Capítulo 7: O Segredo de Ha-neul Começa a Ser Revelado

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Ha-neul sempre foi o tipo de pessoa que evitava os holofotes. Ele preferia manter-se nas sombras, sendo o amigo leal e tranquilo, aquele que todos podiam contar, mas que raramente era o centro das atenções. Para Ji-eun, ele era o apoio constante, o amigo que sempre estava lá para ela, pronto para ouvir e ajudar, sem nunca pedir nada em troca. Porém, o que ninguém sabia, nem mesmo Ji-eun, era que Ha-neul escondia um segredo que o consumia há anos.

Naquela tarde, Ji-eun e Ha-neul estavam sentados no pátio da escola, aproveitando a leve brisa que soprava enquanto discutiam sobre as aulas e os trabalhos que tinham pela frente. A amizade entre eles era fácil, confortável, como um refúgio da pressão do dia a dia. No entanto, nos últimos tempos, Ji-eun notava algo diferente em Ha-neul. Ele estava mais distraído, mais ausente, como se estivesse sempre com a cabeça em outro lugar.

— Está tudo bem, Ha-neul? — Ji-eun perguntou, a preocupação evidente em sua voz.

Ele levantou os olhos, claramente surpreso pela pergunta. Por um momento, ele pareceu considerar a resposta, mas logo soltou um sorriso forçado.

— Claro. Só estou cansado, como todo mundo — ele respondeu, tentando parecer despreocupado.

Ji-eun franziu a testa, não convencida. Ela conhecia Ha-neul o suficiente para saber quando algo estava errado, e agora, mais do que nunca, ela sentia que ele estava escondendo algo.

— Você tem certeza? — ela insistiu, inclinando-se um pouco mais perto. — Se tiver algo incomodando, você sabe que pode falar comigo, certo?

Ha-neul desviou o olhar, e por um segundo, Ji-eun percebeu algo em seus olhos. Era uma expressão que ela raramente via nele, uma mistura de tristeza e frustração, como se ele estivesse carregando um peso que não queria compartilhar. No entanto, antes que ela pudesse pressioná-lo mais, Ha-neul deu um leve sorriso e se levantou.

— Eu sei, Ji-eun. Mas não se preocupe comigo. Estou bem — ele disse, mudando de assunto. — Vamos. A próxima aula vai começar.

Ji-eun o observou se afastar, sentindo que algo estava prestes a mudar. E, embora não soubesse o que era, ela sabia que não poderia forçá-lo a falar. Ha-neul sempre foi reservado, mas agora, sua reserva parecia estar se transformando em uma muralha impenetrável.

Nos dias que se seguiram, Ji-eun continuou a perceber o comportamento estranho de Ha-neul. Ele estava mais distante, desaparecendo em momentos inesperados, e quando ela tentava falar com ele, ele parecia distraído, quase como se estivesse evitando certas conversas. Isso a preocupava, mas ao mesmo tempo, ela sabia que não podia pressioná-lo demais.

Foi então que, numa tarde ensolarada, algo inesperado aconteceu.

Ji-eun estava na biblioteca, estudando sozinha, quando ouviu um som de vozes baixas perto de uma das prateleiras mais afastadas. Ela não teria prestado atenção, mas reconheceu uma das vozes imediatamente — era Ha-neul. Curiosa, e talvez um pouco preocupada, ela se levantou e se aproximou discretamente, ouvindo parte da conversa sem ser vista.

— Eu já disse, não estou interessado em fazer parte disso — Ha-neul sussurrou, sua voz tensa e carregada de frustração.

— Não é uma questão de interesse, Ha-neul — a outra voz respondeu, fria e firme. — Você sabe que não pode simplesmente ignorar o que está acontecendo. Nós precisamos de você.

Ji-eun espiou por entre as prateleiras e viu Ha-neul conversando com um rapaz que ela não conhecia. Ele tinha uma postura rígida e intimidante, e a expressão de Ha-neul estava sombria, algo que ela nunca havia visto nele antes.

— Eu não vou me envolver — Ha-neul insistiu, sua voz mais baixa agora. — Já fiz a minha escolha.

O rapaz deu um passo à frente, sua voz ficando ainda mais ameaçadora.

— Não se esqueça do que está em jogo. Você sabe o que acontecerá se não cumprir com o que foi acordado.

Ha-neul fechou os olhos por um breve momento, como se estivesse lutando contra algo dentro de si. Quando ele finalmente abriu os olhos, Ji-eun percebeu que havia algo profundamente errado.

