Capítulo 6: Primeira Interação entre Seo-jun e Ji-eun

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A semana na Escola Secundária Haneul estava em pleno andamento, e Ji-eun sentia-se cada vez mais imersa na rotina escolar. Entre as aulas, os amigos e os novos rostos, algo em particular chamou sua atenção. Seo-jun, o rapaz quieto e misterioso que sentava na última fileira, estava sempre envolto em um tipo de aura distante. Havia algo nele que a intrigava, algo que ela ainda não conseguia decifrar.

Ji-eun o observava discretamente. Ele sempre chegava pontualmente, mantendo-se isolado e focado nas aulas. Seo-jun não parecia fazer questão de interagir com ninguém, o que era estranho, considerando que, normalmente, os alunos novos procuravam criar laços ou pelo menos manter alguma aparência de integração.

Era uma manhã de quarta-feira, e a aula de literatura se arrastava em um ritmo lento. A professora, Srta. Park, estava explicando os temas de um dos poemas que discutiriam no exame final, e Ji-eun tentava se concentrar. No entanto, sua mente divagava, voltando-se constantemente para a figura de Seo-jun, que estava mais uma vez isolado, com os olhos focados no caderno à sua frente.

Depois de alguns minutos, a Srta. Park se aproximou do quadro e, de repente, virou-se para a turma com uma expressão animada.

— Certo, turma — ela começou. — Quero que vocês se reúnam em duplas para analisar o poema que discutimos. Cada dupla deve apresentar suas conclusões no final da aula.

Houve um murmúrio de excitação entre os alunos, que começaram a se virar em direção aos seus amigos para formarem pares. Ji-eun olhou de lado para Ha-neul, que já estava conversando com outra pessoa, aparentemente formando uma dupla com alguém que estava ao lado dele. Sentindo-se um pouco deslocada, ela olhou em volta, até que seus olhos se encontraram com os de Seo-jun, que permanecia em seu lugar, sem ninguém ao seu redor.

Por um breve momento, Ji-eun hesitou. Algo em Seo-jun a deixava nervosa, talvez pela maneira reservada como ele sempre se comportava. No entanto, a curiosidade era mais forte, e ela decidiu ir até ele.

— Oi, Seo-jun — ela começou, aproximando-se da sua mesa com um sorriso cauteloso. — Parece que todos já têm seus pares. Posso fazer a atividade com você?

Seo-jun levantou o olhar lentamente, seus olhos escuros fixando-se nos dela. Ele permaneceu em silêncio por um segundo, como se estivesse ponderando a proposta. Então, assentiu.

— Claro — ele respondeu calmamente, sua voz baixa, mas suave.

Ji-eun sentiu um alívio imediato. Não sabia o que esperava, mas estava feliz por ele não tê-la rejeitado. Ela puxou uma cadeira e se sentou ao lado dele, tentando não parecer nervosa.

— O poema que estamos analisando... — ela começou, enquanto folheava as páginas de seu caderno, tentando quebrar o silêncio. — Eu achei interessante como ele explora o conceito de destino. O autor parece acreditar que nossas escolhas não podem alterar o que está predeterminado.

Seo-jun olhou para o livro por um momento antes de responder.

— É verdade. Mas acho que o que o autor realmente tenta dizer é que, mesmo que o destino seja inevitável, ainda podemos controlar a maneira como reagimos a ele. O que importa não é o que está predestinado, mas como lidamos com o que nos é imposto.

Ji-eun ficou surpresa com a profundidade da resposta dele. Não esperava que Seo-jun fosse tão eloquente. Ele parecia alguém que pensava profundamente sobre as coisas, mesmo que não o demonstrasse abertamente.

— Isso faz sentido — ela disse, assentindo. — Nunca tinha pensado dessa forma. Acho que sempre vi o destino como algo imutável, mas faz sentido pensar na reação como uma escolha.

Seo-jun olhou para ela, seus olhos suaves, mas ainda carregados de algo que Ji-eun não conseguia identificar completamente.

