LAWLESS NIGHT

Beggin

 

As minhas mãos deslizavam lentamente pela superfície fria e suave da máscara que usaria na Festa. Os dedos tocavam delicadamente as pedrarias cintilantes incrustadas no material branco, cada pequeno detalhe refletindo a luz suave que invadia o quarto. Havia algo quase ritualístico naquele ato. Toda a preparação para a Lawless Night era feita com precisão, como se cada elemento tivesse o poder de definir o que aconteceria durante a festa. A máscara, brilhante e reluzente, era mais do que apenas um acessório. Ela seria o meu escudo, a minha proteção — e, de certa forma, a minha libertação.

O contraste com meus longos cabelos loiros soltos fazia com que a máscara branca ganhasse ainda mais destaque. Meus olhos,de um azul intenso observando cada detalhe no espelho à minha frente, pareciam mais sombrios sob a luz tênue do ambiente. A expectativa me envolvia por completo, me fazendo sentir o coração acelerar a cada batida. A Lawless Night estava finalmente se aproximando, e com ela, o caos controlado que todo mundo esperava. No final de novembro, quando o ar começava a ficar gélido e as noites mais longas, nos preparávamos para a noite em que todas as regras eram quebradas.

Adolescentes mascarados. Bebidas que nunca paravam de fluir. Drogas circulando livremente. Garotos perigosos e irresistíveis. Era a noite em que o controle escapava pelas nossas mãos, e o anonimato das máscaras nos permitia ser tudo aquilo que não ousávamos ser à luz do dia.

— Giselle, o que acha dessa? — A voz de Nora me trouxe de volta ao momento, interrompendo o fluxo de pensamentos. Ela se aproximava com uma máscara nas mãos. Vermelha, adornada com rendas negras delicadamente costuradas e pequenas pedras brilhantes, a peça era deslumbrante. Ela a ergueu diante do rosto, como se testasse a transformação que aquilo traria.

Nora sempre teve um ar de mistério e charme que faz com que qualquer coisa pareça cair perfeitamente bem nela. Eu soltei um sorriso suave, olhando para o reflexo dela no espelho.

— Tudo cai bem em você, Nora — comentei, com um leve sorriso. A máscara fazia seu olhar parecer ainda mais profundo e enigmático.

Ela sorriu de volta, mas eu sabia que, por trás daquele sorriso, havia mais. Nora era uma daquelas garotas que jogavam com a sedução como se fosse uma arte, mas naquele momento, até mesmo ela parecia ser tomada por uma ansiedade disfarçada. Algo na Lawless Night desse ano a deixava especialmente inquieta. Não era apenas a expectativa de liberdade e excessos, havia um desejo, uma fome insaciável que brilhava em seus olhos. E eu sabia o porquê.

Faltavam duas semanas até o evento. Duas longas semanas de preparativos intermináveis, onde cada detalhe precisava ser perfeito. Nate, o irmão mais velho de Nora, estava encarregado de organizar a festa. Ele sempre teve uma habilidade especial para esse tipo de coisa — cuidar dos detalhes sombrios, das seguranças invisíveis, dos segredos que ficavam no subsolo, escondidos de olhos curiosos. E, claro, garantir que a única regra fosse respeitada: todos mascarados. A máscara era o símbolo da nossa liberdade e da nossa perdição. Ninguém sabia quem estava por trás de cada disfarce, exceto por Nora e eu, que conhecíamos as máscaras uma da outra. O resto? Um completo mistério. Cada passo naquela noite seria um jogo de adivinhação, de segredos compartilhados e escondidos.

— Espero que ele esteja na festa este ano... — Nora comentou com um sorriso tentador, mordeu o lábio, seus olhos fixos no reflexo da máscara vermelha que segurava.

Não precisei perguntar para saber de quem ela estava falando. Eu podia sentir o nome pairando no ar, mesmo antes de pronunciá-lo.

— Seth? — perguntei, erguendo uma sobrancelha, o tom da minha voz propositalmente provocador. — Aposto que ele não vai perder. Você sabe como ele é com festas. Mas... — pausei, brincando com a barra do vestido que eu estava prestes a experimentar. — Não se iluda só porque ele é o melhor amigo do seu irmão. Seth é um mulherengo, Nora. Ele não fica com ninguém por mais de uma noite. Você sabe disso.