era o primeiro dia do último ano do ensino médio, e embora os meses de férias tivessem sido um alívio bem-vindo, uma sensação de ansiedade tomava conta dela.

Ela olhou ao redor enquanto caminhava, observando os grupos de estudantes que, como ela, retornavam para mais um ano de estudos e, talvez, alguns dramas. A Escola Secundária Haneul sempre fora o centro de sua vida social e acadêmica, mas algo sobre este ano parecia diferente. Ji-eun não conseguia explicar exatamente o que era, mas havia uma expectativa no ar, como se algo importante estivesse prestes a acontecer.

Ao virar a esquina que levava à entrada principal da escola, Ji-eun avistou seu melhor amigo, Ha-neul, esperando-a como de costume. Ele estava encostado no muro da escola, com as mãos nos bolsos e o rosto voltado para o céu. Seu cabelo castanho bagunçado estava ligeiramente mais longo do que ela lembrava, e ele exibia aquele mesmo sorriso despreocupado.

— Ji-eun! — Ha-neul acenou, correndo em sua direção. — Pensei que ia se atrasar no primeiro dia. Isso seria um recorde até para você!

— Muito engraçado, Ha-neul — Ji-eun revirou os olhos, mas sorriu de volta. — Não que eu tenha algo contra dormir mais alguns minutos, mas hoje é o início do último ano. Precisamos começar bem.

— Começar bem? — Ha-neul riu, dando de ombros. — O último ano é pra relaxar. Só precisamos sobreviver às provas finais. Nada além disso.

— Você fala isso como se fosse simples — Ji-eun bufou, mas seus olhos brilharam ao ver a escola à frente. — Mas, de qualquer forma, é bom estar de volta.

A grande fachada da Escola Secundária Haneul reluzia à luz da manhã. Estudantes passavam apressados, reencontrando amigos, trocando risadas e empurrões leves. Ji-eun sentiu a energia vibrante da juventude ao redor. No entanto, enquanto atravessava o portão com Ha-neul, algo a fez parar por um segundo.

Do outro lado do pátio, ela viu uma figura isolada, encostada em uma das árvores. O rapaz era alto, com ombros largos, e tinha um ar sombrio que contrastava com o ambiente alegre ao redor. O cabelo preto caía em seus olhos, mas a postura e o silêncio faziam com que ele se destacasse em meio à multidão barulhenta.

— Quem é aquele? — Ji-eun perguntou, apontando discretamente para o rapaz.

Ha-neul seguiu seu olhar e deu de ombros.

— Não faço ideia. Nunca o vi antes.

Ji-eun ficou intrigada. Mesmo em uma escola grande como a Haneul, ela conhecia a maioria dos alunos, especialmente os do último ano. Mas aquele rapaz... ele era novo.

— Parece que temos um novato — Ha-neul comentou, sem dar muita importância. — Deve ser só mais um que vai tentar se adaptar à rotina.

Ji-eun concordou, embora uma parte de sua mente não conseguisse deixar de observar o estranho por mais um momento. Havia algo nele que a intrigava, mas ela não sabia explicar o quê.

— Vamos, o sinal vai tocar — Ha-neul a puxou levemente, distraindo-a de seus pensamentos.

Eles atravessaram o pátio e entraram no prédio da escola, sendo recebidos pelo cheiro familiar de livros, papel e o leve odor da cantina no andar de baixo. Os corredores já estavam lotados de alunos se dirigindo para suas respectivas salas.

— Sala 3-A, último andar — Ji-eun murmurou, verificando a lista de turmas. — Nossa sala está no topo da escola. Vamos passar o ano subindo essas escadas?

Ha-neul riu.

— Um bom exercício. Quem sabe você não finalmente desenvolve alguma musculatura.

— Ei! — Ji-eun deu um leve empurrão nele, rindo.

Enquanto eles subiam as escadas, Ji-eun não conseguia tirar o estranho do pátio da cabeça. Algo na sua expressão a deixava desconfortável, como se ele estivesse carregando um fardo pesado demais para um estudante. Mas antes que pudesse pensar mais nisso, eles chegaram à sala.

O primeiro dia era sempre o mesmo: apresentação dos professores, organização dos horários e uma breve revisão dos temas que seriam abordados durante o ano. A professora de matemática, Srta. Kim, passou pelo ritual costumeiro, pedindo para que cada aluno se apresentasse. Tudo seguia com normalidade, até que a porta da sala se abriu.

— Desculpe o atraso — a voz grave fez com que todos na sala se virassem.

Ji-eun ficou surpresa ao ver o mesmo rapaz que havia observado no pátio entrar na sala. Ele caminhou lentamente até a professora, entregando um papel de autorização. O murmúrio entre os alunos aumentou. Novos alunos não eram tão comuns, especialmente no último ano.

— Tudo bem, você pode se sentar — a Srta. Kim disse, apontando para a única cadeira vaga no fundo da sala.

O rapaz caminhou em silêncio até o lugar, ignorando os olhares curiosos dos outros alunos. Quando passou por Ji-eun, ela sentiu um frio percorrer sua espinha. Havia algo estranho nele, algo que a deixava inquieta.

— Quem será ele? — Ha-neul sussurrou ao lado dela, claramente tão curioso quanto os outros.

— Não sei — Ji-eun respondeu, sem tirar os olhos do novo aluno.

Quando ele se sentou, parecia completamente alheio ao burburinho ao seu redor. Ao invés de tentar interagir, ele simplesmente olhou pela janela, como se estivesse em outro lugar, distante de tudo aquilo.

O resto da manhã passou em uma mistura de curiosidade e tensão silenciosa. Embora o novo aluno não tivesse falado com ninguém, sua presença não passava despercebida. Ji-eun, distraída, olhava para ele de vez em quando, tentando entender por que ele a deixava tão intrigada.

No intervalo, ela e Ha-neul foram até o refeitório, onde os grupos de alunos já estavam se reunindo. Enquanto pegavam suas bandejas, uma voz familiar surgiu por trás deles.

— Ei, Ji-eun, Ha-neul!

Era Min-ji, sua amiga extrovertida e sempre alegre. Ela se aproximou deles com um sorriso largo.

— Já conhecem o novato? — Min-ji perguntou, empolgada. — Ele parece misterioso, não acham?

— Sim, ele entrou na nossa sala hoje — Ji-eun respondeu. — Mas ele não falou com ninguém ainda.

— Eu aposto que ele tem uma história interessante — Min-ji disse, com os olhos brilhando de curiosidade. — Aposto que tem segredos.

Ji-eun sorriu, mas não respondeu. Segredos. De alguma forma, a palavra parecia certa para descrevê-lo. Algo em sua postura e no seu silêncio sugeria que ele não estava ali por acaso, que havia algo mais por trás de sua presença na escola.

Enquanto comiam, Ji-eun olhou ao redor do refeitório, procurando pelo rapaz novamente. Ela o avistou no canto mais afastado, sozinho, com o olhar distante.

O primeiro dia de aula estava apenas começando, mas Ji-eun sentia que o ano à frente seria diferente de todos os outros. E, de alguma forma, sabia que aquele novato misterioso estaria no centro de tudo.

Segredos que QueimamOnde histórias criam vida. Descubra agora