Passei um longo tempo observando Jhon e Janet pela janela, numa conversa que me parecia não ser nada fácil para ele. O comportamento do meu marido demonstrou isso, diante da tensão que transmitiu em certo momento. Confesso ficar enciumada com essa interação deles.
Afinal, sou esposa dele e, antes mesmo disso, fui sua terapeuta e não conseguia tirar nada de si que o deixasse com essa ansiedade toda. O que será que ela sabe dele que eu nunca consegui descobrir? Será que está certo um marido esconder coisas da esposa? No meu ponto de vista, isso não é nada bom.
Entretanto, não posso simplesmente chegar pra ele e perguntar. Se em oito anos juntos ele não sentiu confiança em me contar, forçar agora só traria problema para nós dois. E não queria entrar em qualquer conflito com ele, pois o amo mais que tudo. Eu verdadeiramente o amo demais.
Porém, sei que nunca consegui o amor profundo dele. Que o Jhonson tem sentimentos por mim, eu sei que sim. Mas, se é amor o que ele sente, não posso afirmar. Não sinto falta de carinho e atenção da parte dele. Sinto-me completa e feliz por ter um homem como ele em minha vida.
Mesmo que não seja meu por completo.
Há alguma coisa em seu passado que o quebrou de verdade. Talvez alguma expectativa frustrada, uma decepção... Pode ser que a perda de seus pais doa mais do que eu possa imaginar. Já que pouco fala sobre o assunto. E sei que estar novamente aqui na fazenda trouxe para ele uma satisfação sem igual. E por incrível que pareça, nossa filha também me parece bastante satisfeita.
Mas, há algo que vai além disso. Algo que talvez eu nunca vá descobrir e nem sei se quero fazer isso. Tenho receio de mexer numa área complicada e acabar perdendo o homem que amo de vez. Não... Melhor deixar as coisas como estão mesmo e seguir com nossa vida dessa forma que está, afinal, eu sou feliz assim.
- Senhora Smith, o motorista disse que o carro está pronto. - Lucélia disse, ao se aproximar de mim na varanda.
- Muito obrigada! - Pedi que o funcionário da casa preparasse o carro, pois queria ir a feira da pequena cidade, próximo a fazenda, onde dizem ser muito boa. Fiquei curiosa e decidi levar minha pequena para ir comigo. Chamei o Jhon, mas ele saiu para cavalgar com a irmã dele logo cedo. Como hoje é o último dia da feira, não vou deixar de ir.
- Eu quero passear de cavalo com o papai, mamãe! - Minha pequena reclama pela milésima vez.
- Filha, você cavalgou ontem a tarde toda! Essa feirinha não vai durar mais do que hoje. - Argumento, tentando convencê-la.
- Mas eu quero ficar com a titia também. Ela vai embora amanhã.
- Você pode ver a tia Janet quando voltarmos, meu amor. Não vamos demorar nadinha. - Falei e, após fazer um bico de reprovação, calou-se. - Olha, pelo que Lucélia disse, tem um parquinho com algumas brincadeiras que sei que você gosta muito, como pula pula, casinha de bolinhas e jogo da argola. Você não gosta disso tudo?
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TRAFICADAS
ActionO tráfico humano é um distúrbio da nossa sociedade. Diariamente, crianças e mulheres principalmente são tiradas de seu lar, sua família, para servirem como objetos sexuais nas mãos de tudo quanto é tipo de pessoas abomináveis. Nessa situação, um age...