CONFESS YOUR SINS - Um dark romance de Stephanie Hopper

CAPÍTULO 08 - PESADELOS

MIKE

Fiz um resumo bem meia boca sobre o que aprendi durante a semana, já que minha concentração nas aulas foi para o ralo devido as noites de sono cada vez piores e aposto que será vergonhosa minha "apresentação". Releio o que escrevi dezenas de vezes sobre matemática, atualidades, filosofia e inglês, matérias que Alastair escolheu aprofundar meus conhecimentos. A besta de terno está dez minutos atrasada. Estranho sua falta de pontualidade, me perguntando se aconteceu algum imprevisto. Coço minha nuca com o indicador, sentindo calor por mais que o ar central esteja ligado. É a vergonha de ter que encarar Alexei, o medo da imprevisibilidade dos nossos encontros e a ansiedade revirando meu estômago. Odeio o tanto que ele me afeta. É um homem tão severo, frio e taciturno, que sempre congelo com receio de que se eu fizer merda, o mínimo deslize que for, a próxima língua a ser cortada será a minha. Acho que é isso, acho não, é isso, não conseguir prever seus próximos passos. A qualquer momento eu posso me tornar vítima das suas crueldades. Quem o impediria? Alexei é a porra do Senhor das armas e isso me intimida para caralho.

— Desculpe o atraso, Senhorita Del Toro. — Não reconheço a voz, por isso franzo o cenho a procura do dono dela. Um rapaz ruivo e bem apessoado de seus vinte e tantos anos pousa sua bolsa transversal em cima da mesa, se senta na cadeira atrás dela e ajeita o óculos de grau um pouco desengonçado. Ele é bonito, do tipo nerd que faria um verdadeiro estrago entre quatro paredes. — Sou Doutor Harvey Dawson, psiquiatra.

— Psiquiatra? Deve haver algum engano. — Sorrio sem graça. — Eu não solicitei o senhor.

— Bem, quem me solicitou foi o Sr. Gallagher. — Ele debruça os braços sobre a mesa, fixando o olhar no meu, sem vacilar. Gallagher? Espere aí, esse é o sobrenome do Alastair... — Acreditamos que está na hora de uma intervenção.

— Do que você está falando? — Afundo na poltrona, cravando minhas unhas nos braços dela com um enorme peso no peito dificultando minha respiração.

— Você tem pesadelos todas as noites acompanhados por gritos e reflexos agressivos. Vamos conversar sobre isso? — Seu convite é sereno, sem expectativas e a calmaria me irrita mil vezes mais.

— Porra, vocês têm me observado constantemente? — Levanto indignada, aumentando oitavas do tom da minha voz, cerrando os punhos para não atacar o médico ao explodir.

— Bem, esperamos que você melhorasse depois de algumas semanas, mas como isso não aconteceu... — Dá de ombros. — Quero entender sua mente, Senhorita Del Toro, e ajudá-la.

— Pensei que o Senhor Gallagher fosse um cara ocupado. — Ironizo com uma cruzada de braços.

— E ele é.

— Não é o que parece, já que ficou me observando igual a um pervertido por todo esse tempo. — Bufo inconformada. — Isso é fodido.

— Estou aqui para aliviar sua dor, então, tente cooperar, será bom para você. Por que não começamos do início? Compartilhe sua infância comigo. — Seus lábios se curvam em um sorriso acalentador e por mais que minha vontade seja espernear feito uma adolescente mimada, sento de volta ao meu lugar como se tivessem me dado tequila e balançado minha cabeça com força.

— É sério mesmo isso? O senhor quer mesmo saber? — Arqueio as sobrancelhas incrédula.

— Por favor, preciso entender a raiz do problema para te ajudar. — A pena em seu rosto provoca comichões nos meus pés e minhas bochechas ardem ao fitá-lo. Abaixo a cabeça tomada pela vergonha, tentando arrancar uma cutícula imaginária com minhas unhas. As cicatrizes do meu rosto repuxam e posso imaginar o horror que esse homem deve estar sentindo da minha aparência. — Converse comigo. Não irei te obrigar, mas acredito que será bom para você. Estarei aqui uma vez por semana para que desabafe o quanto quiser. Nesse mesmo dia e horário.