Capítulo 36

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3773 palavras

"Em cada gota de sangue derramada, encontrei a verdade cruel de que a dor é tanto um artefato da vida quanto um eco do nosso desejo por controle."

Andava pelos corredores vazios do quartel, sentindo o frio cortante atravessar as paredes de concreto como lâminas finas. O único som que ecoava era o dos meus próprios passos, abafados, ritmados, enquanto eu caminhava com cautela. Não queria ser vista, nem ouvida. Algo mais profundo do que a razão me guiava, um instinto sombrio e pulsante. Passei por mais uma curva, conferi as sombras nas extremidades dos corredores, e não havia ninguém.

Cheguei à porta. Minhas mãos, sem hesitar, deslizaram sobre a maçaneta fria. Abri-a devagar, rangendo levemente, apenas o suficiente para garantir que o cômodo estava vazio. Uma última olhada para trás, certificando-me de que estava só, e entrei, fechando a porta com um clique suave. O silêncio na sala era denso. Um único passo e o som da cortina se movendo já denunciava minha presença.

— Olá, Faye. — Minha voz saiu suave, quase uma melodia distorcida. Ela me olhou de relance, desconfiada, mas não respondeu.

Caminhei com calma, deixando cada passo falar mais do que eu queria dizer. Ela não precisava de muitas palavras.

— Sabe, é falta de educação não responder. — O sarcasmo escorregou de meus lábios com um sorriso, enquanto eu puxava a adaga do meu coturno, girando-a levemente entre os dedos.

Faye começou a rir. Uma risada que parecia deslocada, como se aquilo fosse uma piada hilária.

— Veio aqui me ameaçar? — ela zombou, com um brilho debochado nos olhos. — Você é tão burra...

A gargalhada dela ecoou pela sala, mas minha expressão permaneceu fria. Sem responder, tirei o lenço vermelho do bolso, observando-o por um breve segundo. Era quase poético.

Antes que ela percebesse, avancei, agarrando seu rosto com firmeza. Forcei sua boca a se abrir, e, sem hesitação, empurrei o lenço para dentro de sua garganta. Ela se contorceu, mas era inútil. Coloquei o esparadrapo sobre a boca dela, abafando qualquer som.

— Vamos fazer uma aposta, Faye? — sussurrei, inclinando-me perto do seu ouvido, sentindo a tensão no corpo dela. Levantei-me devagar, ficando cara a cara com seu olhar agora apavorado. — Quem vai morrer primeiro? Você... ou eu?

A dúvida e o medo começaram a transparecer em seus olhos, a bravata desaparecendo como fumaça. Tentou dizer algo, mas era patético. Movimentava a boca em vão.

— Estou curiosa para ver qual é o seu limite de resistência à dor. — Inclinei a cabeça de lado, observando cada detalhe da sua expressão. Ela arregalou os olhos, finalmente percebendo que a piada estava prestes a virar um pesadelo.

O som da respiração ofegante dela, abafada pelo lenço, soava como música aos meus ouvidos. Eu me demorei ali, saboreando o momento.

Seus olhos, antes carregados de ódio, começaram a vacilar. As palavras que tentava dizer ficaram presas, a voz abafada pelo esparadrapo. Eu podia sentir seu desespero crescendo, a pele tremendo sob minha mão.

— Você me subestima — falei em tom suave, quase doce, enquanto pressionava a ponta da adaga contra sua pele, traçando um caminho lento e intencional em seu braço. O sangue brotou em pequenas gotas, escorrendo por sua pele pálida. Ela não gritou, mas me olhou como se estivesse desafiando a própria dor.

Sorri.

— Ah, Faye... isso vai ser divertido. — Minhas palavras eram como veneno escorrendo pela lâmina da adaga.

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⏰ Última atualização: a day ago ⏰

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