𝘼𝙢𝙖𝙣𝙙𝙖 𝙎𝙤𝙖𝙧𝙚𝙨, a mais jovem ponteira a jogar pela seleção brasileira de voleibol feminino nas olimpíadas de Paris 2024.
𝙍𝙖𝙮𝙨𝙨𝙖 𝙇𝙚𝙖𝙡, skatista e mais jovem medalhista olímpica brasileira.
Onde 𝘼𝙢𝙖𝙣𝙙𝙖 e 𝙍𝙖𝙮𝙨𝙨𝙖 descob...
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Rayssa's pov
Quando vi que Amanda estava na arquibancada junto de minha família mal pude acreditar. Tenho tratado ela tão mal e ela simplesmente veio me apoiar na competição? Essa garota é realmente um anjo. Na última noite em que a vi ela simplesmente deu as coisas e foi embora assim que bateu os olhos em mim, isso me fez pensar que a garota não queria me ver. Mas vendo ela agora, toda pintada no meio da torcida fazia meu coração aquecer.
Ela estava estupidamente linda como sempre! Não contive o sorriso quando a vi, até tentei disfarçar, mas essa garota mexe comigo. Infelizmente, não tive muito tempo para aprecia-lá.
Quando pulei a grade para abraçá-la agi por puro impulso, nem ao menos sabia se eu podia fazer aquilo, mas sinceramente, pouco me importava. Eu precisava mostrar a Amanda o quão grata eu estava por ela estar ali, me apoiando e torcendo por mim. Os minutos que ficamos abraçadas foram sem duvidas o melhor momento do dia até agora. Senti que mesmo em meio de milhares de torcedores, éramos só nós duas, aproveitando o abraço uma da outra.
Mesmo caindo nos dois últimos Tricks, em sétimo lugar eu passei para as finais. Afinal, não é todo dia que se faz a maior nota do skate feminino na história das olimpíadas.
Amanda's pov
Rayssa obviamente estava nas finais, elas aconteceriam só daqui algumas horas, então tínhamos algum tempo para aproveitar. Depois de assistirmos a última bateria, Rayssa veio ao nosso encontro, agora do outro lado da grade. Sua mãe a envolveu em um abraço e a parabenizou, assim como seu pai, Arthur, Felipe e Nathália.
Fiquei no meu canto vendo todos eles abraçarem a garota, ainda meio sem graça com tudo. Mas quando ela me estendeu a mão e assim me puxou para um abraço apertado eu relaxei. O suspiro que Jhúlia soltou parecia de alívio, eu também estava aliviada, e feliz ao extremo. A garota deu uma longa fungada em meu cabelo, inalando meu cheiro com vontade.
— Senti falta desse cheiro. — Confessou em um sussurro — Senti tanta falta!
— Também senti. — Respondi no mesmo tom, o sorriso já aparecendo novamente — Me desculpa Jhúlia, me perdoa. — Supliquei ainda sem conseguir me soltar de seus braços — Não tenho vergonha de você, não tenho vergonha de nós!
— Eu quem te devo desculpas, Amanda. — Agora se afastou e olhou nos meus olhos com cuidado, examinando meu rosto e meus olhos que encheram d'agúa. Sorriu sincera com as mãos em meu rosto — Depois conversamos?
Realmente, não era o melhor lugar do mundo para ter aquela conversa. Assenti com a cabeça e a garota sorriu pequeno novamente e me puxou para um curto abraço denovo. Era como se nossos corpos se atraíssem, como se precisassem um do outro.
☆
No intervalo entre as preliminares e as finais, a família de Rayssa decidiu almoçar em um restaurante. Jhúlia nos confessou que mal tinha comido de manhã por conta do nervosismo. Eu pensei em voltar para a vila e depois só voltar a praça para assistir as finais, mas tia Lilian me convenceu a acompanhá-los.
Eu ainda meio sem graça e sem jeito fui o caminho todo em silêncio, queria evitar de falar qualquer coisa que deixasse o clima ruim. Nathália percebeu que eu não abri a boca desde que saímos da arena e segurou forte minha mão no banco de trás. Nathália me conhecia tão bem que até me assustava, sabia qu3 eu estava nervosa de estar junto deles e nervosa de depois ter que conversar com Rayssa.
Parece que ela tinha finalmente deixado seu orgulho de lado e entendido que também estava errada. Talvez eu ter ido vê-la competir que deu o empurrãozinho que tanto precisava. Independente de qualquer coisa sempre vou apoiar, admirar e torcer por Jhúlia.
Quando chegamos no restaurante Rayssa fez questão de sentar do meu lado, mandando o coitado do Arthur se levantar da cadeira ao lado da minha. Apesar de ela ter expulsado o próprio irmão e eu ter a repreendido por isso, gostei muito que ela fez questão de sentar comigo. Ainda na mesma energia que na competição, não conversamos, mas trocamos vários olhares que já diziam muito por nós.
Quando Rayssa pousou sua mão sobre minha coxa eu hesitei por impulso, como eu fazia quando estávamos em público. Ela tirou rapidamente a mão assim que eu dei um pulo. Agora eu não tinha mais oque temer, peguei delicadamente sua mão e coloquei de volta em cima da minha coxa. Jhúlia me olhou surpresa e eu sorri, a garota corou quase de imediato e tentou esconder o sorriso.
— Você só precisa se concentrar mais nas manobras. — Felipe continuava dizendo, mas não tenho tanta certeza de que a garota ainda prestava atenção. — Nós sabemos que você tem várias manobras que te dariam um noventa, só te falta atenção.
— Deixa a menina descansar manezão! — Nathália deu um tapa em sua cabeça — Estamos no intervalo da competição.
— Ai! — Reclamou e colocou a mão no local atingido — Só estava tentando ajudar, meu bem.
— Depois a gente pensa nisso, 'tô lombrada de fome! — Rayssa confessou nos fazendo rir
— Também não comi nada, estava muito nervosa. — Nathi fez biquinho
Nós comemos e conversamos durante um bom tempo, mas sabia que quanto mais a hora passava mais ansiosa Jhúlia ficava. Tentei demonstrar meu apoio, mesmo que sem palavras, e a garota pareceu entender. Estávamos na calçada esperando o pai da Mendes voltar com o carro, quando ele parou no meio fio todos entraram, mas quando eu ia fazer o mesmo Rayssa me impediu.
A garota me puxou pelo braço e nossos corpos se aproximaram tanto que eu achei que ela iria me beijar. Vendo meu susto ela deu risada e logo me puxou para seus braços. Fiz um leve carinho em seu cabelo enquanto a mesma suspirava alto.
— Estou com medo. — Confessou em um sussurro — Medo de perder na frente do mundo todo.
— Você é a pessoa mais capaz que eu conheço, Jhúlia Rayssa. — Disse contra o pescoço da garota vendo ela se arrepiar — Se tem alguém que cai ganhar alguma medalha hoje, esse alguém é você!
A garota se afastou e olhou nos meus olhos com afeto, só aí pude perceber seus olhos castanhos marejados. Ela sorriu pequeno, como agradecimento ao gesto, ficou na pontinha do pé e beijou minha testa. Dei risada pelo fato da garota ter que ficar na ponta do pé e ela acompanhou, logo depois me puxou para entrar no carro.
