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Um dia antes da morte de Lucerys

Aemond entrou no quarto de Aemma, seu olhar fixo nela enquanto a garota se arrumava, seus dedos delicados passando pelas rendas do vestido de noiva. O ambiente estava carregado de uma tensão palpável. Quando ela o encarou, um sorriso doce, mas nervoso, surgiu em seus lábios enquanto se aproximava.

— Procura algo em meus aposentos? — perguntou Aemma, a voz trêmula traindo sua tentativa de manter a leveza.

Aemond sentiu seu coração apertar.

— Não se case com ele — suplicou, a paixão em seu olhar transbordando. — Eu amo você, sei que você também me ama.

Um sorriso irônico cruzou o rosto de Aemma enquanto ela se afastava, caminhando até a cama. Com um gesto dramático, pegou o vestido de casamento e o segurou contra o corpo.

— Vê isso? Meu vestido está pronto — afirmou com um tom desolador. — Me caso em dois dias.

Ela jogou o vestido sobre a cama e avançou lentamente em direção a Aemond, cada passo carregado de incerteza.

— Dê-me um único motivo para não me casar com Aegon.

Aemond hesitou por um momento antes de passar as mãos pelo rosto delicado da garota, parando em seu pescoço. Ele inclinou-se e deu um leve beijo em seus lábios, sentindo a eletricidade daquele toque.

— Eu amo você, Aemma — sussurrou ele, a voz baixa e intensa. — Ele vai magoar você.

A expressão de Aemma endureceu.

— Você me magoou a partir do momento que quis o olho do meu irmão — disse ela, empurrando-o com força. — Espero que você vá ao meu casamento.

Aemond a encarou furioso, uma mistura de dor e frustração queimando dentro dele. Ele saiu do quarto batendo a porta com raiva contida.

Logo depois, Aella entrou no quarto, seu olhar preocupado e apreensivo. Ela se aproximou da irmã e tomou sua mão entre as suas.

— Ele vai magoar você — disse Aella com urgência, fazendo o sorriso de Aemma desaparecer como uma sombra na luz do dia. — Aemond será a pior coisa que irá te acontecer.

— Você é igual à Helaena — respondeu Aemma com desdém. — Vocês falam coisas esquisitas e sem sentido.

— Apenas confie em mim — insistiu Aella, sua voz tremendo levemente. — Aemond vai partir seu coração de um jeito que você nem imagina.

Com um gesto rápido, soltou a mão da irmã como se estivesse libertando-a de um fardo invisível.

— Fuja enquanto é tempo!

Aemma encarou Aella com um olhar assustado, confusa diante da intensidade das palavras da irmã. Forçou um sorriso que mal disfarçava sua insegurança.

— Eu preciso ficar.

Aella analisava cada traço do rosto da irmã, os olhos cheios de preocupação e amor.

— Eu sei — murmurou Aella tristemente. — Mas vocês não terão minha ajuda nessa guerra; eu lutarei ao lado da minha mãe. Eles precisam da Merax.

— Eu sei — respondeu Aemma em um sussurro quase inaudível. Então acrescentou: — Vá antes que os guardas troquem o turno; assim eles não irão te impedir de chegar até Merax.

Elas se abraçaram pela última vez, um abraço caloroso repleto de amor e saudade antecipada. Sem saber o que estava por vir.

No dia seguinte, quando Aemond saiu para pedir apoio ao reinado de seu irmão, tudo mudou drasticamente; o fim foi trágico e resultou na morte do príncipe Lucerys. Ao saber da notícia devastadora, Aemma ficou desolada; seu irmão mais próximo e carinhoso fora tirado dela injustamente por Vhagar – um dragão de guerra perseguindo um dragão ainda imaturo. Essa dor tornaria-se uma marca indelével em sua alma.

Após a morte do irmão, rumores chegaram até ela através das criadas sobre um suposto jantar comemorativo à tragédia do príncipe Lucerys. Foi nesse momento que Aemma soube que não poderia permanecer ali nem mais um segundo. Com determinação fervente, enviou um corvo para sua mãe escrevendo: "sangue se paga com sangue."

enemy loveOnde histórias criam vida. Descubra agora