𝙎𝙤𝙧𝙩𝙚 𝙣𝙤 𝙖𝙢𝙤𝙧 𝙚 𝙣𝙤 𝙟𝙤𝙜𝙤 - Rayssa Leal

𝙁𝙚𝙡𝙞𝙯𝙚𝙨 𝙥𝙖𝙧𝙖 𝙨𝙚𝙢𝙥𝙧𝙚

Amanda's pov

Depois de passar o resto do dia dando entrevistas em uma coletiva de imprensa junto ao resto do time, respondendo as mesmas perguntas previsíveis milhões de vezes, eu finalmente estava livre disso.
Passei o resto do dia lidando com a vitória e não pude sequer ver minha família ou Rayssa desde o beijo. Simplesmente tive que ir embora sem vê-los para lidar com o peso de ser uma medalhista olímpica.

Rayssa entendia disso melhor do que ninguém, e infelizmente tive que adiar nosso encontro depois do jogo. Eu estava até que nervosa, porém menos do que eu imaginava, finalmente me sentia livre e sem medo dos rótulos. Eu tinha enfrentado meu maior medo pela garota que eu amo e não me arrependo nem um pouco disso. Finalmente poderia ser eu mesma sem me preocupar com os outros.

Mantive o sorriso no rosto ao responder as milhões de perguntas sobre o beijo repentino, as mesmas de sempre que dariam entrevistas e notícias idênticas, mas afinal é isso que querem ver.
Vez ou outra me sentia meio desconfortável com algumas perguntas invasivas, mas não era obrigada a responder nenhuma delas, e sempre tive muita coragem de impor respeito e essa não era uma exceção.

Me peguei várias vezes pensando se Rayssa queria toda essa exposição repentina, não havíamos conversado sobre isso então não sabia o quê a garota pensava sobre. Então evitei qualquer pergunta pessoal ou embaraçosa, e recusei responder qualquer coisa por Jhúlia. Todo mundo merece privacidade e respeito, e eu nunca deixaria que desrespeitarem Jhúlia de tal forma.

A entrega das medalhas seria amanhã, depois da disputa pelo ouro. Eu estava ansiosa para finalmente carregar a tão sonhada medalha no pescoço, levá-la para casa e juntar as minhas outras milhares da coleção. Aquilo tudo parecia um sonho.

Agora estávamos finalmente saindo para comemorar. Depois da coletiva longa e cansativa ainda tínhamos algum tempo, fomos até a vila e nos arrumamos em nossos respectivos quartos. Eu e Júlia não calamos a boca por nem sequer um segundo, tagarelavamos a todo tempo sobre a vitória, a medalha e até mesmo o beijo. Parecíamos duas garotinhas contando fofoca. Nosso papo fluía tão bem que me sentia ainda mais próxima da ruiva que virou praticamente uma irmã.

Coloquei uma roupa confortável depois de um dia cansativo, arrumei meu cabelo recém secado por Bergmann e passei um rimel. O curativo acima do meu olho continuava lá, já tinha até me acostumado com ele, tinha se tornado meu charme.
Saímos todas juntas e mandei uma mensagem para que minha família nos encontrasse no restaurante.

Desde que chegamos em Paris conhecemos diversos restaurantes como um bom grupo de atletas reunidas, sempre precisando juntar várias mesas para ficar juntas e conversar e gargalhar alto. Talvez esses fossem os nossos melhores momentos, mesmo que em quadra sendo um time, fora dela éramos uma família.