Eles estavam organizando um encontro no grupo, mencionando que sentiam saudades de sairmos juntos para jogar conversa fora. Será que eles realmente sabem que Jonathan e eu estamos divorciados?
Pensei em recusar, mas não queria parecer indelicada. Adoro meus amigos e também estava morrendo de saudades deles. Desde que voltei para a Argentina de vez, só consegui ver minhas duas amigas do grupo, e nem tivemos tempo para conversar direito.
Jonathan confirmou que iria ao encontro, e eu acabei fazendo o mesmo. Espero que não seja uma loucura. Estar no mesmo lugar que meu ex-marido e conversando sobre o passado... O que pode dar errado?
Peguei o ônibus e, depois de algumas horas, finalmente estava caminhando para casa. Minhas costas estavam completamente doloridas. Amo e odeio ao mesmo tempo o fato de trabalhar sentada na frente do computador. Tudo que eu conseguia pensar era na minha cama e no sono maravilhoso que me aguardava.
Tão distraída, nem percebi o que aconteceu. Só senti algo batendo forte na minha cabeça. Fechei os olhos com o impacto e o mundo ao meu redor começou a girar.
— Puta merda, me perdoa. Foi sem querer, Lua! — Ouvi a voz do Jonathan.
Minha visão foi voltando aos poucos, e olhei para ele, ainda com dificuldade. Aos poucos, o raciocínio também voltou. Eu estava passando na frente da casa dos Calleri's e o Jonathan estava jogando bola com o pai dele. Fui acertada pela bola. E, sério, chute de jogador profissional é outra coisa... Que pancada!
— Você está sangrando — disse ele, tocando levemente perto do meu olho direito.
— Não é nada demais — respondi, passando a mão no local. Vi meus dedos manchados de sangue.
Havia aberto um corte no meu supercílio. Não era grande, mas parecia profundo.
— Vem comigo — Jonathan disse, estendendo a mão.
Peguei a mão dele, e ele me guiou para dentro da casa. O pai dele nos seguia de perto. Ele pediu que eu sentasse no sofá e saiu do cômodo por um momento.
— Desculpa mesmo, Luana. Meu filho não te viu quando chutou a bola — disse o pai de Jonathan, balançando a cabeça, visivelmente arrependido.
— Tudo bem, essas coisas acontecem — sorri levemente, tentando esconder a dor e o leve atordoamento.
Jonathan voltou logo em seguida.
— Pai, não encontrei a caixa de curativos — disse ele ao entrar na sala.
— Eu vou procurar — seu pai se levantou rapidamente.
Jonathan se sentou ao meu lado com um algodão molhado em soro fisiológico e começou a limpar o corte. A ardência foi forte, mas ele fez tudo com o cuidado que eu lembrava bem. Era estranho vê-lo tão próximo depois de tanto tempo.
— Me desculpa mesmo — ele repetiu.
— Tá tudo certo — respondi.
— Você prefere ir ao médico? — Ele coçou a cabeça, indeciso.
— Não precisa — falei.
O pai de Jonathan retornou com os curativos.
— Aqui está.
— Valeu — Jonathan pegou o material e colocou o curativo sobre o corte. Eu me levantei e ele me acompanhou com o olhar.
— Eu preciso ir — disse.
— Quer que eu te acompanhe? — Ele perguntou.
— Não precisa, Joni — respondi.
— Se cuida, e me avisa quando chegar ou se sentir alguma coisa — pediu ele, preocupado.
— Pode deixar — sorri levemente, tentando tranquilizá-lo.
Saí da casa dele e segui em direção à minha. Que situação surreal. Assim que cheguei, a primeira coisa que fiz foi ir direto ao espelho. Tirei o curativo e vi um corte de uns três centímetros próximo à sobrancelha, ainda sangrando. Espero que não fique nenhuma cicatriz.
Tomei um banho relaxante e refiz o curativo, me lembrando que ainda não tinha avisado que já estava de volta. Abri a conversa com o Jonathan e, ao ver as últimas mensagens que trocamos, senti uma pontada de nostalgia, como se quisesse reviver certos momentos. Simplesmente enviei uma mensagem dizendo que tinha chegado bem. Ele respondeu rápido, e encerramos a conversa ali.
Logo depois, chegou uma notificação no grupo que criaram mais cedo. Eles marcaram a nossa saída para hoje à noite. Que ótimo! Vou sair com esse corte "super estiloso" no supercílio.
— À noite —
Fui até o guarda-roupa e fiquei encarando as roupas, sem ideia do que vestir. Eles escolheram um barzinho tranquilo, com música ao vivo. Acabei optando por um vestido solto azul marinho, um tênis branco, e joguei um casaco jeans por cima.
Depois de me arrumar, me olhei no espelho por alguns minutos. O corte no supercílio era impossível de ignorar, mesmo com maquiagem. Suspirei, tentando não me deixar abater. Não era como se as pessoas fossem prestar tanta atenção nisso, mas, de alguma forma, parecia que esse detalhe refletia a bagunça que minha vida tinha se tornado nos últimos meses. Jonathan, o divórcio, o reencontro, e agora essa saída com os amigos antigos... Tudo parecia entrelaçado em um ciclo que eu não conseguia controlar.
Coloquei meu celular no bolso e dei uma última olhada pela casa antes de sair. A noite lá fora estava fria, e o vento forte me fez puxar o casaco mais rente ao corpo. O barzinho não ficava muito longe, e a ideia de reencontrar nossos amigos depois de tanto tempo mexia comigo. Sabia que, inevitavelmente, conversas sobre o passado viriam à tona. E lá estaria ele, Jonathan, com aquele sorriso tímido que eu conhecia tão bem. Será que ainda me olharia da mesma forma?
Cheguei ao bar e vi alguns rostos conhecidos já sentados. A música ao vivo tocava baixinho, criando uma atmosfera tranquila. Respirei fundo e caminhei até a mesa, sendo recebida com abraços calorosos e risadas. Por alguns minutos, consegui esquecer a tensão que rondava minha mente. A conversa fluía naturalmente, como se os anos não tivessem passado. E então, lá estava ele. Jonathan chegou alguns minutos depois, e por um breve momento nossos olhares se cruzaram. Meu coração disparou, mas tentei disfarçar, focando em qualquer outro detalhe ao redor. A noite apenas começava, e eu sabia que seria cheia de emoções.
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𝚁𝚄𝙿𝚃𝚄𝚁𝙰 | 𝗝𝗼𝗻𝗮𝘁𝗵𝗮𝗻 𝗖𝗮𝗹𝗹𝗲𝗿𝗶
Fanfiction"O casamento às vezes não é o conto de fadas que imaginamos, não é? Com Jonathan Calleri e Luana Martínez não foi diferente: o relacionamento esfriou aos poucos e o encanto foi desaparecendo." [+16]