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O dia correu mais rápido do que eu esperava. Depois da conversa com Leo e nosso beijo delicioso no chalé 9, tudo parecia mais leve. Passamos a manhã juntos como se fosse a coisa mais natural do mundo – café da manhã no refeitório, algumas piadas sem sentido e Leo mexendo em suas bugingangas que tirava de seu cinto como sempre, com aquele sorriso que agora eu entendia ser só para mim (não que ele não possa sorrir para outras pessoas, ma ss depender de mim...) Mas, claro, havia algo não resolvido. Algo que Leo tentava esconder, e eu sentia como uma pedra no sapato. Ele sempre foi um mestre em disfarçar, mas agora que estávamos juntos, não dava mais para ignorar. Eu sabia que tinha algo mais.

E, para ser honesto, eu estava disposto a esperar. Não queria forçar nada. Leo nunca foi de abrir o coração tão facilmente, e eu tinha que aceitar isso no nosso ritmo.

A noite chegou, e o acampamento estava mais tranquilo. A Fogueira foi acesa ao no contro do acampamento, e os outros campistas aproveitavam para relaxar. Eu e Leo decidimos que seria legal dar uma volta, nada planejado, só andar, conversar e curtir o vento fresco da noite. Leo sempre dizia que “um passeio sem planejamento é sempre mais divertido.”

Caminhamos até o lago, onde o brilho das estrelas refletia na superfície da água. Eu sabia que esse era um dos lugares favoritos de Leo. Ele gostava de como o silêncio aqui parecia mais... acolhedor, diferente da barulheira constante do acampamento.

"Então..." comecei, quebrando o silêncio confortável enquanto sentávamos em uma rocha à beira da água. "Você está quieto hoje. Tudo bem?"

Leo deu um sorriso pequeno, mas não chegou a me olhar nos olhos. Ele estava mexendo nas pontas das mangas da jaqueta, um gesto que eu já tinha percebido ser um sinal de nervosismo.

"Eu só estava pensando"

"Sobre o quê?"

"Sobre... nós." Ele finalmente olhou para mim, mas havia uma sombra em seus olhos que não combinava com o sorriso confiante de mais cedo. "Jason, você acha que... as coisas podem dar certo?"

"Eu sei que a gente vai fazer dar certo" respondi sem hesitar.

Leo soltou uma risada curta, mas logo em seguida sua expressão ficou séria. Ele parecia se esforçar para encontrar as palavras certas, como se o que queria dizer estivesse preso na garganta.

"Eu... não é fácil para mim, sabe?" Ele desviou o olhar para o lago, os dedos ainda mexendo na jaqueta "Quero dizer, estar com você é incrível. Mas, ao mesmo tempo, eu fico pensando que a qualquer momento posso acabar estragando aa coisas"

Eu me aproximei e toquei sua mão com a minha direita e a outra levei ao seu rosto, o puxando mais pra perto feliz por Leo decidir me contar o que se passa na sua mente por vontade própria
"Ei, você não precisa carregar isso sozinho. Ninguém é perfeito, Leo. E eu não estou aqui esperando que você seja"

"Mas eu não sou como você, Jason," ele respondeu baixinho. "Você é... sei lá, todo certinho, todo organizado. E eu sou....uma bola de fogo ambulante e idiota. Não sei nem como você me aguenta"

Eu ri, balançando a cabeça.
"Você acha que eu sou perfeito, Leo? Sério? Cara, eu tenho tanto medo de estragar isso quanto você. Mas a gente não precisa ser perfeito pra dar certo, só precisamos ser nós."

Leo ficou em silêncio por alguns segundos, e então ele apertou minha mão que estava em seu rosto como se estivesse buscando mais contato

"Tem outra coisa," ele disse finalmente, a voz quase um sussurro. "É sobre ontem... e sobre mim."

Meu coração acelerou. Não era como se eu esperasse que ele me jogasse um segredo tão grande de repente, mas algo na seriedade do seu tom me fez prestar atenção

"Eu nunca pensei que alguém fosse me olhar do jeito que você olha," ele continuou, ainda evitando meu olhar. "Nunca achei que alguém fosse... gostar de mim assim, de verdade. Sempre foi mais fácil pensar que ninguém ia se importar."

"Leo..." murmurei, sentindo meu peito apertar por ele

Ele balançou a cabeça, como se quisesse afastar a emoção que ameaçava transbordar. "Mas aí veio você. E agora você está aqui, e é real. E ao mesmo tempo, isso me assusta, porque eu não quero perder você, Jay"

Eu segurei seu rosto entre minhas mãos, forçando-o a me encarar. "Você não vai me perder, Leo. Eu prometo."

Ele piscou algumas vezes, e eu pude ver lágrimas se formando nos seus olhos, mas ele sorriu. Um sorriso pequeno, tímido, mas verdadeiro.

"Desculpa," ele disse, rindo de si mesmo. "Não era pra ser tão dramático hahahaha...."

"Ei, você pode ser dramático o quanto quiser," eu disse, encostando minha testa na dele. "Só não tente se afastar de mim, ok?"

Leo assentiu, e eu senti seu corpo relaxar sob meu toque. A tensão parecia desaparecer aos poucos, como se ele estivesse finalmente deixando de lado parte do peso que carregava.

Nós ficamos ali, em silêncio, por um tempo que pareceu eterno e, ao mesmo tempo, curto demais. Não havia mais nada que precisasse ser dito. Eu sabia que ainda teríamos momentos difíceis pela frente – inseguranças, medos, talvez até algumas brigas. Mas, naquele momento, tudo estava certo.

Leo soltou um suspiro, relaxando completamente, e deitou a cabeça no meu ombro. "Tá vendo? Eu disse que sou um desastre ambulante."

Eu ri, beijando o topo da sua cabeça. "E eu sou o idiota que escolheu esse desastre pra namorar"

Ele riu junto, e o som era tão leve e livre que meu coração quase doeu de felicidade.

"Então... isso quer dizer que a gente vai dar certo, né?" ele perguntou, com um toque de esperança na voz.

"Eu não tenho dúvida nenhuma," respondi, apertando sua mão
Leo ergueu a cabeça e olhou para mim com novamente aquele sorriso travesso que eu já conhecia tão bem.
E, com isso, ele se inclinou para me beijar de novo. Um beijo que tinha gosto de uva e felicidade, mesmo que essa última não fosse palpável, mas estava quase visível de nossos corpos

ValgraceOnde histórias criam vida. Descubra agora