Capítulo 20

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2504 palavras

"Eu sei que cada toque dele é veneno, mas, mesmo assim, eu imploro por mais, me perdendo na incerteza de querer alguém que só me despedaça."

Já era noite, e meu quarto estava envolto em uma escuridão densa; nem a lua se atrevia a brilhar, e o silêncio era interrompido apenas pelo som distante da chuva batendo contra a janela. O frio penetrava cada canto do ambiente, tornando o espaço ainda mais opressivo. Afundei-me na cama, dominada pela ansiedade. Pensamentos intrusivos sobre os piores cenários possíveis para a missão de amanhã me consumiam, roubando qualquer vestígio de apetite. Tantos acontecimentos inexplicáveis em tão pouco tempo tornavam impossível saber como agir. Fechei os olhos, temendo o dia que se aproximava, mas antes que eu pudesse me perder completamente em devaneios desastrosos, batidas fortes na porta me arrancaram do torpor. Sentei-me bruscamente na cama; o som era alto e impaciente, exigindo que eu saísse do conforto dos lençóis. Acendi a luz e abri a porta com cautela.

— Você veio abrir a porta se arrastando no chão? — Levi perguntou, com seu sarcasmo inconfundível, seus olhos cinzentos fixos nos meus.

Fiquei surpresa ao vê-lo ali. O comandante Levi, com sua expressão neutra e seu olhar penetrante, segurava uma bandeja de comida: uma tigela de sopa, um pão ao lado e um copo de água. Eu não sabia o que dizer, me sentindo absurdamente desajeitada sob seu olhar crítico.

— Não vai me convidar para entrar? — ele perguntou, enquanto eu dava espaço para que ele passasse. Ele colocou a bandeja na mesa e olhou para a janela, como se buscasse algo além dela.

— Estava dormindo? — ele perguntou, seu tom indiferente escondendo uma curiosidade contida.

— Não — respondi secamente, cruzando os braços. A porta ainda estava aberta, esperando que Levi se retirasse. Ele me lançou um olhar fixo, quase desafiador.

— Feche a porta, Amelie — ordenou com uma suavidade surpreendente, quase como uma ordem disfarçada de preocupação.

Fechei a porta e a tranquei, permanecendo imóvel, aguardando uma explicação para aquela visita inesperada. Levi então quebrou o silêncio:

— Pedi para Hange te chamar para jantar, mas ela disse que o quarto estava escuro e pensou que você estivesse dormindo.

— Não estou com fome — rebati, irritada. Eu estava de pé, indecisa sobre o que fazer. Queria mandá-lo embora, mas ele havia trazido minha comida. A contradição me deixava ainda mais confusa.

— Você precisa comer.

— Já disse que não estou com fome. Se é só isso, pode ir embora — insisti, deixando a irritação transparecer. Levi me confundia com suas ações contraditórias, sua presença era tanto uma irritação quanto uma curiosidade.

— Não vou sair até que você coma — ele afirmou, cruzando os braços e se recostando na mesa com um olhar desafiador. Revirei os olhos, mas o tom de sua voz era inabalável.

— Saia do meu quarto, comandante.

Ele estalou a língua, visivelmente irritado com minha teimosia, seus olhos cinzentos escurecendo um pouco.

— Vou ter que te alimentar? Não acha ridículo o comandante trazer o jantar? Por que está agindo como uma criança mimada?

A sensação de ânsia ao pensar em comida continuava a me incomodar. Não me sentia bem, provavelmente pelo cansaço acumulado. Antes que eu percebesse, Levi já estava próximo, sua mão firme segurando meu braço enquanto me guiava até a cadeira, forçando-me a sentar com um toque que era mais autoritário do que gentil.

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