ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ cap. 10

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SELENA REYES .ᐟ

Encarar meu reflexo quase me fez vomitar

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Encarar meu reflexo quase me fez vomitar. Me afastei instintivamente do espelho, como se ele tivesse me dado um soco (o que, convenhamos, seria o mínimo, considerando minha aparência). Não era só uma questão de parecer horrível; eu me sentia horrível. Meu rosto parecia uma bola de inflar, duas vezes maior do que deveria ser. E o olho esquerdo? Roxo. Medonhamente roxo. Um roxo que gritava: "Alguém me socou". Para completar o combo, a base do meu pescoço latejava como se alguém tivesse decidido, casualmente, tentar esmagar meu crânio com o pé.

Lavei o rosto, a água fria era revigorante sobre minha pele quente. Fiz uma careta enquanto secava com cuidado, como se qualquer toque mais firme fosse me quebrar. Mordi o lábio, me apoiando na pia enquanto encarava o espelho de novo. Tentei não me engasgar com o que via. Pobre corpo. Ele passou por tanta merda no último ano que era quase um milagre eu ainda estar de pé.

Voltar à civilização parecendo que tinha acabado de sair de uma briga de rua? Não, obrigada. Então, o lockdown no colégio era praticamente uma dádiva disfarçada. Banidos dos corredores, trancados em nossos quartos (celas seria uma descrição mais apropriada), por vinte e quatro horas. A comparação com uma prisão não era nem um pouco exagerada. A única diferença é que estávamos sem comida.

E, como se meu estômago quisesse reforçar o ponto, ele roncou. Alto. Pressionei a mão contra ele, cerrando os dentes. Disseram que trariam água a cada poucas horas, o que era ótimo. Mas, comida? Nada. Suspirei, exausta. Não conseguia dormir, como de costume. Eu estava muito tensa, esgotada, miserável.

Arrastando os pés ao sair do banheiro, me dobrei e torci meu longo cabelo loiro em um coque bagunçado no topo da cabeça. Passei a mão no rosto com cuidado, tentando domar qualquer fio de cabelo teimoso que se recusasse a ser amarrado. Fiz uma careta quando meu polegar roçou o canto da minha boca. Claro, até isso estava doendo.

Olhei para Imogen, que ainda estava desmaiada, de bruços, na cama. Inclinei a cabeça para o lado, olhando para ela com diversão. Se ao menos eu pudesse entrar em coma como ela, porque claramente nada nessa casa a acordaria. Sério, como alguém conseguia dormir tão profundamente? Tinha a leve impressão de que nem um terremoto a tiraria daquele estado.

Se ao menos eu tivesse esse dom de desconexão completa.

Como eles puderam me mandar para cá?

Quero dizer, sim, eu fazia besteiras. Muitas. Eu usava drogas. Bebia como se o álcool fosse água. Saía com caras aleatórios em bares que, tecnicamente, eu nem deveria ter entrado. A clássica garota-problema. Quebrada. Gritando silenciosamente por atenção. Mas, se alguém tivesse olhado com cuidado, teria visto que eu não queria isso. Que havia uma parte de mim que ainda acreditava que eu poderia ser consertada.

Suspirei pelo nariz, forçando meus olhos a fecharem enquanto a dor pulsava na lateral do meu rosto, latejante, me lembrando do quão fundo eu tinha caído. Minha mão subiu automaticamente até minha testa, o único lugar da minha cara que ainda não estava machucado, e dei um tapa leve (só para sentir algo que não fosse culpa ou arrependimento).

DELIQUENTES, nicholas chavezOnde histórias criam vida. Descubra agora