— A maioria das pessoas vê o destino como uma sentença — ele continuou, em um tom reflexivo. — Mas, na verdade, é uma sequência de escolhas. Não podemos controlar o que acontece, mas podemos escolher como reagimos. Isso é o que realmente nos define.

Ji-eun ficou em silêncio por um momento, absorvendo o que ele disse. Havia algo nas palavras de Seo-jun que ressoava com ela, como se ele estivesse falando não apenas sobre o poema, mas também sobre algo pessoal. Ele parecia estar carregando um peso invisível, e Ji-eun sentia uma vontade crescente de entender mais sobre ele.

— Você parece ter pensado bastante sobre isso — ela comentou suavemente.

— Acho que sim — Seo-jun respondeu, sua voz mais baixa agora. — Talvez mais do que deveria.

O silêncio se instalou entre eles novamente, mas não era desconfortável. Pelo contrário, havia uma sensação de entendimento, como se, sem palavras, eles tivessem começado a se conectar de alguma forma.

Enquanto trabalhavam juntos, Ji-eun percebeu que Seo-jun era diferente do que ela imaginava. Ele não era apenas o garoto misterioso que se mantinha distante. Havia uma sensibilidade nele, uma profundidade que a fazia querer saber mais. A maneira como ele falava e pensava mostrava que ele via o mundo de uma forma única, e isso a cativava.

Quando a aula estava prestes a terminar, a professora pediu que os alunos apresentassem suas conclusões. Ji-eun e Seo-jun compartilharam suas reflexões sobre o poema, e, para surpresa de Ji-eun, ele foi o responsável por grande parte da apresentação, falando com calma e clareza sobre suas ideias. Os outros alunos pareceram impressionados, assim como a professora.

— Muito bem, Seo-jun, Ji-eun — disse a Srta. Park, sorrindo. — Vocês fizeram uma excelente análise. Adorei a forma como conectaram o conceito de destino à maneira como reagimos a ele.

Ji-eun sorriu para Seo-jun quando voltaram para seus lugares. Ele apenas assentiu, mas havia uma leveza em seu semblante que ela ainda não tinha visto antes.

Após o sinal tocar, anunciando o fim da aula, Ji-eun se levantou e começou a recolher seus materiais. Ela olhou para Seo-jun, sentindo que aquele breve momento de conexão entre eles não deveria ser o último.

— Seo-jun — ela chamou suavemente, antes que ele saísse da sala. — Se você quiser... podemos estudar juntos para a prova de literatura. Eu realmente gostei da forma como você analisou o poema hoje.

Seo-jun parou e olhou para ela. Por um momento, ela pensou que ele recusaria, como costumava fazer com os outros. No entanto, para sua surpresa, ele assentiu.

— Podemos fazer isso — ele respondeu, em um tom quase despreocupado, mas ainda gentil.

— Ótimo! — Ji-eun sorriu, sentindo uma sensação de satisfação. — Me avise quando for um bom momento.

— Eu aviso — ele disse, antes de sair da sala, deixando Ji-eun sozinha com seus pensamentos.

Enquanto ela terminava de guardar seus livros na mochila, não pôde evitar sentir uma onda de curiosidade e entusiasmo. Havia algo em Seo-jun que a fazia querer conhecê-lo melhor, apesar do mistério que o cercava. Ela sentia que, aos poucos, ele estava permitindo que ela se aproximasse, e isso a deixava ansiosa para descobrir mais.

Naquele momento, Ji-eun não sabia exatamente onde essa conexão levaria, mas sentia que algo importante estava prestes a se desenrolar em sua vida. Seo-jun, com seu jeito reservado e seus pensamentos profundos, era uma incógnita que ela estava determinada a desvendar.

Enquanto caminhava pelos corredores da escola, Ji-eun sentiu uma nova energia no ar. O ano escolar estava apenas começando, mas ela já sabia que algo estava diferente. E, de alguma forma, Seo-jun estava no centro dessa mudança.

Segredos que QueimamOnde histórias criam vida. Descubra agora