SELENA REYES costumava viver o arquétipo de vida perfeita ⎯ até que o destino decidiu encenar uma tragédia grega: a morte de seu pai. Agora, afundando em uma espiral de dor e autossabotagem, Selena não sabe como continuar. A solução? Seu avô acredit...
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Era como caminhar ao lado de uma bomba-relógio, esperando pelo inevitável. Pelo canto do olho, percebi o quanto ele estava tenso. Cada músculo do seu corpo parecia esticado ao máximo, como se ele estivesse pronto para explodir a qualquer segundo. Havia uma intensidade quase primal no modo como Nicholas cerrava a mandíbula. E, de vez em quando, os punhos dele se fechavam e abriam, como se ele estivesse lutando contra uma vontade incontrolável de liberar tudo o que o consumia por dentro. O silêncio entre nós estava carregado, e eu me perguntei o que aconteceria quando o relógio finalmente chegasse ao zero.
Uns minutos desconfortavelmente longos, até que eu decidi quebrar o gelo:
— Qual é o problema entre você e o Derek?
— Não é da sua conta.
— Eu quero que seja.
— Não faça isso — ele respirou asperamente, a voz grave. — Não finja que se importa.
— Acho que nós dois sabemos que eu não sou do tipo que finge se importar. — Revirei os olhos, sem esforço. — E nem precisa me conhecer tão bem para sacar isso. Não sou exatamente uma fonte inesgotável de empatia. Já tenho bastante com o que lidar por conta própria.
— Então eu não vou te sobrecarregar com as minhas merdas.
— Não é isso que eu estou pedindo. — Encolhi os ombros, quase preguiçosamente. — Só estou aqui para ouvir. Ouvir não significa carregar o peso dos seus problemas.
Ele soltou uma risada seca. Cética.
— Ah, ouvir. Tá.
— Sim, ouvir. — Dei um passo à frente. — Então, vai me contar sobre o Derek ou não?
— Você realmente não quer saber.
— Nicholas. — Minha paciência já estava fina.
— O quê? Assim que eu te contar, você nunca mais vai me olhar do mesmo jeito. — Ele balançou a cabeça, como se o pensamento fosse inevitável. — A última garota a quem eu contei fugiu. Literalmente.
— Eu não sou "a última garota". — Ergui as sobrancelhas, determinada. — E eu não fujo.
— Você diz isso agora. — Ele cruzou os braços, um meio sorriso incrédulo nos lábios.
— Nicholas. — Suspirei, minha frustração palpável. — Eu já encarei coisas muito piores. Então, sério, só... fala.
Ele soltou um suspiro profundo, passando os dedos pelos cabelos, o que só serviu para piorar a minha situação; não sei se foi o vento ou a forma como os músculos dos braços dele se contraíram por baixo da camiseta branca fina, mas, de repente, lá estava eu, tentando não babar.
— Você realmente quer saber?
— Não, eu só estava passando o tempo. — A ironia pingou da minha voz enquanto eu erguia uma sobrancelha.
