𝐎 𝐃𝐈𝐀𝐁𝐎 𝐓𝐄𝐌 𝐎𝐋𝐇𝐎𝐒 𝐏𝐔𝐗𝐀𝐃𝐎𝐒

O Enlaçar das Sombras

Layla voltou para casa naquela noite com a mente envolta em um turbilhão de pensamentos. As palavras de Jungkook ainda ecoavam em sua cabeça, cada sílaba pronunciada por aquela voz grave e sedutora fazendo com que um arrepio percorresse sua espinha. Como ela podia ter acreditado nele? Aquele homem, que afirmava ser algo tão monstruoso e distante da realidade, agora estava gravado em sua mente, como uma chama que se recusava a apagar.

Quando Layla chegou à casa que dividia com sua mãe, o ambiente familiar deveria ter trazido conforto, mas algo havia mudado. Tudo parecia mais sombrio, mais pesado. O som dos passos de sua mãe na cozinha era reconfortante, mas ao mesmo tempo, ela sentia-se distante. Como se o mundo em que vivia até aquele momento não fosse mais o mesmo.

Ela se jogou na cama, abraçando o travesseiro, tentando entender o que estava acontecendo dentro de si. Sua cabeça doía, o coração palpitava, e por mais que tentasse afastar os pensamentos sobre Jungkook, eles sempre voltavam. O que era aquele sentimento confuso e intenso que ele provocava nela? Um homem tão sombrio, que afirmava ser o próprio diabo, não deveria fazer com que ela se sentisse... viva.

— Eu sou pura — sussurrou para si mesma, tentando encontrar algum tipo de verdade. — Ele não pode me afetar... ele não pode.

Mas mesmo enquanto repetia essas palavras, sabia que algo dentro dela já estava mudado. E isso a assustava.

Jungkook estava em seu apartamento luxuoso, um lugar que ele usava quando estava na Terra, observando a cidade de Las Vegas através das enormes janelas de vidro. A escuridão se estendia como um tapete de veludo, quebrada apenas pelas luzes coloridas que brilhavam na distância. Ele sorriu enquanto segurava um copo de vinho tinto, o líquido escuro refletindo o vermelho de seus olhos.

Ele sentia Layla. Mesmo a quilômetros de distância, ele podia sentir cada emoção dela, como uma melodia tocada exclusivamente para ele. A pureza dela o envolvia, e a tensão entre eles crescia a cada segundo.

— Dolcezza — ele murmurou, os lábios curvando-se em um sorriso satisfeito. — Você está começando a sentir, não está?

Ele colocou o copo sobre a mesa e andou lentamente até um espelho grande na parede, suas tatuagens e cicatrizes visíveis à medida que ele retirava o casaco. O reflexo no espelho mostrava mais do que apenas um homem fisicamente perfeito; mostrava uma criatura que carregava o peso de séculos de poder e trevas. Suas mãos tocaram o próprio rosto, seus olhos observando as sombras que ele projetava.

— Você é minha, Layla — ele disse ao espelho, como se falasse diretamente com ela. — E eu a terei completamente... mais cedo do que imagina.

Ele sabia que sua inocência era o que o atraía. Era tão rara, tão delicada. E isso o excitava de maneiras que ele havia esquecido. Ele sempre havia tido tudo o que desejava – almas, poder, submissão. Mas com Layla, era diferente. Ela o fazia sentir... algo que ele não sentia há muito tempo.

Nos dias que se seguiram, Layla tentou retomar sua rotina normal. A faculdade, os trabalhos, as saídas ocasionais com as amigas. Mas nada parecia normal. Era como se um véu estivesse sempre sobre seus olhos, distorcendo tudo ao seu redor. E, em seus momentos mais calmos, ela pensava nele. Jungkook. O nome, o rosto, o toque. Tudo a deixava em um estado de nervos, uma ansiedade que ela não sabia explicar.

— Layla, você está bem? — sua amiga Hannah perguntou durante uma pausa na aula. — Você parece tão distraída ultimamente.

Layla forçou um sorriso, tentando parecer tranquila.

— Sim, só estou um pouco cansada. Muitas coisas na cabeça.

Hannah assentiu, aceitando a explicação, mas Layla sabia que era mais do que isso. O cansaço não era o que a mantinha acordada à noite, ou o que a fazia estremecer ao menor som. Era ele. Jungkook. Ela não conseguia entender por que ele exercia tanto controle sobre seus pensamentos.