2605 palavras
"Às vezes, o maior castigo não vem das ações dos outros, mas do silêncio que revela o quão insignificante nosso sofrimento pode parecer para aqueles que causam nossa dor."
Jean caminhava ao meu lado pelos corredores escuros do quartel. Nossos passos eram lentos, quase como se ambos estivéssemos relutando em chegar ao destino, querendo prolongar a noite indefinidamente. O ar estava frio e denso, carregado com o cheiro metálico das armas e o suor impregnado nas paredes, lembranças mudas das batalhas travadas ali. O silêncio entre nós era palpável, como se as palavras que não dizíamos estivessem à beira de romper, mas nenhum de nós se atrevia a quebrá-lo.
Quando senti o peso do olhar de Jean sobre mim, parei e me virei para encará-lo. Ele também parou, e nossos olhares se encontraram, os olhos castanhos dele refletindo uma tempestade de emoções – ansiedade, desejo, e talvez um pouco de medo.
— Meu quarto já fica no próximo corredor... Boa noite — minha voz saiu baixa, quase como um sussurro, enquanto tentava dissipar a tensão crescente entre nós.
Jean não respondeu, mas quando dei um passo para continuar, senti sua mão quente e firme agarrar meu braço. Ele me puxou contra seu peito com um movimento tão brusco e inesperado que quase perdi o equilíbrio. O choque foi como um raio, fazendo meu coração bater descontroladamente, enquanto uma mistura de medo e uma excitação proibida percorria meu corpo.
— Jean... — tentei protestar, mas ele interrompeu meus pensamentos ao sussurrar meu nome. Sua voz era suave, quase reverente, como se estivesse pronunciando uma prece.
— Amelie... — seus dedos roçaram meu rosto enquanto afastava uma mecha de cabelo. O toque era ao mesmo tempo terno e urgente, deixando um rastro de calor que contrastava com o frio do corredor.
Ele soltou meu braço apenas para envolver minha cintura, seus dedos pressionando minha pele com intensidade, sentida mesmo através do tecido fino do meu vestido. O calor de seu corpo irradiava, e um suspiro escapou dos meus lábios antes que eu pudesse conter. Jean sempre fora atraente, mas não era ele quem eu desejava. Esses olhos castanhos, cheios de necessidade, não eram os olhos cinzentos que invadiam meus sonhos. Não eram os olhos de Levi, com aquela frieza cruel e algo mais que eu nunca consegui entender.
— Jean, nós... — tentei falar, mas minha voz falhou, sufocada pela tensão entre nós. Ele, por sua vez, parecia lutar com seus próprios demônios, sua voz saindo baixa e carregada de dúvidas.
— Não podemos, Amelie? — sua pergunta soou mais como um lamento do que como um desafio, e a necessidade em sua voz era tão palpável que me fez hesitar.
Eu sabia que não deveríamos. Algo dentro de mim gritava que isso era um erro, mas outra parte, faminta e carente, desejava aquele momento. Um instante de fuga, de algo que eu não poderia ter. Fechei os olhos, afundando na tentação. Apenas um beijo, pensei. Não poderia causar tanto estrago.
Meus olhos se fixaram em seus lábios, tão próximos dos meus. Quando voltei a encarar seus olhos, a hesitação e a urgência eram espelhadas nos meus. O aperto de suas mãos na minha cintura aumentou, e meu coração martelava em resposta. Então, antes que pudesse repensar, seus lábios encontraram os meus.
No início, o toque foi suave, quase tímido, mas logo a urgência reprimida explodiu, transformando o beijo em algo mais profundo, mais desesperado. O gosto dele era familiar, tingido com a leve amargura do álcool que havíamos bebido no bar. O som de nossas respirações se misturava, criando um eco abafado no corredor deserto, enquanto o calor de nossos corpos afastava o frio ao redor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Labirinto de Ruínas e Sangue
Terror🥇 Primeiro lugar na categoria Terror/Mistério, Concurso Alice in Borderland, 3ª Edição. 🥉 Terceiro lugar na categoria Fanfic do Concurso Alice in Borderland, 3ª Edição. No coração de um mundo despedaçado, onde a esperança vacila como uma chama trê...