Capítulo 5

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Voltei mais cedo!

☀️🌊

Acordei com o som suave do vento sacudindo as folhas e dedos me cutucando na costela. Eu sorri, ainda de olhos fechados, mas logo percebi que Daniela estava tentando me acordar de verdade.

— Amélie... — Ela sussurrou.

Abri os olhos devagar, piscando para focar. Daniela já estava sentada na beirada da cama, com os cabelos recém lavados.

— Que horas são? — Murmurei, minha voz ainda meio arrastada por causa do sono.

— Umas sete e meia. — Ela respondeu. — Achei melhor a gente descer logo, você sabe...

Levei um segundo para entender completamente o que ela queria dizer. A casa estava tranquila ainda, todos dormindo, e não havia sinais de vida lá fora além do som distante do mar. Daniela estava preocupada com o fato de termos passado a noite juntas no meu quarto.

— É cedo... Você acha que eles vão desconfiar de algo? — Perguntei, enquanto pegava minha toalha e procurava meus itens de higiene pessoal.

— Melhor não arriscar. Não quero deixar sua mãe com motivos para achar que alguma coisa está errada.

Concordei e fui para o banheiro tomar meu banho matinal. Não demorei muito e logo estava de volta ao quarto, Daniela estava encostada na cabeceira da cama enquanto mexia no celular.

— Seu carro... — Falei assim que lembrei do motivo dela ter ficado aqui essa noite. — Conseguiu resolver?

— Consegui. O guincho vai passar daqui a pouco para levar o carro até a oficina. Já liguei cedo e combinei tudo. — Ela cruzou os braços e me olhou.

— Tudo bem. — Assenti. — Vamos descer, então.

— Acho que a gente devia preparar o café da manhã para todo mundo, já que estamos acordadas. — Ela sugeriu assim que chegamos na cozinha. Daniela pegou a cafeteira e encheu com água.

— Tá bom, vou pegar umas frutas e pão. — Respondi, indo até a geladeira.

Enquanto eu organizava algumas frutas para a salada de fruta e cortava algumas fatias de pão sobre a mesa, senti Daniela se aproximando por trás de mim, me envolvendo em seus braços e beijando meu pescoço. O calor da proximidade dela me fez sentir meu coração disparar. Ela tinha esse poder sobre mim.

— Tá tudo bem? — Ela questionou, sua voz baixa só para mim.

Eu só consegui assentir, incapaz de dizer qualquer coisa naquele momento. Não era o que ela dizia que mexia comigo, mas o jeito que ela fazia. Ela sorriu com um sorriso de quem sabia exatamente o efeito que tinha sobre mim, e se afastou para continuar a preparar o café. Respirando fundo, eu voltei à minha tarefa, tentando me concentrar nos pães e nas frutas, mas com a mente ainda presa nela.

Quando terminamos de arrumar tudo, a mesa estava pronta, e o cheiro de café fresco invadia a cozinha. O sol já estava mais alto no céu, e a casa começava a acordar lentamente. Podíamos ouvir o som de passos no andar de cima e foi aí que ouvimos o som de um motor lá fora, quebrando o silêncio suave. Eu vi Daniela franzir a testa levemente, e então seus olhos se voltaram para a janela.

— O guincho chegou. — Ela falou.

— Já? — Perguntei, tentando disfarçar a decepção, pois queria que ela ficasse por mais tempo. Daniela assentiu, pegando suas chaves.

— Parece que vou ter que perder o café. — Ela disse com um sorriso leve.

— Não dá para você sair assim, sem ao menos tomar um pouquinho. — Falei. — O guincho vai demorar alguns minutos, né?

— Amélie... — Começou a falar, mas eu a interrompi, me aproximando dela e pegando sua mão com suavidade.

— Só um café. — Insisti, com cara de cachorro de rua.

Antes de ir embora de fato, Daniela se inclinou e seus lábios encontraram os meus. O beijo foi rápido pois corríamos o risco de alguém nos flagrar.

Aquele era meu último dia da minha estadia no litoral, e a manhã passou voando entre risadas e conversas em família. Fomos à praia, nadamos, jogamos vôlei e fizemos um piquenique na areia. Mas, mesmo rodeada, eu não conseguia deixar de pensar em Daniela e em como gostaria que ela estivesse ali.

Depois de algumas horas, voltamos para a casa de veraneio, onde a realidade bateu à porta. Eu precisava arrumar as malas, e essa ideia me deixou um pouco apreensiva. O fim de semana havia sido maravilhoso, mas a perspectiva de ir embora me deixava inquieta, principalmente porque eu não sabia o que seria de mim e da Daniela. Continuei colocando algumas roupas na mala, quando meu telefone tocou. Meu coração disparou quando vi o nome dela na tela. Não hesitei em atender.

— Daniela! — Falei, a expectativa na minha voz era inegável.

— Oi, meu bem! — Daniela respondeu, com aquele tom familiar que me deixou instantaneamente mais relaxada. — Eu estava pensando em você.

— Eu também estava pensando em você! O dia todo na verdade. — Eu disse.

— Eu... queria muito te ver antes de você ir embora. - Daniela falou.

— Estou a caminho! — Respondi rapidamente, já me levantando e pegando uma jaqueta. — Chego já já.

Ao chegar, respirei fundo e logo fui recebida por Daniela que abriu um sorriso que me fez sentir que estava exatamente onde queria estar.

— Como foi seu dia? — Ela perguntou ao sentarmos no sofá.

— Foi ótimo! Mas senti falta de você. A verdade é que eu estava pensando em você o tempo todo. — Falei olhando nos seus olhos.

Ela se inclinou e lentamente nossos lábios se encontraram em um beijo suave que logo se tornou mais intenso, como se todo o desejo acumulado finalmente tivesse encontrado seu caminho. Quando finalmente nos separamos, ambas ofegantes, Daniela sorriu alinhando os fios de cabelo.

— Eu queria te fazer um convite. A festa de aniversário da minha filha vai ser no final do mês. Eu contei a ela sobre você, e ela ficou super animada para conhecer minha nova amiga. — Daniela falou fazendo aspas na palavra "amiga". A menção da filha dela me pegou de surpresa, e uma mistura de emoções tomou conta de mim. Fiquei feliz pelo fato dela me querer em sua vida.

— Eu adoraria ir! — Respondi, um sorriso involuntário se espalhando pelo meu rosto. — Quando é a festa?

— No dia 30. Vai ser uma pequena comemoração em casa. Eu realmente quero que você esteja lá. Para mim e para ela, será especial tê-la conosco.

— Com certeza! Vou fazer o possível para estar lá. — Assegurei, sentindo que a proposta era um passo significativo para nós.

A conversa fluiu naturalmente entre nós, enquanto Daniela me contava sobre a filha, seus interesses, e como estava animada para a festa. A ideia de ser parte desse momento familiar era incrível, e eu me sentia mais próxima dela a cada palavra. O momento que compartilhamos no sofá não era apenas um beijo, mas sim uma promessa silenciosa de que ela estava disposta a dar passos naquele caso indefinido.

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