Valgrace

13

Acordei no deprimente chalé 1 com o Zeus gigante parado como sempre. Isso me pareceu menos importante, já que a primeira coisa que veio à minha mente foram os acontecimentos do dia anterior. Minha boca se encontrando com a de Leo, nossos corpos colados, a série que nem prestamos atenção por estarmos abraçados e nos beijando... Soltei um suspiro, tentando acreditar que era real. Me levantei da cama com energia e fui direto me trocar para encontrar com Leo. Caminhei até o chalé 9 tão rápido que achei que estava voando. Como já era mais ou menos hora do café da manhã, o lugar estava vazio, exeto por Leo que ainda estava dormindo calmamente. Soltei outro suspiro depois de ver o quão fofo Leo estava com o rosto apoidado no travesseiro (Queria que fosse eu). Talvez pelo pouco de luz do sol que entrou quando eu abri a porta, ou por pura coincidência mesmo, Leo acordou pouco antes de eu me sentar na sua cama. Ele abriu os olhos devagar sem nem ao menos perceber minha presença e quando fez estremeceu de susto

"Jason...! Bom dia" Leo sorriu fraco e puxou os cobertores para si como se quisesse entrar de baixo deles e desaparecer

"Bom Leo, eu vou direto ao assunto: temos que conversar sobre ontem" disse sem enrrolar

"Ontem? Ah, eu...Jason nós não podemos conversar depois?" Leo se moveu indicando que ia se levantar, mas antes que fizesse eu coloquei minha mão sobre a sua

"Não podemos Leo, se não você vai ficar fugindo de mim"

"Olha Jason, eu vou ser sincero" ele suspirou e olhou para as próprias mãos "Eu não me arrependo, mas se você sim, nós podemos esquecer o quê aconteceu"

Primeiro, eu fiquei surpreso com a seriedade em sua voz, já que nunca o via falar assim, e depois comecei a rir por ele achar que eu queria esquecer. Ainda com os olhos semicerrados pelas risadas, pude ver o rosto de Leo ficar confuso

"Cara..." tentei me recompôr da crise de riso enquanto me aproximei do seu rosto e coloquei minha mão em sua bochecha "Você acha que eu quero esquecer?"

"Ah, sei lá! Eu não leio mentes" Leo ficou vermelho pelo toque repentino

"Eu nunca me arrependeria daquilo, Leo" Minha voz foi ficando mais fraca enquanto eu me perdia nos seus olhos. Quando percebi a curta distância entros nós, não consegui evitar iniciar um beijo. Leo pareceu bem surpreso, mas cedeu depois de poucos segundos. Foi um beijo tão curto que eu quase reclamei, mas me conti. Assim que nos separamos, Leo cobriu a boca com a mão como se estivesse em choque

"...O quê isso significa?" Meu deus que menino lerdo

"Que eu amo você, e estou te pedindo em namoro"

Leo piscou várias veses, como se não acreditasse "...Jason, você sabe que eu sou um desastre ambulante né? Você com certeza pode achar alguém melh-"

"Leo! Eu quero namorar você! Mesmo você sendo idiota e tão lerdo que demora 10 anos pra descobrir que eu gosto de você!"

Leo abriu a boca como se quisesse dizer alguma coisa, mas as palavras pareciam travadas. Ele olhou para mim, os olhos arregalados e cheios de surpresa. Eu só conseguia imaginar o quanto sua cabeça devia estar girando com tudo isso. Dizer a ele que eu o amava foi o maior alívio que já senti, mas agora vinha a parte difícil: esperar sua resposta.

"Eu... Eu só..." Leo começou, esfregando o rosto com as mãos, ainda processando. "Não esperava que você gostasse de mim"

"Por que você continua dizendo isso?" Perguntei, com um sorriso suave enquanto deslizava minha mão pela dele. "Leo, você é incrível. Engraçado, inteligente, criativo... E mais importante, você me faz feliz. Não é sobre quem deveria ser melhor pra mim. É sobre o que eu quero. E eu quero você."

Leo ficou quieto por um momento, absorvendo minhas palavras. Eu pude ver o turbilhão de emoções passando por seu rosto, desde a incerteza até a aceitação. Finalmente, ele soltou uma risada nervosa, com os olhos marejados.

"Você está me pedindo em namoro mesmo... caramba."

"E pelo o que parece ainda não recebi minha resposta"

Ele olhou para mim com um sorriso tímido, os ombros relaxando aos poucos. "...Mas não diga que eu não avisei... desastre ambulante, lembra?"

Ri e puxei-o para mais perto, segurando sua mão com firmeza.
Leo sorriu, aquele sorriso bobo que eu adorava, e sem mais palavras, ele se inclinou para me beijar de novo, dessa vez sem pressa, sem dúvida. Eu não sabia o que o futuro nos reservava, mas naquele momento, tudo parecia certo