Segundo capítulo

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- O que pensava que estava fazendo, majestade? - O General questionou furioso em pé na minha frente e me levantei da cadeira que estava sentada, sem desviar dos seus olhos deixando claro que não tinha medo dele.

- Não estou entendendo ao que se refere, General. - disse me fazendo de desentendida e ele sorriu surpreso com a minha resposta.

- Já que vossa majestade não lembra, irei refrescar sua memória...Desde quando, tem autoridade para falar sobre assuntos que não lhe dizem respeito? Pelo que me lembre desde que foi coroada, deixei muito claro que não a autorizava que se metesse nos assuntos do reino. Esse papel é meu, o seu se resume a aprender tudo que existir no mundo para satisfazer seu marido, porque não iriei admitir que o rei do Sul a devolva por não ter feito bem o único papel que nasceu para desempenhar. - disse furioso e sorri sem humor, como se o General tivesse acabado de contar a piada mais engraçada do mundo, antes de me aproximar do seu rosto deixando um pequeno espaço entre nós.

- E qual seria, o único papel que nasci para desempenhar?! O de esposa obediente, que apenas balança a cabeça e enche seus dias pensado no que pode fazer para agradar seu marido?! Ou de mãe zelosa, que devota sua vida a criação dos filhos?! Desculpe decepcioná-lo General do Leste, mas não nasci exclusivamente para isso...Nasci para ser uma rainha, a líder do meu povo e senhora da minha casa, não será um casamento arranjado ou um generalzinho com sede de poder que tirará o que é meu por direito. - destaquei séria sem desviar dos seus olhos e ele balançou a cabeça, sorrindo de maneira perversa para mim.

- Fico agradecido que os joguinhos de boa convivência tenham oficialmente acabado, rainha Virgínia. Só espero que esteja preparada para arcar com as consequências de entrar no jogo dos adultos, não terei misericórdia de você, farei tudo o que for necessário para conseguir o que sempre desejei... Depois não venha se ajoelhar na minha frente pedindo clemencia, porque isso é algo que jamais terei, a esmagarei como um inseto nojento. Farei questão de apagar o seu nome da história do meu reino, ninguém jamais saberá que existiu uma rainha chefe de estado, lhe asseguro isso. - O General do Leste disse com a voz sombria, se afastando com um sorriso suave nos lábios me dando as costas, enquanto descia os quatro degraus do piso mais elevado da sala onde nossas cadeiras estavam, mas antes que pudesse se afastar de vez ele virou para me ver como se tivesse esquecido de falar algo.

- E lembre-se majestade, o castelo é um lugar muito perigoso para alguém sem aliados...Acidentes e atentados, podem acontecer a qualquer momento, assim como traições inesperadas...A sua obediência em não me desafiar, a manteve a salvo todos esses anos, se quiser conhecer os prazeres da vida de uma mulher casada aconselho que pare de querer governar e continue a agir como se nada tivesse acontecido ou o rei do Sul ficará viúvo antes mesmo de desposá-la. - alertou suave como se estivesse me elogiando, voltando a caminhar em direção a saída enquanto permanecia congelada no lugar em que estava diante de sua ameaça.

Assim que me vi plenamente sozinha na câmara do Lordes, senti minhas pernas fraquejarem e me segurei no braço da cadeira em que estava sentada anteriormente, evitado que caísse devido ao choque de ser ameaçada tão abertamente daquela forma. Sempre convive com as ameaças veladas do General do Leste desde criança, mas só fui entender o teor delas muitos anos depois após minha dama de companhia me explicar o porquê do ódio gratuito dele por mim.

Segundo Agnes, o General desejava minha coroa a todo custo, para ele uma mulher jamais deveria comandar um reino, mesmo tentando convencer toda a câmara a apoiar sua ideia de não me nomear como herdeira do trono meu falecido pai fez questão de defender o meu direito como sua sucessora, me nomeando como princesa herdeira dias antes do castelo ser invadido pelo reino do Norte.

A única coisa que não conseguia entender, era porque o General do Leste me tratava como se tivesse roubado algo dele?! Não só eu, mas o meu falecido pai também, o que não era normal diante de tudo que estudei ou conversei com outros monarcas que visitavam meu reino, tentando em vão me cortejar, mesmo sabendo do meu noivado arranjado com o herdeiro da casa do Sul. Um comportamento estranho do qual não tinha resposta, nem sabia se algum dia teria, mas não podia desistir agora que havia declarado guerra abertamente contra o meu maior inimigo.

Imperatriz do LesteOnde histórias criam vida. Descubra agora