A Dualidade de Lúcifer

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Enquanto o sol surgia no horizonte, iluminando a cidade de Las Vegas com suas cores douradas, Lúcifer se afastou da janela do hospital, levando consigo o peso da decisão que logo teria que tomar. Ele não era apenas o Senhor das Trevas; ele era um ser de muitas faces, cada uma representando um aspecto de sua existência eterna. Sua vida, embora repleta de poder e domínio, era marcada por uma solidão profunda e uma busca incessante por algo que lhe trouxesse significado.

Nos dias que se seguiram, ele se permitiu mergulhar no mundo humano, mas sempre na penumbra, observando de longe. Lúcifer estabeleceu-se em uma pequena casa em um dos bairros mais vibrantes de Las Vegas, longe das sombras que o cercavam em seu reino. O local, decorado com um toque elegante, refletia seu gosto apurado e sua natureza dual. O interior era uma mistura de modernidade e escuridão: paredes pintadas de um cinza profundo, mobiliário de madeira escura e quadros com imagens de paisagens sombrias que pareciam pulsar com uma vida própria.

À noite, quando a cidade despertava com suas luzes e sons, Lúcifer se tornava Jungkook, um jovem carismático e atraente. Ele frequentava os melhores bares e festas, estabelecendo conexões, mas sempre mantendo um certo distanciamento emocional. O que o fascinava, no entanto, não eram os prazeres superficiais que os humanos buscavam, mas a liberdade que eles tinham de experimentar sentimentos, mesmo que fugazes.

Em suas andanças, ele se tornou dono de um bar, o Jeykei's, que logo se tornou um dos lugares mais badalados da cidade. O ambiente era um reflexo de sua essência — um espaço onde as sombras se encontravam com a luz, e onde ele podia se esconder à vista de todos. O bar era decorado com luzes pendentes que balançavam suavemente, criando uma atmosfera aconchegante e misteriosa. Ali, ele se tornava o anfitrião perfeito, movendo-se com uma graça sobrenatural, cativando os clientes com seu sorriso enigmático.

As noites eram repletas de música, risos e excessos, mas no fundo, Lúcifer sentia um vazio. Ele se permitia viver a vida que os humanos levavam, mas uma parte dele permanecia em um estado constante de vigilância. Em meio à agitação do bar, ele frequentemente olhava para a porta, esperando que Layla aparecesse. Sabia que ela nunca iria, mas a ideia de vê-la, mesmo que por um instante, o consumia.

Lúcifer passava horas no piano, a única maneira de expressar a tempestade interna que o atormentava. As teclas sob seus dedos dançavam como almas perdidas, e as notas ecoavam como ecos de sua própria dor. Ele cantava canções de amor e desespero, imortalizando suas emoções em cada melodia. O som era uma mistura de rock e música clássica, uma representação perfeita de sua dualidade: a luz que tentava brilhar em meio à escuridão.

Mas a verdadeira luta de Lúcifer acontecia dentro dele. Ele se questionava constantemente sobre o que significava ser o diabo. "Devo ser a personificação do mal, ou posso escolher ser mais do que isso?" O peso de sua natureza o oprimia, e a necessidade de proteção que sentia por Layla era como uma corda apertada ao redor de seu coração. O fato de ele ser uma força das trevas não significava que não pudesse ser um guardião. No entanto, cada vez que ele se aproximava da ideia de se revelar a ela, o medo e a dúvida se instalavam.

Em uma noite particular, enquanto ele tocava uma canção suave, a luz da lua filtrava-se pelas janelas do bar, criando um cenário quase etéreo. Ele podia sentir a presença de seus amigos, aqueles que eram sombras em sua vida, tentando aliviar seu fardo, mas a conexão que ele tinha com Layla era incomparável.

— Por que uma simples menina me afeta tanto? — Ele se perguntava, enquanto olhava para o reflexo de seu próprio rosto no piano. O homem que ele era agora parecia tão distante do ser que uma vez fora — um anjo caído, atormentado por sua própria escolha.

Com o passar das semanas, Lúcifer começou a notar uma mudança em sua própria percepção. A presença de Layla, embora distante, tornava-se um farol de esperança em sua vida sombria. Ele percebeu que, em sua busca por ela, havia encontrado um novo propósito. O Senhor das Trevas se tornava, lentamente, um guardião da luz.

𝐎 𝐃𝐈𝐀𝐁𝐎 𝐓𝐄𝐌 𝐎𝐋𝐇𝐎𝐒 𝐏𝐔𝐗𝐀𝐃𝐎𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora