Fiquei encarando o perfil por dias, imaginando se deveria mandar uma mensagem.Parei por um instante. Sabia que presos não podiam ter acesso à internet ou redes sociais. E se aquele nem fosse o perfil certo? Mas uma força maior me levou a escrever uma mensagem:
"Oi, Raul. Não sei se você vai lembrar de mim, mas nos encontramos no oftalmologista. Espero que esteja tudo bem."
Era como se uma barreira invisível estivesse entre nós. Mesmo que eu quisesse cruzá-la, havia algo maior que me impedia. Não eram apenas as correntes que o mantinham preso fisicamente, mas também as que me prendiam mentalmente.
Enviei a mensagem. E, no segundo seguinte, o arrependimento me atingiu. Ele não poderia responder. Aquilo era completamente impossível, eu sabia disso. Mas, mesmo sabendo que a mensagem cairia no vazio, não consegui evitar. Algo em mim precisava tentar, precisava estender a mão, mesmo que fosse em direção ao nada.
Eu olhava para o celular, sabendo que não haveria resposta. Sabia que não deveria esperar por isso. Mesmo assim, o fato de ter enviado a mensagem me fez sentir como se tivesse dado o primeiro passo em direção a algo desconhecido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Correntes e Olhares: Uma História Inesperada
RomanceEm uma sala de espera de oftalmologista, a vida de uma jovem muda drasticamente quando ela encontra Raul, um preso em liberdade condicional, algemado e acompanhado por policiais. Apesar das circunstâncias, a conexão entre eles é imediata, e ela se v...