Capítulo 12

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2772 palavras

"A neve caía suavemente, cobrindo o mundo com um manto branco que transformava a desolação em uma visão etérea, uma pintura imaculada em meio ao caos."

A cidade fora dos muros estava distante, a cerca de seis horas de viagem do distrito de Sina. Era uma cidade de tamanho médio, com prédios abandonados e carros antigos, todos engolidos pela vegetação que lentamente dominava as ruas. O cheiro da morte impregnava o ar. Embora não houvesse corpos em decomposição, aquele odor inconfundível pairava no ambiente, o mesmo que senti na casa velha quando meu pai morreu. A decadência estava em toda parte.

Nossa equipe de expedição estava dividida em duplas: eu e Armin, Sasha e Connie, Eren e Mikasa, Nifa e Miche Zacharius. Avançávamos cautelosamente pela cidade fantasma. Encontramos medicamentos vencidos em uma farmácia, mas ainda utilizáveis, além de munições, armas, comidas enlatadas e baterias de carros abandonados. A chuva caía incessantemente, e o frio cortava nossa pele. Usávamos máscaras respiratórias e casacos desgastados, enquanto os fones de ouvido para comunicação permaneciam guardados, inutilizados pela chuva constante.

— É estranho pensar que esse lugar já foi cheio de vida, não é? — comentou Armin, a voz carregada de uma melancolia que combinava com o ambiente sombrio ao nosso redor.

— Sim — respondi, mantendo o tom baixo, quase como se falar alto pudesse despertar algo na cidade morta.

— Sabe, sobre o que aconteceu com Jean...

— Eu prefiro não falar sobre isso, Armin — o interrompi, a irritação surgindo em minha voz. Esse assunto já estava me cansando, como um peso constante sobre meus ombros.

— Eu só ia dizer que entendo o seu lado. Existe um protocolo, você como capitã deve segui-lo.

Olhei para Armin enquanto continuávamos a caminhar, mais afastados dos outros. Havia algo na gentileza dele que tornava impossível ser completamente fria.

— Obrigada, Armin — suspirei. Ele era gentil demais, sempre tentando compreender, mesmo quando não havia nada a ser entendido.

— Os outros vão entender também, só precisam de tempo.

Assenti, mas por dentro duvidava. As coisas mudaram muito, e a desconfiança pairava sobre todos nós como uma sombra.

O silêncio reinava enquanto caminhávamos pela cidade deserta, a única trilha sonora sendo nossos passos pesados nas poças que se formavam devido à chuva incessante, respirações ofegantes e dentes batendo de frio. O ar estava denso, quase sufocante, e o cheiro de umidade misturado ao de decadência impregnava nossas narinas.

Estava quase anoitecendo quando nos dirigimos a um pequeno e velho shopping em busca de abrigo. O interior era escuro e mofado, o cheiro forte e desagradável, como se o tempo tivesse parado ali, preservando o desespero dos que um dia passaram por aquele lugar.

— Vamos nos acomodar na loja de móveis — sugeriu Mikasa, sua voz firme como sempre. — Tem alguns colchões lá.

Enquanto os outros se acomodavam, decidi me afastar e explorar a praça de alimentação. A tensão no ar estava me sufocando, e eu precisava de um momento sozinha para clarear a mente.

— Amelie, aonde você vai? — perguntou Nifa, com preocupação evidente na voz.

— Só vou dar uma olhada na praça de alimentação. Não demoro — respondi, tentando soar casual.

Ao chegar na praça de alimentação, a sensação de isolamento era quase palpável. O silêncio era esmagador, e cada pequeno ruído parecia amplificado. Foi então que ouvi um som vindo do banheiro próximo, algo que fez meu coração acelerar e minha mão suar de nervosismo. O pressentimento ruim se apossou de mim como uma sombra que não podia ser ignorada.

Labirinto de Ruínas e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora