PRÓLOGO

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BURY A FRIEND - BILLIE EILISH

O tique do relógio me deixa cada vez mais embargada com a situação. Estou aguardando pelo castigo que vem pela frente, Carter não vai conseguir me proteger desta vez.

 Assim que ele adentra a sala escura, iluminada somente pela lâmpada que esta sob minha cabeça, escuto seus passos ecoando em minha direção. Sinto suas mãos, ao carrasco, em torno do meu pescoço.

Sei que não vai ser meu fim, mas não irei sair ilesa daqui, tenho pouca fé, porem o que esta ao meu alcance é suplicar a Deus que não haja dor desta vez. Cada musculo meu tensiona quanto ele deposita uma mordida em meu ombro, urro de dor assim que seus dentes saiam do alcance do meu corpo. É visível aos meus, e de quem estiver aqui, o filete de sangue que escorre pelo meu braço, contornando os meus dedos. Me debato na cadeira tentando a possibilidade de um escape, se ao menos tivesse uma arma, mas esses pensamentos se vão assim que escuto tiros vindo em minha direção, porém não era diretamente a mim e sim a cadeira que me sustenta. A cadeira é atingida três vezes, causando a minha queda.

 Assim que atinjo o chão sou surpreendida por ele com uma faca em meu pescoço, cuspindo as seguintes palavras em meu rosto:

- Tem sorte de ser boa para todos nós, caso contrario estaria em uma cova, com a sua lapide escrito: Lyrae Santoyo, uma vadia como qualquer outra. - Assim que finaliza seu deboche desnecessário, faço questão de mostrar o que a vadia é capaz.

Com o seu rosto ainda perto do meu, cuspo em sua cara para demostrar que não abaixo a cabeça pra ninguém, muito menos para esse filho da puta desgraçado. Ele passa a mão onde o "acertei" e da uma gargalhada que só ele tem, muito gasta e ao mesmo tempo maléfica. Agora estou sentindo a ardência em meu rosto e a dor em minhas pernas, causas pelos chutes e tapas em meu rosto, mas isso não me abala, como eu disse já estou acostumada. Além do mais, isso foi não uma fração do que ele é capaz de fazer com qualquer pessoa, ainda mais comigo que sou sua filha. Sangue do seu sangue.

Fiquei ali por longas horas, cada célula do meu corpo suplicando para que alguém viesse e me tirasse dali o mais rápido possível. Todas as vezes que isso acontecia Carter sempre vinha ao meu encontro me ajudar a sair daqui. Carter sempre foi como um anjo em minha vida desde que meu pai me trouxe pra cá, ele sempre me diz que um dia vai me tirar daqui, sei que hoje não será diferente, ele virá me buscar, mas desta vez esta demorando demais. O ranger da porta ecoa pelo escuro.

- Já era hora, Carter - Um suspiro escapa como forma de alivio - Dessa vez você demorou e...Assim que a silhueta se forma em minha frente meu sorriso se transforma em apreensão, pois quem esta aqui não é ele e sim o desgraçado que eu tenho o desgosto de chamar de pai e que já fez de tudo para me fazer mal. Tenho nojo de olhar em seu rosto e saber que minha mãe escolheu ele para colocar uma criança no mundo. Ela era muito nova na época, então não fazia ideia da mascara que ele carregava e isso é o que me deixa cada vez mais nauseada. Eu não sou sua única filha, as vezes me passa pela cabeça as outras mulheres com quem ele se relacionou e sinceramente eu tenho dó delas.

- Então que te tira daqui é Carter, Hum? - Seu sorriso leva o tremor de meu corpo, isso pode ser uma demonstração de medo, mas em hipótese alguma vou deixar isso transparecer para ele - Mas não se preocupe, ele não faz mais parte da organização. Ele nos traiu e sofreu as consequências... - Dizendo isso ele vem em minha direção e se abaixa para ficar a minha altura e deposita um beijo em meu rosto. - Só vou te soltar por que desta vez você foi uma garota obediente e não abriu essa boca, linda.

Assim que ele me solta desabo no chão chorando e ele me deixa na sala aos prantos causados pelas frustrações de hoje. Os negócios ilegais que meu pai desenvolve vão além da minha compreensão, mas eu lembro muito bem de situações que eu passava quando era mais nova com alguns funcionários do meu pai, situações que uma criança não vê nada demais. Hoje eu vejo que eu era uma vitima dentro da minha própria casa. 

REDENÇÃO EM SOMBRASWhere stories live. Discover now