Kate
Aquela manhã parecia ser o ponto de ruptura. Eu não tinha dormido quase nada, a ansiedade me mantinha acordada, pensando em tudo que tinha acontecido e no que estava por vir. O aviso de despejo, as contas acumuladas, e a única solução viável que me rondava a cabeça: o emprego com Fred. Sabia que não tinha escolha, precisava daquele emprego, e decidi que iria ligar para ele no dia seguinte. Porém, entre arrumar minhas malas e lidar com a confusão emocional, acabei pegando no sono.
Por volta das 10h30 da manhã, fui despertada por batidas insistentes na porta. Meu coração acelerou. Eu sabia quem era. Quando abri, lá estava o síndico, com uma expressão nada amigável.
— Bom dia, senhorita. — Ele começou, olhando por cima de meus ombros para o caos dentro do apartamento. — Sinto muito, mas você tem três horas para desocupar o apartamento.
Meu estômago afundou. Três horas? Não havia tempo suficiente para organizar tudo, nem para pensar com clareza.
— Três horas? — minha voz saiu embargada. — Mas... eu preciso de mais tempo. Eu não tenho para onde ir ainda.
O síndico apenas balançou a cabeça, inflexível.
— Sinto muito, mas o prazo já foi estendido várias vezes. Já fizemos o possível, mas preciso que você desocupe o apartamento hoje.
Fechei os olhos por um momento, tentando respirar fundo, mas o desespero estava se infiltrando em cada célula do meu corpo. Ele me deu um último olhar de compaixão e saiu, me deixando sozinha com a pilha de problemas e o tempo correndo contra mim.
Voltei para dentro, olhando ao redor. A pequena sala estava cheia de caixas inacabadas e malas abertas. Eu não sabia por onde começar. Sentei no chão por um momento, lutando contra as lágrimas, até que uma ideia reluziu na minha mente: Fred. Talvez essa fosse a oportunidade que eu precisava. Ele já tinha oferecido o emprego. Talvez ele não se importasse se eu ligasse mais cedo do que o esperado.
Peguei o celular com as mãos trêmulas e comecei a discar o número que Marina, a mãe de Fred, havia me dado no hospital.
Depois de alguns toques, a voz de Fred atendeu do outro lado da linha, soando um pouco surpresa.
— Alô?
— Fred? — Minha voz saiu baixa, quase envergonhada. — Aqui é a Kate... Do hospital. Eu... eu sei que você me ofereceu o emprego de babá, e eu pensei muito sobre isso... — Parei por um momento, tentando manter a calma. — Eu realmente preciso desse trabalho, e... para ser honesta, também de um lugar para ficar. As coisas estão complicadas aqui.
Houve uma pausa do outro lado da linha. Eu quase podia imaginar Fred processando o que eu havia dito.
— Kate, claro. — Ele finalmente respondeu, sua voz cheia de compreensão. — Não se preocupe. Pode vir o quanto antes. Vou resolver tudo para que você fique confortável.
Alívio imediato me preencheu. Aquela tensão que havia se acumulado nos últimos dias pareceu se dissipar um pouco.
— Muito obrigada, Fred. Você não tem ideia do quanto isso significa para mim.
— Imagina, Kate. Você nos ajudou quando mais precisávamos. Agora é a nossa vez. Vou mandar alguém para te buscar, ok?
— Certo, obrigada de novo.
Desliguei o telefone, sentindo um peso enorme sair de meus ombros. Havia, pelo menos, uma saída. Mas ainda havia muito a fazer. Comecei a empacotar as coisas mais importantes, sabendo que o tempo era curto.
Duas horas se passaram rapidamente, e quando eu estava quase terminando de arrumar tudo o que podia, ouvi o som de uma buzina do lado de fora. Olhei pela janela e vi um carro preto estacionado na frente do prédio. Um motorista saiu do veículo, olhando em volta, provavelmente à minha procura.
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Uma mãe perfeita para minha filha
RomanceFred, um jovem empresário brilhante e pai solteiro, dedicou sua vida ao sucesso profissional e ao bem-estar de sua filha, Zoe, uma menina travessa de cinco anos. Apesar de sua carreira ascendente, ele ainda busca a figura materna ideal para Zoe, mas...