O Silêncio que Fala Alto

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Os dias passaram lentamente, cada um mais pesado que o anterior. A ausência de Raul, de uma simples resposta, se tornou mais palpável. Comecei a questionar se eu não estava me apegando demais a alguém que nem fazia parte da minha vida. Mas algo sobre aquele breve encontro, aquela troca de olhares e palavras, continuava comigo.

Naquela noite, enquanto deitava na cama, uma ideia me ocorreu. E se eu escrevesse uma carta? Se ele não podia responder pela internet, talvez cartas fossem uma solução. A ideia parecia estranha, quase antiquada, mas, pensando bem, fazia sentido para alguém que estava preso. A questão era: como eu poderia ter certeza de que a carta chegaria até ele?

Resolvi fazer uma pesquisa online. Comecei a procurar informações sobre o sistema prisional do estado e logo encontrei uma lista pública com os endereços de várias unidades prisionais. Depois de algum tempo, finalmente localizei a prisão que provavelmente correspondia ao perfil de Raul, considerando a região onde vivemos e o tipo de prisão. Eu estava hesitante, mas tinha certeza de que era o lugar certo.

Com essa informação, sentei-me à mesa com papel e caneta. Escrevi uma carta simples, explicando quem eu era, o que tinha sentido ao encontrá-lo e como queria continuar aquela conversa, mesmo sem saber como ele reagiria. Cada palavra parecia carregada de esperança e dúvida ao mesmo tempo. Mas, ao final, lacrei o envelope e o coloquei na mesa, já com o endereço da prisão anotado.

Eu não sabia se ele receberia a carta, nem se responderia. Mas, de alguma forma, isso parecia o próximo passo natural.

Entre Correntes e Olhares: Uma História InesperadaOnde histórias criam vida. Descubra agora