Acabei de salvar Harry Potter.

Capítulo 20

Às vezes, como agora, Harry pensa na Amortentia que ele sentiu durante a aula de Poções no sexto ano. Era um cheiro inebriante e viciante; uma combinação de torta de melaço, madeira de vassoura e os jardins da Toca, do tipo que Ginny ainda carrega consigo para todo lugar.

Ele pensa na mãe de Tom Riddle, drogando seu pai para se casar com ela e mais. Tom Riddle Sr. deve ter sido profundamente viciado nisso, no cheiro de qualquer coisa que ele pudesse sentir emitindo disso, e se pergunta como os chocolates de Romilda Vane o teriam afetado. Ele teria se apaixonado por ela ou por Ginny? Ele teria se apaixonado por Draco?

É isso, não é? Harry não sabe como essas complexidades funcionaram, não é tão apaixonado quanto Draco ou Hermione para querer descobrir, geralmente não se incomoda com dilemas filosóficos profundos além de eu-tenho-que-morrer-pelo-bem-maior e eu-deveria-tentar-viver-um-pouco.

O cemitério está em silêncio. A igreja atrás dele está em silêncio. A única fonte de luz é a lua.

Mesmo assim, a silhueta das longas vestes pretas tradicionais dos bruxos é inconfundível.

O barulho de folhas e galhos sendo esmagados é um aviso suficiente de que o homem parado sozinho não está mais lá. Enquanto Harry se aproxima lentamente, Severus continua sua vigília muda, cabeça abaixada em direção ao túmulo, coluna ereta como uma vareta.

Harry se junta a ele.

Por um longo momento, os dois estudam o túmulo em silêncio. O único reconhecimento compartilhado é o minúsculo passo que Severus dá para a direita, como se estivesse determinado a comunicar que não gosta de ser interrompido ou aglomerado durante seu tempo pessoal.

Mas quando foi que Harry deu ouvidos ao homem para começar a fazer isso agora?

"Não sei se você ouviu falar," ele murmura baixinho, "sobre Draco-"

"Eu sei," Severus entoa categoricamente.

"Você virá-"

"Não."

"Ele teria gostado se você tivesse feito isso."

Severus não responde.

Godric's Hollow é mais ou menos o mesmo, pelo que Harry viu em seu caminho. Ele fez questão de visitar todo ano no Halloween, assim como esta noite, mas nunca esbarrou em outra alma conhecida. Talvez Severus tenha feito o mesmo. Talvez Severus tenha se escondido todo esse tempo.

"Você vai ficar na vila?"

Faria sentido se ele fizesse isso.

Severus não responde.

Harry continua a cutucar. "Onde você estava?"

Nenhuma resposta.

"Por que você foi embora?"

Nada.

"Qual era a flor favorita dela?"

Severus finalmente se contrai, apenas um pequeno tremor que percorre seus ombros. Ele não deve ter esperado que Harry fosse tão direto.

Desta vez, Harry espera pela resposta.

Depois de uns bons cinco minutos de completo desrespeito, Severus responde, a voz se curvando suavemente em torno das palavras. "Orquídeas. Ela não gostava quando as pessoas presumiam que ela gostava de lírios."

"Aposto que você gostou de lírios, no entanto," Harry diz descaradamente. Ele tem quase certeza de que Severus não o assassinará mais. Antes que ele possa testar a teoria, no entanto, ele dispara outra pergunta. "Filme favorito?"