Prólogo

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Dedico essa história, a todos que já tiveram a sua voz silenciada em algum momento na vida.

Saibam que não importa quem queira calá-los, suas vozes jamais serão silenciadas.


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TRÊS ANOS ATRÁS....


Sentada em frente a janela do meu quarto que possuía um assento de madeira coberto por almofadas, contemplei o amanhecer entre as montanhas irmãs que tinha como vista dos meus aposentos.

Os sacerdotes diziam que as montanhas irmãs estavam no reino do Leste desde a sua criação. Eram o lar das nossas divindades e divisas naturais entre o nosso reino e o temido reino do Norte, considerados verdadeiros bárbaros e autores de inúmeros massacres, com a simples finalidade de ampliar seu território.

Era com certa preocupação que olhava para aquelas montanhas todas as manhãs, à espera de algum sinal de que os bárbaros do norte estivessem planejando invadir meu reino. Enquanto combatia nas sombras outra ameaça dentro do meu próprio lar, o general do meu próprio exército, que havia assumido as funções governamentais da coroa depois que meus pais foram mortos na última invasão do reino do Norte, me deixando órfã aos três anos de idade e com um país para comandar.

Como era menor de idade na época, fui apenas coroada como a rainha do reino do Leste, mas quem comandava o reino era o General do Leste algo que não mudou até hoje mesmo com dezoito anos, idade na qual muitas mulheres já estavam casadas a anos e com vários filhos, mas comigo seria diferente.

O general do Leste sempre dizia que meu casamento, era uma decisão que deveria ser muito bem pensada com alguém que pudesse nos proporcionar vantagens, não só financeiras como militares, já que vivíamos com a ameaça velada de uma nova invasão do reino do Norte.

Uma batida me tirou dos meus pensamentos, me fazendo respirar fundo voltando para o presente e autorizando a entrada, de quem estava a minha porta tão cedo.

- Bom dia, vossa majestade real, é uma surpresa vê-la acordada tão cedo. - Agnes disse amável me cumprimentando, após a sua reverência e desviei meus olhos da janela para olhar minha dama de companhia a minha frente.

Agnes estava comigo desde que nasci, já que ela era dama de companhia da minha mãe, mesmo após sua morte e tendo a escolha de deixar de servir a família real, ela decidiu continuar seu trabalho só que dessa vez sendo a minha dama de companhia, desde que fui coroada tão nova a governante do Leste.

Sempre a vi como uma segunda mãe, ou pelo menos era a minha ideia de como uma mãe de verdade deveria ser, já que me lembrava muito do pouco da minha mãe biológica. Na maioria das vezes eram lembranças incompletas, grande parte delas eram do dia em que o reino do Norte invadiu o castelo.

Conseguia me lembrar dos gritos, dos sons dos duelos e dos nossos passos apressados pelo piso do castelo, enquanto minha mãe corria comigo no colo ao lado de Agnes tentando em vão chegar a uma das passagens secretas que nos levariam para longe daquele massacre, um desejo que infelizmente elas não conseguiram realizar.

Só estava viva hoje, porque minha mãe enfrentou os dois guardas que nos seguiram pelas passagens secretas enquanto Agnes me carregava no colo evitando que visse a morte da então rainha do Leste. Mesmo derrotado seus oponentes, minha mãe havia sido ferida mortalmente durante o duelo, em seus últimos momentos de vida ela implorou a sua dama de companhia que me protegesse e ficasse ao meu lado assim como havia feito consigo.

Imperatriz do LesteOnde histórias criam vida. Descubra agora