[LingOrm] Intrinsic

Se desfaz.

Entrelace os dedos e vá finalmente para casa.

Orm não tinha pressa para abrir a porta de casa e Ling a observava suavemente com o olhar.

Ela tinha uma aparência ótima, mas mais do que isso ela era alta e esguia. As mãos eram bonitas e dedos compridos, talvez se ela tivesse se aventurado na vida de pianista ela tivesse se saído bem.

Claro, a música é complexa você precisa treinar o movimento das mãos, incansavelmente entender as partituras e saber cada som e nota do piano como se as teclas fizessem parte do seu corpo.

Afinal, para o pianista o piano é a extensão dele próprio.

A teoria musical também importa, mas no fim você pode ignorar se for talentoso o suficiente, mas se não for precisa saber tudo como se sua vida depender disso.

A música é intuitiva, você sabe a nota que vai vir pelo simples fato de entender para onde a composição está te levando, mas se não existe essa noção é necessário ser hábil na parte teórica.

Se o talento não existe compense de outras maneiras.

Lingling era do tipo que tinha uma boa teoria musical, mas o talento também existia.

Um talento rebelde e perseverante de se aventurar no contraste das notas musicais, sempre tocando com uma certa selvageria e prepotência. Talvez ela não fosse bem vista pelos outros, mas ouviu alguns professores a chamarem de prodígio ou gênio. Besteira.

O pai dela também sempre pareceu a admirar tocar e desde que ela poderia lembrar de andar e falar ela também tinha memórias com pianos.

Aquilo não importa no fim do dia quando você deve fechar os olhos e encarar seus demônios em meio ao silêncio que o piano não pode preencher.

Tente fechar os olhos e encarar a si mesmo quando nada parece ser bom o suficiente.

Ela falhou com a música da mesma maneira que a música falhou com ela. Um amor impossível e uma admiração que sempre ocorreria a distância e por meio dos olhos e dedos dos outros.

O soar das teclas de um piano em meio ao enorme teatro vazio é como uma glória solitária.

Som vai ecoar por cada assento, por cada centímetro e vai se perder no final. Não podendo ser contemplado em sua totalidade.

Lingling não sabia o que era tocar em um piano há algum tempo, nos últimos anos tudo que ela fazia era olhar alguns talentos e os trazer para dentro da empresa de seu pai como um diamante a ser lapidado.

Os dias se tornaram cansativos e ordinários, quase banais. Mas ela não ousava sentar junto ao piano mais uma vez.

Como poderia?!

Observar a garota despedaçada fugindo da cena que acabara de ver do seu namorado com uma outra mulher fazendo juras e juras foi um pouco agridoce.

A sensação de catarse era um pouco complicada.

Por mais miserável que você possa sentir que esteja sendo no fim do dia, quando você vê que alguém pode estar passando por algo parecido ou pior você sente a sensação ruim levemente se esvair.

Mas depois ela apenas quis consolar a garota quase inconsolável.

Os olhos brilharam em um sentimento de prazer e dor.

Afinal, é difícil entender o que divide a dor do sofrimento e da satisfação.

Ling e Orm entraram no apartamento lentamente.