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Aryan:
O dia em que tudo mudou começou como qualquer outro. S/n e eu estávamos na casa dela, estudando para as provas finais. Ou pelo menos, era o que deveríamos estar fazendo. Na verdade, ela estava jogada no sofá, rindo de algo que viu no celular, enquanto eu tentava fingir que estava concentrado nos livros.

- Você viu isso, Aryan? - Ela me mostrou a tela, rindo de um vídeo qualquer no TikTok.

Eu forcei um sorriso, mas minha mente estava em outro lugar. O mesmo lugar onde vinha ficando nos últimos meses: o que eu sentia por ela. Aquele nó no meu peito parecia mais apertado do que nunca. Eu não conseguia me concentrar em nada mais.

Ela percebeu que eu estava quieto e me olhou, franzindo o cenho.

- Tudo bem?

- Sim - respondi automaticamente. Mas o jeito como ela me olhava, com aqueles olhos que me conheciam melhor do que qualquer um, fez com que eu me sentisse exposto. Ela sempre foi boa em perceber quando algo estava errado.

- Você tá estranho - ela se sentou no sofá, cruzando as pernas e me encarando com aquela expressão que dizia que não aceitaria nenhuma desculpa vazia.

Eu queria dizer que estava bem, que não era nada. Mas as palavras ficaram presas na garganta. De repente, o silêncio entre nós ficou insuportável. Ela continuou me encarando, esperando que eu dissesse algo.

E foi aí que percebi: eu não conseguia mais esconder. As piadas sobre outros caras, os sorrisos que ela dava a todos menos a mim... tudo estava me sufocando. Eu não aguentava mais.

- S/n - comecei, a voz saindo mais rouca do que eu esperava - Eu preciso te falar uma coisa.

Ela inclinou a cabeça, curiosa.

- O que foi?

Meu coração batia tão forte que eu podia ouvir o som nos meus ouvidos. Não havia volta. Eu precisava dizer. Não conseguia mais fingir que estava tudo bem, porque não estava. Não quando eu a amava desse jeito.

- Eu... eu não consigo mais fingir que está tudo bem entre nós - falei, minha voz vacilando - Eu tento ser só o seu amigo, mas é cada vez mais difícil.

Ela franziu o cenho, confusa.

- Difícil? Como assim?

Soltei o ar, tentando reunir coragem.

- Porque... eu estou apaixonado por você, S/n.

O silêncio que veio depois parecia interminável. O rosto dela, antes tão relaxado, agora mostrava surpresa, como se fosse a última coisa que ela esperava ouvir de mim. Eu sabia que poderia estar arruinando tudo, que ela poderia não sentir o mesmo. Mas eu não podia mais manter isso preso dentro de mim.

- Sempre foi você, S/n - continuei, as palavras saindo antes que eu pudesse me conter - Desde que éramos crianças. Eu tentei esconder, tentei ignorar, mas eu não consigo mais. Toda vez que você está com outro cara, eu sinto esse ciúme, essa raiva, e eu percebi que é porque eu quero ser o cara ao seu lado. Eu quero ser aquele que te faz sorrir.

Ela não disse nada por um momento, só me olhando, tentando processar o que eu acabara de dizer. Eu sentia que o chão poderia desaparecer a qualquer segundo.

- Você... está falando sério? - ela perguntou finalmente, sua voz baixa, como se ainda estivesse tentando entender.

- Mais do que nunca - respondi - Eu não posso mais fingir que sou só seu amigo, porque eu não sou. Não pra mim.

O silêncio voltou, mas dessa vez era diferente. Eu podia ver as emoções se formando no rosto dela, como se estivesse processando tudo de uma vez. O medo de perder nossa amizade começou a me consumir naquele momento. O que se passaria na cabeça dela?

S/n abriu a boca para dizer algo, mas hesitou. Finalmente, depois de um momento que pareceu durar horas, ela falou:

- Aryan, eu... eu não sabia que você se sentia assim.

- Eu também não queria que você soubesse - admiti - Mas agora eu não consigo mais esconder. Então, se você não sente o mesmo, tudo bem. Só... por favor, me diga. Eu não quero mais continuar fingindo.

Ela olhou para mim, e naquele momento, algo nos olhos dela mudou. Ela suspirou, baixando o olhar, e depois disse, quase como um sussurro:

- Eu... acho que sempre soube.

Meu coração parou por um segundo.

- O quê?

- Eu sempre soube que tinha algo entre nós - ela continuou, sua voz trêmula - Mas eu nunca soube como lidar com isso. Porque... você é o meu melhor amigo, Aryan. Eu tinha medo de estragar tudo. Medo de perder você.

Eu não sabia o que dizer. A revelação dela me atingiu como um soco no estômago. Ela sentia o mesmo? Ou isso era só medo de perder nossa amizade? Antes que eu pudesse pensar em uma resposta, ela olhou diretamente para mim e disse:

- Mas, se você quer saber a verdade... eu acho que sempre senti algo por você também.

Eu fiquei em silêncio, processando as palavras dela. Ela sentia o mesmo? Todo esse tempo, eu me torturei com os ciúmes e com o medo de perder nossa amizade, mas ela também estava lutando contra os mesmos sentimentos?

- S/n... - comecei a falar, mas não consegui encontrar as palavras.

Antes que eu pudesse terminar, ela deu um passo à frente, mais perto de mim, e, de repente, os lábios dela estavam nos meus. Foi suave, hesitante, como se ela estivesse com medo de dar o próximo passo, mas ao mesmo tempo, era tudo o que eu sempre quis.

Quando ela se afastou, ainda com as mãos no meu rosto, ela sussurrou:

- Eu também não consigo mais fingir.

Sorri, finalmente sentindo um alívio que parecia impossível minutos antes.

- Então, acho que estamos no mesmo barco.

Ela sorriu de volta, e naquele momento, percebi que tudo tinha mudado. Mas, pela primeira vez em muito tempo, não havia mais medo. Só a certeza de que eu não precisaria mais esconder o que sentia.

Eu estava com ela. E isso era tudo o que importava.

𝑰𝒎𝒂𝒈𝒊𝒏𝒆𝒔/𝑨𝒓𝒚𝒂𝒏 𝑺𝒊𝒎𝒉𝒂𝒅𝒓𝒊 Onde histórias criam vida. Descubra agora