— Não estou mais envolvido — Ha-neul disse com firmeza, embora sua voz tremesse ligeiramente.

O outro rapaz o olhou por um longo momento antes de dar um sorriso sarcástico.

— Você pode fingir que está fora, mas sabemos a verdade. Vamos ver quanto tempo consegue manter essa fachada.

Com essas palavras, o rapaz se afastou, deixando Ha-neul sozinho na biblioteca, com os ombros tensos e o rosto sombrio. Ji-eun, que estava escondida, sentiu seu coração acelerar. O que acabara de presenciar? O que Ha-neul estava escondendo?

Ela considerou se deveria se aproximar e perguntar o que estava acontecendo, mas algo na postura de Ha-neul a fez hesitar. Ele parecia tão vulnerável e abatido que, por um momento, Ji-eun decidiu recuar. Ela sabia que ele não estava pronto para compartilhar o que quer que fosse aquilo, e confrontá-lo agora poderia afastá-lo ainda mais.

Nos dias seguintes, Ji-eun tentou agir normalmente com Ha-neul, mas o que testemunhara na biblioteca estava sempre em sua mente. Ela não conseguia parar de pensar na tensão entre ele e o outro rapaz, na forma como Ha-neul parecia estar preso em algo de que não conseguia escapar.

Finalmente, numa tarde após a aula, Ji-eun decidiu que precisava falar com ele. Ela o encontrou sozinho no pátio, sentado sob uma árvore, olhando distraidamente para o horizonte.

— Ha-neul — ela começou, sentando-se ao lado dele. — Podemos conversar?

Ele olhou para ela, seus olhos cansados e apagados. Depois de um longo suspiro, ele assentiu.

— Eu sei que tem algo te incomodando — Ji-eun disse suavemente. — E, mesmo que você não queira falar sobre isso, estou aqui para ouvir. Você não precisa carregar isso sozinho.

Ha-neul ficou em silêncio por um momento, olhando para o chão, antes de finalmente responder, sua voz quase inaudível.

— Eu não queria que você soubesse, Ji-eun.

Ela franziu a testa, confusa.

— Saber o quê?

Ele respirou fundo, como se estivesse se preparando para revelar algo que mantivera escondido por muito tempo.

— Há alguns anos, eu me envolvi com as pessoas erradas — ele começou. — Fiz coisas das quais me arrependo profundamente. Na época, eu achava que estava fazendo o certo, que estava ajudando alguém que precisava... mas as coisas saíram do controle.

Ji-eun ficou em silêncio, ouvindo atentamente enquanto ele continuava.

— Eu me distanciei de você, de todo mundo, porque não queria que isso afetasse minha vida agora. Mas essas pessoas... — ele fez uma pausa, passando a mão pelo cabelo, claramente angustiado. — Elas não me deixaram completamente. Elas ainda esperam que eu faça parte disso. E eu não sei como sair dessa.

Ji-eun sentiu um aperto no peito ao ouvir isso. Ela nunca imaginou que Ha-neul estivesse enfrentando algo tão grave. Por mais que ela quisesse entender tudo o que ele estava dizendo, sabia que as palavras dele estavam carregadas de dor e arrependimento.

— Ha-neul... — ela começou, colocando a mão no braço dele. — Você não está sozinho. Sei que parece impossível, mas podemos encontrar uma maneira de resolver isso. Eu estou aqui para te ajudar, não importa o que aconteça.

Ele olhou para ela, e por um momento, Ji-eun viu o velho Ha-neul, aquele amigo leal que sempre esteve ao seu lado. Havia gratidão em seus olhos, mas também uma tristeza profunda, como se ele soubesse que o caminho à frente seria difícil.

— Obrigado, Ji-eun — ele disse suavemente. — Eu... eu realmente não queria que você soubesse disso. Mas agora que sabe, vou tentar sair dessa. Só preciso de um pouco mais de tempo.

Ji-eun assentiu, sentindo uma mistura de preocupação e alívio. Ela sabia que a jornada de Ha-neul para se libertar desse segredo não seria fácil, mas estava determinada a ficar ao lado dele, ajudando-o a superar os desafios que viriam.

Enquanto o sol começava a se pôr no horizonte, Ji-eun e Ha-neul permaneceram sentados em silêncio sob a árvore, o peso do segredo finalmente revelado entre eles. E embora o futuro fosse incerto, Ji-eun sentia que, de alguma forma, eles encontrariam uma maneira de superar aquilo juntos.

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