SELENA REYES costumava viver o arquétipo de vida perfeita ⎯ até que o destino decidiu encenar uma tragédia grega: a morte de seu pai. Agora, afundando em uma espiral de dor e autossabotagem, Selena não sabe como continuar. A solução? Seu avô acredit...
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Descrever a dor na minha cabeça como um martelo batendo repetidamente era uma subestimação grotesca do que eu realmente estava sentindo. Era mais como se uma manada de elefantes tivesse decidido organizar um desfile improvisado na minha mente, trocando as batidas do tambor por socos implacáveis. O pulso insistente reverberava em cada canto do meu corpo, e eu mal conseguia me concentrar em um único pensamento antes que ele fosse esmagado. Tudo o que eu queria era me enfiar em um buraco escuro e esquecido, longe de qualquer luz ou som, onde o mundo e suas exigências não pudessem me alcançar.
Queria vomitar.
Na verdade, eu já havia vomitado. Três vezes, para ser exata.
Depois de dar descarga no vaso, me arrastei, ainda de quatro, até o chuveiro. Com esforço, estiquei a mão e girei o registro. A água fria despencou em jatos pesados, batendo contra minha pele como se quisesse me punir por... bem, por tudo. Foi só então que me dei conta de que ainda estava usando o vestido da noite anterior (aquele que definitivamente revelava mais do que deveria). Mas, sinceramente? Eu não conseguia me importar. Me encolhi em posição fetal, deixando a água fria me atingir como mil agulhas.
Logo, comecei a tremer. Tudo o que eu queria era me enrolar debaixo de um cobertor e dormir por um ano. Ou dois. Preferencialmente sem interrupções. Imogen entrou pela porta, tropeçando nos próprios pés, e eu mal consegui levantar a cabeça para olhar. Ela cambaleou até o chuveiro e, para meu completo desgosto, o desligou.
— Ei — eu protestei. — Estava me congelando até a morte aqui.
— Cometendo suicídio, é? — Imogen murmurou, desabando no chão ao lado do boxe e apoiando as costas na parede como se tivesse acabado de correr uma maratona. — Sei como é. Me sinto um lixo completo.
— Beber tanto parecia uma boa ideia na hora — observei, literalmente deitada em uma poça de água gelada. Me virei de lado, o azulejo do banheiro era frio contra a pele do meu rosto. Por um segundo, eu considerei a possibilidade real de me afogar ali mesmo.
Foi então que Chase entrou no banheiro, e a expressão de nojo no rosto dele seria cômica se eu não estivesse ocupada me arrependendo de cada gole que tomei na noite anterior. Ele arqueou uma sobrancelha e fez um biquinho.
Cara, quem sabia o estado em que estávamos? O cabelo de Imogen era um ninho selvagem, o rosto dela estava assustadoramente pálido, e... ótimo, acho que tinha vômito no canto da boca dela. Quanto a mim? Eu estava completamente largada no chão do chuveiro, cabelo grudado na minha pele de um jeito nada atraente, e havia maquiagem borrada por todo meu rosto.
— Huh, Selena, você está tentando se matar? — Ele perguntou, inclinando a cabeça para o lado enquanto estudava minha posição.
— Mais ou menos... — A resposta saiu arrastada. Parecia que cada palavra era feita de vidro e estava cortando a minha garganta por dentro.
