Censura E Marcas Sooam Como Brisas

Conhecer A Fantasia

Você me olha, mas só vê o que deseja,
Como se meu ser fosse um reflexo do teu sonho,
Desenha em mim uma versão idealizada,
E apaga as partes que eu guardo no abandono.

Você conhece em mim o que você quer,
As partes fáceis, os sorrisos sem dor,
Mas ignora os becos onde a luz não chega,
Onde eu guardo o que sou, longe do teu amor.

Eu te mostro pedaços, mas nunca o todo,
Pois você só aceita o que pode entender,
E assim me moldo, feito argila em tuas mãos,
Enquanto meu verdadeiro eu, você não quer ver.

Você se encanta com a superfície calma.
Você me prende na ideia que construiu,
Como se eu fosse apenas um espelho a refletir, o que te agrada, o que te faz sorrir,
Mas minhas sombras, essas, você não quis incluir.

Quando deixar de ver sua fantasia,
Você verá que nada é do jeito que espera,
Eu sou mais que as cores que você escolheu pintar, tenho fissuras que você se recusa a olhar,
E se um dia ousar me ver por inteiro.

Talvez um dia descubra que há mais dor e desejo,
E que o amor,
Esse verdadeiro,
Não vive apenas no brilho do que é passageiro.

Você me veste com tuas ilusões,
Como se ocultar a verdade fosse fácil,
Mas as feridas não desaparecem,
Sob o véu da perfeição que você quer ver.

Elas estão lá, pulsando em silêncio,
Mesmo quando você fecha os olhos,
Ignorando o que não te agrada,
Fingindo que sou apenas o que imagina.

Às vezes, meu silêncio te confunde,
Não por falta de palavras,
Mas porque sei que não está pronto,
Para ouvir o som da minha dor abafada.

Você pede sinceridade, mas teme,
O que pode encontrar nas profundezas,
E eu, com medo de te perder, me calo,
Até esquecer quem sou, de tanto me moldar.

Em cada abraço, carrego o peso,
Do que escondo por trás dos gestos,
Mas mesmo sabendo que nunca verá,
Infelizmente, eu te amo.