04/10/1705
Metrópole selvagem-???
10:40
Local: Sistema Organizado de Casulos para Moradores e Hóspedes (SOCMH)
- É uma merda. - Nogal declarou, sua voz ecoando pela sala como um trovão. A cada palavra, ela parecia descarregar a raiva acumulada pelo primo. - Um falso moralista, um irritante profissional. Um irmão na vida.
Apuh, ao seu lado, balançava a cabeça em concordância. Ele não era do tipo que costumava alimentar dramas familiares, mas, nesse caso, achava que Nogal tinha razão.
- Não dá pra esquecer a última dele... Aquela "defesa" dos animais que mais parecia um manual de tortura? - Apuh comentou, cruzando os braços. - E ele ainda achou que estava sendo um herói.
Nogal riu, mas era uma risada amarga.
- Herói? Ele é o vilão de todas as histórias, e a pior parte é que nem percebe.
Os dois se entreolharam, e um pensamento não dito pairou entre eles. Já tinham discutido isso antes, em tom de brincadeira, mas agora parecia um pouco mais sério.
- Em coma, sem condições de abrir a boca e irritar todo mundo? - completou Nogal, um brilho malicioso nos olhos.
- Exato. Paz mundial. - Apuh respondeu, apoiando-se no braço do sofá como se estivesse visualizando um futuro utópico sem Lg.
Os dois riram, uma risada que começou leve, mas rapidamente adquiriu um tom mais ácido, quase cruel. Não havia sombra de nostalgia ou apego ali. Era o tipo de humor que surgia entre pessoas que, mesmo sabendo que deviam tolerar alguém por obrigação, já haviam ultrapassado todos os limites do suporte emocional.
- Olha, eu trocava ele fácil. - Nogal disse, ainda rindo, mas agora mais séria. - Qualquer coisa. Um pé de alface, talvez.
- Um tijolo. Pelo menos um tijolo não fala. - Apuh complementou, balançando a cabeça como se concordasse consigo mesmo.
Eles se entreolharam, e por um momento, ambos sabiam que não estavam exagerando. Lg não era só irritante; ele era um peso constante, um lembrete de tudo que ambos odiavam.
- Ele é como uma dor de dente crônica. - Nogal continuou. - Não mata, mas também não te deixa viver em paz.
- Mas sabe o que é pior? - Apuh perguntou, gesticulando como se estivesse explicando uma grande teoria. - No fundo, ele acha que está fazendo tudo certo. Ele acha que é um presente pra humanidade.
Nogal bufou, exasperada.
- Um presente? Se for, já passou da validade.
Mais risadas, mas agora havia algo mais pesado no ar. Talvez, só talvez, estivessem sendo sinceros demais. Algo estava errado ali, por quê sempre havia aquela oscilação entre afeto e ódio de maneira incongruente? Claro, para Nogal era fácil. Lg era um merda, só fazia tudo errado e em Topcity ele fora mais satânico ainda.
Nogal parou de rir repentinamente, como se o peso da conversa tivesse a puxado de volta para a realidade. Ela ajeitou a postura no sofá, cruzando os braços enquanto um semblante mais sério tomava conta de seu rosto.
- Sabe o que é? Eu queria odiar ele completamente. - ela disse, a voz mais baixa, mas carregada de frustração. - E às vezes acho que consigo. Porque ele é um merda, Apuh, um completo desastre ambulante.
Apuh observava em silêncio, percebendo que o tom de Nogal mudara. Ele sabia que quando ela ficava assim, havia algo mais profundo por trás.
- Especialmente em Topcity de acordo com aquela Nogal... - Nogal continuou, agora olhando para um ponto distante, como se revisitasse uma lembrança amarga. - Ele conseguiu se superar. Foi mais satânico do que nunca, só fez merda atrás de merda. E o pior de tudo? Ele acreditava que estava fazendo algo certo.
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✦✧𝘼𝙡𝙙𝙧𝙖࿐ɞ✦✧
FantasyUm mundo caótico, onde várias lógicas não se aplicam. Quatro pontos de vista, visões de mundo divergentes. Uma busca redenção e outras três buscam seu lugar no mundo, aonde encontrarão dificuldades, aversões e inimizades, mas sempre dando espaço aos...