CAPÍTULO 14 - RAINHA

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Meu parceiro. Até o fim.

O que isso deveria me dizer? Por que está agindo tão diferente de repente? É efeito do casamento tão próximo ou o quê? Será que vou continuar a ser usada como isca mesmo depois de carregar o seu sobrenome? Serei sua esposa, consequentemente cúmplice dos seus crimes. Vão me chamar de Senhora das armas por aí? Não duvido. Que grande merda! Até quando ele acredita que iremos manter esse casamento? Até que a morte nos separe. Tenho certeza de que Alexei não pretende me libertar. Sempre deixou claro que sou sua - acredita piamente nessa ilusão - e um homem como ele não abre mão do que lhe pertence. Então como sairei do domínio desse homem? Umedeço a garganta engolindo uma saliva ácida, assimilando essa enxurrada de perguntas enquanto encaro o anel que adorna meu anelar.

— Imaginei que recusaria a gargantilha. — Alexei arrasta os músculos maciços para fora da cama e pouco tempo depois retorna segurando outra caixa similar à anterior. — Também é parte da tradição que a família da noiva recuse a primeira joia oferecida pelo noivo. A segunda joia deve ser ainda mais valiosa para que finalmente o resgate seja pago. — Ele abre a caixa e meus lábios se entreabrem. Essa gargantilha é ainda mais cravejada e espessa. Pisco boquiaberta. É tão luminosa e suntuosa que suspiro arrematada por ela.

— É tão linda... — Acaricio a peça. — Você tem certeza de que quer que eu a aceite? — Indago com olhos bem abertos e receosos, surpreendendo a mim mesma ao perguntar. — Não vai se arrepender de casar comigo? Sou filha do homem que matou seus irmãos.  E o meu passado não embrulha o seu estômago? Eu...

— Não vou. — Alexei me corta. — Eu quero me casar com você.

— O quão longe está disposto a ir em nome da sua vingança? Isso me assusta, pra caralho. Acho que você faria qualquer coisa por ela. — Torço o nariz. — Inclusive. — Estalo a língua. — Uma vez me disse que me mataria se fosse preciso. Mataria sua mulher? — Ergo as sobrancelhas. — Quer mesmo casar com a ninfetinha que você não suporta só para atingir seu inimigo? — Estico os braços, aproximando as marcas dos meus pulsos dos seus olhos. — Porque eu te odeio. Não suporto olhar para o seu rosto e suas cicatrizes. O sangue daquele homem corre em suas veias. Eu jamais a tomaria porque a desprezo. Suas palavras, Alexei.

Palavras que cravejei no peito para nunca mais esquecer.

— Nessa época pensava que te fazer me odiar de volta era o certo a se fazer, porque assim o jogo ficaria equilibrado e não me sentiria tão culpado por odiar uma garota que também foi vítima disso tudo. E estava puto por não conseguir controlar a atração que sentia por você. Inconformado. Por que justo a filha dele? — Alexei puxa forte o ar, fecha os olhos e inclina a cabeça para baixo. Em seguida volta a sustentar o olhar em um retesar de ombros. — Além disso, querendo ou não, você é filha dele, e eu sentia culpa quando olhava para suas cicatrizes e a culpa se transformava em raiva. Se eu tivesse conseguido matar o seu pai, você teria se salvado dessa merda toda.

Antes que eu possa dizer qualquer coisa, Alexei ajeita a segunda gargantilha ao lado da primeira e crava os olhos nos meus. Segura meus punhos com suas mãos vultosas e gruda os lábios tenros nas cicatrizes do esquerdo, em seguida do direito. Ele as beija com certa suavidade e sobe o olhar para observar minha reação. Estou paralisada.

— Prometo adorar cada parte sua. — Alexei carimba um beijo etéreo no meu olho destoante e desce os lábios para as marcas de queimadura abaixo dele. — Até te convencer de que é perfeita, exatamente assim. — Murmura contra minha orelha, aquecendo-a com seu hálito fresco. Ele pousa os lábios no meu pescoço, em cima de vestígios de mordidas que desconheço a origem. — Ressignificarei a dor na sua vida. — Afasta o rosto e cai o olhar para os meus seios. Há pequenas cicatrizes de queimadura de cigarro neles. Eu as ganhava nos dias em que meu pai ficava puto. E ele sempre ficava. — Vou te libertar, Mikaela. Prometo isso como seu parceiro de vida. — Nikolaev beija cada marquinha vagarosamente, sem demonstrar nenhum tipo de aversão a elas. Isso me desestabiliza, não nego. A dedicação com que o faz é excitante e meu corpo acaba me traindo, mais uma vez. Meus pelos se ouriçam. A energia flamejante que se espalha por todo meu ser se concentra em meus seios, pesando-os e entumecendo os mamilos. — Amo como seu corpo reage instantaneamente ao meu toque. — Suas mãos deslizam por meu cabelo repartindo-o ao meio e o arrumam para frente dos meus seios, acariciando os fios com as pontas dos dedos que roçam nos bicos acesos. — Queria que você se enxergasse como eu te enxergo.

CONFESS YOUR SINS - Um dark romance de Stephanie HopperOnde histórias criam vida. Descubra agora