2772 palavras
"A neve caía suavemente, cobrindo o mundo com um manto branco que transformava a desolação em uma visão etérea, uma pintura imaculada em meio ao caos."
A cidade fora dos muros estava distante, a cerca de seis horas de viagem do distrito de Sina. Era uma cidade de tamanho médio, com prédios abandonados e carros antigos, todos engolidos pela vegetação que lentamente dominava as ruas. O cheiro da morte impregnava o ar. Embora não houvesse corpos em decomposição, aquele odor inconfundível pairava no ambiente, o mesmo que senti na casa velha quando meu pai morreu. A decadência estava em toda parte.
Nossa equipe de expedição estava dividida em duplas: eu e Armin, Sasha e Connie, Eren e Mikasa, Nifa e Miche Zacharius. Avançávamos cautelosamente pela cidade fantasma. Encontramos medicamentos vencidos em uma farmácia, mas ainda utilizáveis, além de munições, armas, comidas enlatadas e baterias de carros abandonados. A chuva caía incessantemente, e o frio cortava nossa pele. Usávamos máscaras respiratórias e casacos desgastados, enquanto os fones de ouvido para comunicação permaneciam guardados, inutilizados pela chuva constante.
— É estranho pensar que esse lugar já foi cheio de vida, não é? — comentou Armin, a voz carregada de uma melancolia que combinava com o ambiente sombrio ao nosso redor.
— Sim — respondi, mantendo o tom baixo, quase como se falar alto pudesse despertar algo na cidade morta.
— Sabe, sobre o que aconteceu com Jean...
— Eu prefiro não falar sobre isso, Armin — o interrompi, a irritação surgindo em minha voz. Esse assunto já estava me cansando, como um peso constante sobre meus ombros.
— Eu só ia dizer que entendo o seu lado. Existe um protocolo, você como capitã deve segui-lo.
Olhei para Armin enquanto continuávamos a caminhar, mais afastados dos outros. Havia algo na gentileza dele que tornava impossível ser completamente fria.
— Obrigada, Armin — suspirei. Ele era gentil demais, sempre tentando compreender, mesmo quando não havia nada a ser entendido.
— Os outros vão entender também, só precisam de tempo.
Assenti, mas por dentro duvidava. As coisas mudaram muito, e a desconfiança pairava sobre todos nós como uma sombra.
O silêncio reinava enquanto caminhávamos pela cidade deserta, a única trilha sonora sendo nossos passos pesados nas poças que se formavam devido à chuva incessante, respirações ofegantes e dentes batendo de frio. O ar estava denso, quase sufocante, e o cheiro de umidade misturado ao de decadência impregnava nossas narinas.
Estava quase anoitecendo quando nos dirigimos a um pequeno e velho shopping em busca de abrigo. O interior era escuro e mofado, o cheiro forte e desagradável, como se o tempo tivesse parado ali, preservando o desespero dos que um dia passaram por aquele lugar.
— Vamos nos acomodar na loja de móveis — sugeriu Mikasa, sua voz firme como sempre. — Tem alguns colchões lá.
Enquanto os outros se acomodavam, decidi me afastar e explorar a praça de alimentação. A tensão no ar estava me sufocando, e eu precisava de um momento sozinha para clarear a mente.
— Amelie, aonde você vai? — perguntou Nifa, com preocupação evidente na voz.
— Só vou dar uma olhada na praça de alimentação. Não demoro — respondi, tentando soar casual.
Ao chegar na praça de alimentação, a sensação de isolamento era quase palpável. O silêncio era esmagador, e cada pequeno ruído parecia amplificado. Foi então que ouvi um som vindo do banheiro próximo, algo que fez meu coração acelerar e minha mão suar de nervosismo. O pressentimento ruim se apossou de mim como uma sombra que não podia ser ignorada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Labirinto de Ruínas e Sangue
Terror🥇 Primeiro lugar na categoria Terror/Mistério, Concurso Alice in Borderland, 3ª Edição. 🥉 Terceiro lugar na categoria Fanfic do Concurso Alice in Borderland, 3ª Edição. No coração de um mundo despedaçado, onde a esperança vacila como uma chama trê...