Capítulo 16

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Caveira.

Dois meses depois...

— Fala meu mano..- diz th fazendo toque comigo, faz uns dias que ele veio bater um lero comigo e disse que ele não fez por mal em querer afastar a irmã dele de mim, foi pelo pai deles que se soubesse surtaria. Eu entendi o cara, e estamos de bem.

— Eae..- falo enquanto contava o último bolo de dinheiro — Tudo suave?

— Agora sim, malu tá retornando pra casa. Cara estava com muita saudades da minha irmã, tivemos nossas divergências mas eu amo minha irmã.

Parei tudo que estava fazendo e encarei mathias, algo em mim despertou com essa informação, eu não sei explicar. Mas, ouvir que Maria Luiza estava retornando pro morro me acendeu uma chama de esperança, esperança dela ter repensado e ter considerado ficarmos juntos.

— Bacana irmão, bacana..- disse apenas, ele assentiu pegando um maço de cigarro e levando a boca — Desde quando você tá envolvido com essas paradas aí irmão?

— Qual foi?- disse tragando uma me encarando, dei de ombros... O telefone do mesmo tocou e ele atendeu — Oi mãe?.... Tá bom, entendi, vou ir lá buscar a mana... Fechou

— Tudo nos conformes cara?- ele concorda — Precisando de ajuda, eu tô dentro mano.

— Faz um favor pra mim então?- assinto — Pode ir buscar a Malu na casa da minha tia?

Eu contava com tudo menos isso, respiro fundo antes de lhe dar a resposta.

— Vou sim, pode deixar!!- ele sorri e fazemos um toque.

— Eu tô confiando em você mano, isso é pra provar isso!! - concordo colocando o boné e pegando a arma

— Pode confiar.

Peguei o carro e saí da boca. Durante o caminho, tentei manter a mente no foco, mas era inevitável. Maria Luiza não saía da minha cabeça desde o dia em que ela decidiu ir embora. Dois meses. Sessenta dias sem ver o rosto dela, sem ouvir sua voz, sem sentir o cheiro que eu tanto gostava. Ela fez uma escolha e eu respeitei, mas era impossível não sentir a falta que ela fazia.

Estacionei na rua de cima da casa da tia do Th, a mesma onde Maria Luiza estava hospedada. Respirei fundo antes de sair do carro. Sabia que o momento ia chegar em algum momento, mas não esperava que fosse tão de repente. Mas não dava para fugir. Saí do carro e caminhei até a porta, batendo com firmeza.

A porta se abriu, revelando uma Malu diferente. O cabelo um pouco mais comprido, uma expressão mais madura, mas os mesmos olhos que me fizeram querer tudo desde o primeiro dia. Ela me olhou por um segundo antes de falar:

— Thiago?

— Eu mesmo. O Th mandou eu vir te buscar.

Ela hesitou, cruzando os braços, como se precisasse de um tempo para processar. Eu não disse nada, apenas esperei. Sabia que tinha que dar o tempo dela.

— Ele está bem? — ela perguntou, olhando para o chão, sem me encarar diretamente.

— Tá sim. Ele sente sua falta, sabe? Todo mundo sente.

Ela suspirou e saiu da porta, indo buscar suas coisas. Não demorou muito para voltar com uma mochila nas costas e uma expressão indecifrável no rosto. Quando passou por mim, senti aquele perfume familiar, e por um segundo, o mundo ao meu redor pareceu parar.

— Vamos? — ela disse, finalmente me encarando.

Assenti e a segui de volta até o carro. O silêncio era pesado enquanto dirigíamos de volta para o morro, mas, de alguma forma, eu sabia que era só questão de tempo até que tudo explodisse. Quando chegamos ao pé do morro, parei o carro e olhei para ela, que ainda encarava a janela.

— Malu... — comecei, a voz mais baixa do que eu pretendia. Ela não respondeu de imediato, mas vi seus ombros enrijecerem, como se ela estivesse preparando para o que estava por vir. — A gente precisa conversar.

Ela fechou os olhos por um segundo antes de responder, ainda olhando para a frente.

— Eu sei, Thiago... Eu sei.

Suspirei, tirando o boné e passando a mão pela cabeça, sentindo a tensão que crescia entre nós.

— Eu tô tentando fazer as coisas do jeito certo, sabe? — continuei, virando para ela. — Mas eu nunca fui bom nisso... e você sabe disso mais do que ninguém.

Ela finalmente virou para mim, os olhos cheios de algo que eu não conseguia decifrar. Era raiva? Dor? Confusão? Talvez tudo isso junto.

— Eu fui embora por um motivo, Thiago. — Sua voz era firme, mas havia uma vulnerabilidade ali que ela não conseguia esconder. — Eu precisava de espaço, precisava entender o que eu realmente queria.

— E agora? — perguntei, direto. — Agora que você voltou?

Ela mordeu o lábio, algo que sempre fazia quando estava nervosa, e isso mexeu comigo.

— Eu não sei... — ela admitiu, e pela primeira vez, vi a verdade crua nos olhos dela. — Eu não sei o que fazer com o que sinto por você.

Essas palavras mexeram comigo mais do que eu esperava. Fechei os olhos por um segundo, tentando controlar a raiva e o desespero que começaram a subir. Eu queria gritar, queria perguntar por que ela tinha ido embora, por que tinha me deixado sozinho. Mas, em vez disso, respirei fundo e abri os olhos, encontrando os dela de novo.

— Então, vamos descobrir juntos.

Continua?¿

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