Capítulo 33

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5365 palavras

"É estranho como, em um instante, algo tão vital simplesmente se apaga, deixando um vazio frio e insuportavelmente eterno."

O refeitório estava cheio, mas a mesa onde estávamos parecia isolada de todo o resto. O cheiro da comida se misturava com a tensão no ar, criando um ambiente pesado e opressor. Sentada ao lado de Levi, eu mal conseguia pensar em comer. A presença de Zeke, com seu sorriso enigmático e olhar penetrante, fazia com que cada mordida ficasse presa na garganta. Ele estava sentado mais à frente, conversando casualmente com Erwin, mas eu sabia que seu foco, na verdade, estava em mim. Sempre estava.

Levi, ao meu lado, estava estranhamente silencioso. Ele observava tudo com seus olhos atentos e frios, mas, de tempos em tempos, eu sentia o olhar dele sobre mim. Quando finalmente falou, sua voz veio baixa, mas firme.

— O que foi aquilo com a arma? — ele perguntou, sem rodeios, sem me encarar diretamente. Sua mão cortava um pedaço de carne, mas sua atenção estava em mim.

Eu sabia que ele não iria deixar isso passar. Soltei um suspiro leve e respondi casualmente, sem levantar os olhos do prato.

— Apenas testando a mira. Nada demais. — Dei de ombros, pegando um pedaço de pão, tentando parecer indiferente. Mas eu sabia que isso não ia colar com ele.

— Não acredito em você. — A resposta de Levi veio rápida, fria. Ele finalmente me olhou, e senti o peso daquele olhar. Ele estava irritado, mas não estava disposto a demonstrar isso abertamente. Pelo menos, não ainda.

Lentamente, ergui meus olhos para ele, um sorriso suave e cheio de segundas intenções se formando nos meus lábios. Um sorriso que não combinava com a tensão que pairava sobre nós. Eu sabia como Levi funcionava, sabia onde cutucar para obter uma reação. E eu queria uma reação dele. O que fiz a seguir foi quase automático, como se meu corpo já soubesse o que fazer antes mesmo de pensar.

Por baixo da mesa, minha mão deslizou até a coxa dele, próxima à virilha, e apertei com força, o suficiente para provocar. Um gesto discreto, mas que eu sabia que ele notaria — e como notaria. Levi endureceu imediatamente, seu corpo inteiro travando, e eu senti quando ele engoliu em seco, sua mandíbula se apertando.

Ele não fez nada por um momento, apenas me olhou com uma mistura de frustração e surpresa, franzindo o cenho. Aquela faísca de raiva, misturada com o desejo que ele tentava suprimir, me dava um tipo de satisfação que eu mal podia explicar.

— Amelie... — ele murmurou, sua voz baixa e carregada de aviso. Mas não o suficiente para me intimidar.

Levi levou um tempo para reagir, sua mão indo devagar até a minha, pegando-a com firmeza. Seu toque era controlado, mas havia algo mais por trás, algo que ele não queria mostrar. Ele segurou minha mão ali por um instante, como se estivesse considerando o que fazer, antes de finalmente afastá-la de sua coxa com um movimento firme, mas sem soltar completamente.

Havia uma tensão palpável entre nós, e por um breve momento, tudo ao nosso redor desapareceu. O refeitório lotado, as conversas ao fundo, até a presença desconfortável de Zeke na mesa à frente, tudo se dissipou. Era apenas eu e Levi, e aquele toque cheio de subtexto.

— Isso não vai funcionar comigo — ele sussurrou, os olhos estreitos, me encarando como se estivesse tentando me decifrar.

Eu apenas sorri de canto, provocativa, como se soubesse exatamente o efeito que tinha sobre ele — e sabia.

— Nunca diga nunca, Levi. — Minha voz saiu baixa, quase um sussurro, enquanto retirava minha mão com lentidão. Ele não desviou o olhar, mas algo em sua postura sugeria que estava mais abalado do que queria admitir.

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