Capítulo 32

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Boa leitura
meus amores 📖

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Mathias on

Acordei na madruga com o radinho tocando, era hora de levar a mercadoria pro comprador num galpão abandonado. Vesti a camiseta, peguei a arma e depois de pôr meu boné saí de casa. Cumprimentei os vapores e estávamos aguardando Nuno e PL.

— Desculpa a demora, galera, tava ocupado. — fala Nuno vestindo a camisa.

— Você tá sempre ocupado com alguma mina. Quero ver o dia em que a Renata descobrir seus escapes. — brinco, sabendo que o cara tá sempre metido em confusão.

— Não fala isso nem brincando, cara. Se ela descobre meu lance com a... — Nuno para no meio da frase, percebendo que ia falar demais.

— Fala, cara. — provoco, mas ele só ri, negando com a cabeça.

— Nem a pau. — responde, e antes que eu possa insistir, o rádio dá o sinal que precisamos. Era hora de partir.

Caminhamos pelas vielas escuras do Vidigal, eu à frente, PL ao lado e Nuno logo atrás. Não era uma noite como as outras, o Caveira tava viajando com a Malu, e o peso de comandar caía sobre mim e PL. A responsa era grande, mas nada que a gente já não tivesse acostumado.

Chegando no galpão, PL me deu um toque no braço, indicando que ele ia checar o perímetro. Fiz um sinal com a cabeça, e ele sumiu na escuridão. Enquanto isso, Nuno acendia um cigarro e olhava pro céu.

— Algum dia você pensa em parar com isso, Mathias? — ele perguntou, de repente. Eu não esperava essa.

— E por que eu faria isso? — respondi, sem saber ao certo o que ele queria dizer.

— Sei lá. Com o Caveira indo morar com a Malu e tudo mais, parece que as coisas tão mudando. — ele disse, soltando a fumaça. — Não sei quanto tempo a gente ainda vai viver desse jeito.

Antes que eu pudesse responder, ouvi passos. PL voltou com o sinal de que o lugar tava limpo, e a gente fez a entrega sem problemas.

(...)

No caminho de volta, quando a gente já tava subindo a ladeira, me esbarrei com alguém. Foi um choque rápido, e quando olhei, era a Thayla.

— Mal aí, Thay. Não vi você. — falei, um pouco surpreso. Ela tava com os fones de ouvido e deu aquele sorriso de sempre.

— Tudo bem, Mathias. Eu também tava distraída. — ela respondeu, e PL, que tava um pouco atrás, se aproximou, olhando com aquela cara fechada.

— Thayla, não é muito tarde pra você estar por aqui? — ele perguntou, direto.

Ela deu de ombros, como se não fosse nada.

— Só tava dando uma volta, PL. Não preciso de babá. — ela respondeu, com o tom de quem não queria discussão. PL continuou encarando, claramente incomodado.

— Não custa nada tomar cuidado. — ele resmungou, e eu ri.

— Vai pegar leve, PL. A Thay sabe se virar. — falei, vendo que ele tava ficando enciumado, mesmo que tentasse disfarçar.

Thayla apenas balançou a cabeça e se despediu, seguindo seu caminho. Assim que ela sumiu de vista, PL chutou uma pedra com força, irritado.

— Não gosta que ela fique de bobeira por aí, né? — provoquei.

— Tô só dizendo que ela devia se cuidar. — ele respondeu, mas eu sabia que o buraco era mais embaixo. PL tava com Amanda, mas desde sempre ele tinha uma quedinha pela Thayla. E vendo ela agora, foi fácil perceber que o ciúme tava pegando nele.

— Sei. — murmurei, mas deixei o assunto morrer ali.

A gente voltou pro ponto, e a noite seguiu seu curso. O Caveira ia voltar em breve, mas até lá, as coisas no morro tinham que continuar rodando, com ou sem drama entre PL e Thayla.

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FILHA DO PASTOR Onde histórias criam vida. Descubra agora