Capítulo 7 - " Convicções destruídas "

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O raio em linha reta atingiu, em cheio, Caramuru. O choque percorreu a arquibancada dos deuses, e o entusiasmo a da humanidade. Não dava para ver claramente o que havia acontecido com o deus monstro, entretanto tinham certeza que ninguém poderia sobreviver a um ataque como aqueles em cheio.

— ISSO FOI DE ZERO A CEM MUITO RÁPIDO GALERA! — exclamou Áma, surpreendida — Sendo assim contarei até cinco, e caso o participante dos deuses não de sinal de vida vamos declarar os humanos vencedores!

— UM! — começou.

— DOIS! — continuou — TRÊS!

Entretanto, mesmo que Ricardo também tivesse sofrido os danos de seu próprio golpe, e tivesse sido ejetado com o impacto, sendo atirado contra a parede, no entanto, retomou rapidamente sua postura de ataque ao invés de simplesmente ficar aliviado. Mas por que? Talvez pelos efeitos do cogumelo ainda não ter passado? Errado, afinal isso só faz ele aflorar a um nível extremo seus instintos. E justamente por isso, na visão dos outros não havia mais perigo, era o que pensavam, Caramuru provavelmente havia virado farelo, e a contagem estava quase se encerrando.

— QUATRO! — Estava prestes a finalizar. No entanto, quando prestes a dar o duelo por finalizado, interrompeu a fala ao ver um fetiche irromper em alta velocidade contra Ricardo.

Da poeira, saltou com fazendo uso de pernas de coelho, o deus, completamente intacto. Agora sem as asas, e com o corpo inteiro coberto por folhas. Saltou rápido contra o humano, tão rápido que mal conseguiram reagir os espectadores, ao ocorrido, e com as garras de urso, partiu para devolver na mesma moeda e dilacerar o leão, que numa ação instintiva e rápida, colidiu suas próprias garras contra as de Caramuru, e ali iniciou-se uma disputa de força, onde todos sentiam dentro de si, sem ninguém precisar dizer, que aquele que a perdesse sofreria graves danos, e seria vital para a continuidade e resultado do embate… o ruído grave que as garras faziam chocando-se eram audíveis e até mesmo palpáveis por todos, assim como a aflição também.

— O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO AQUI ESPECTADORES! CARAMURU VOLTOU INTACTO DAQUELE ATAQUE, E AGORA ESTÁ MEDINDO FORÇAS CONTRA RICARDO! — anunciou a narradora.

— Isso não deveria ser possível, que droga! — exclamou Brunhilde, desesperada — Era para ele ter morrido, isso não pode ser!

Sim, Brunhilde está completamente correta, era de fato para Caramuru ter morrido, entretanto, com perspicácia suficiente, no último segundo o deus foi capaz de contornar a situação de modo extremamente criativo. Primeiro, criou uma camada de composição similar a de um caramujo, com a sua parte inferior gerando muita oleosidade, entretanto o raio rapidamente o transformou em pó. Mas o segredo de fato, estava na segunda camada… folhas! Essas folhas, criaram uma camada fina de vácuo entre o casco e a mesma devido a oleosidade, o que permitiu com que o efeito do raio fosse dispersado para os lados e o deus dragão por sua vez, saísse ileso.

( Ninguém, além de Anansi e Athena notaram e cogitaram uma possibilidade parecida com isso. )

— RICARDO! — rasgou a voz de Caramuru, quase explodindo a audição de todos os presentes  — UM SER PERFEITO COMO EU NÃO PODE SER DERROTADO POR UM SIMPLES HUMANO, ENTÃO SE RENDA E APENAS MOSTRE SEU CORAÇÃO! — explodiu, numa onda de fúria e frustração.

— VOCÊ. NÃO. PERFEITO! — exclamou a voz a de Ricardo, surpreendendo a todos os seus soldados e Brunhilde, afinal de contas, sequer raciocinar durante período podia, quanto mais formular uma frase. Afinal, o que diabos estava ocorrendo? Todos apenas olhavam, interessados, e em silêncio absoluto.

— EU SOU UM MONSTRO, MONSTRO COM O CORPO PROJETADO PARA SER PERFEITO, ESSE É MEU PROPÓSITO AFINAL! — colocou pressão contra o humano, o arrastando para trás. Seu ódio e decepção consigo mesmo eram evidentes, afinal, sempre soube que seu propósito era esses ser uma arma perfeita suficiente para exterminar quem entrasse no caminho, então por que não conseguia matar um simples humano? Uma existência que, desde cedo foi ensinado ser fraca, e imperfeita… via sendo quebradas pouco a pouco a suas convicções e crenças, falhar no seu único propósito de estar vivo era uma sensação torturante…

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