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A velhice poderia ser a suprema solidão, não fosse a morte uma solidão ainda maior.

-Jorge Luís Borges

~ O Despertar ~

Diferente do normal, a noite de hoje estava extremamente gélida e silenciosa

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Diferente do normal, a noite de hoje estava extremamente gélida e silenciosa.

Abraçando seu próprio corpo a garota tentava se proteger do frio, o que obviamente foi um ato inútil, já que a cada rajada de vento a garota se arrepiava e se encolhia ainda mais sobre seus braços.

Seu coração palpitava tão rápido que parecia até mesmo a batida de alguma música animada, estava com medo, uma garota sozinha andando pela noite fria e silenciosa de Port Angeles, era entendível o medo que a garota estava sentindo.

Se sentia uma covarde, tão fraca quanto um pequeno ratinho que foi encurralado pelo gato, se sentia vulnerável.

Como se a noite não pudesse ficar pior, uma horrível sensação invadiu o corpo frágil da garota, ela parou de andar e olhou ao seu redor, não havia ninguém, estava completamente sozinha naquela rua, ela não sabia se isso a relaxava ou se a deixava com ainda mais medo.

Ela voltou a andar, porém, dessa vez mais rápido, ela só queria chegar logo em casa, mas parece que o destino tinha outros planos para a garota.

Seu corpo deu um pequeno pulo ao ouvir um barulho alto vindo diretamente de um beco, com o coração ainda mais rápido a garota se recusou a olhar na direção do beco.

Porém isso não foi o suficiente, já que logo em seguida ouviu som de passos, passos fundo e pesados, era um homem e ela sabia disso.

Não era preciso olhar para trás já que ela sabia que o homem estava logo atrás dela, não aguentando mais a situação, seu corpo agiu sozinho, quando ela reparou já estava correndo na direção de sua casa.

Mas a cada passo que ela dava, sentia que sua casa estava cada vez mais longe.

" Por que está demorando tanto? '' A garota se perguntava sentindo seus pulmões queimando, ela precisava parar.

Quando sentiu que seus pulmões estavam prestes a explodir a garota parou, colocou suas mãos apoiadas nos joelhos e respirava rapidamente tentando trazer um alívio para seu corpo.

Bastou apenas alguns segundos, era apenas alguns segundos de descanso, mas esses segundos foi tempo o suficiente para que o que estava a seguindo finalmente a pegasse.

Tudo ocorreu tão rápido, nem ao menos deu tempo para a garota gritar por ajuda, quando ela percebeu já estava sendo prensada contra o chão gelado e úmido, ela olhou para aquilo que estava sobre ela e isso fez seu coração errar uma batida.

Era um homem, seus dreads caiam majestosamente sobre seus ombros fortes e um sorriso malicioso estava estampado em seu rosto.

Mas não foi isso que a assustou, era algo que ela nunca havia visto antes.

Seus olhos vermelhos, não vermelhos como lentes de contato, era um vermelho vivo e que claramente era a cor natural de seus olhos, ele a olhava de maneira divertida, estava feliz com a situação que a garota se encontrava.

- Shiii, não tenha medo - O homem disse quando viu que a garota estava prestes a gritar, ele passou levemente seus dedos sobre o cabelo loiro da garota, estava fascinado.

- Por favor, me deixe ir... - Com lágrimas nos olhos a garota implorou, seja lá o que esse homem queria, ela tinha certeza que não era algo bom.

- Você vai ser ótima para nós, minha linda recém criada... agora fique bem paradinha ok? - O de dreads disse enquanto segurava firmemente o corpo da garota abaixo de si, com o pânico invadindo seu corpo a garota tentava se debater, mas a força que o homem a segurava a deixava completamente imóvel.

Fechando os olhos com força a garota sentiu ele se aproximar, sua respiração batia na orelha da garota e logo depois em seu pescoço, ainda com os olhos fechados a garota sentiu uma dor estridente em seu pescoço, ele havia a mordido.

Mal sabia a garota que essa dor não era nada comparada a dor do veneno.

Seus olhos se abriram em completo desespero, o homem saiu de cima da garota e ficou a observando se debatendo no chão.

Ela gritava com todo o ar que tinha em seus pulmões, se debatia como louca e até mesmo se arranhava, mas nada parecia melhorar a dor que ela estava sentindo em todo o seu corpo. Ela estava agonizando.

O veneno agia em seu corpo em alta velocidade, passava por seu coração, suas veias e até seus ossos, ele estava a matando por dentro.

Minutos depois o sofrimento se foi, a dor que ela estava sentindo se foi magicamente, ela olhou para o homem em pé ao seu lado ainda meio atordoada.

- O que você fez? O que você fez comigo? - A garota se sentou no chão com muita dificuldade, sua voz saiu fala e rouca, havia algo em sua garganta que não a deixava falar.

A sede.

- Você estava tão fraca andando pelas ruas... tão sozinha, ai eu como um bom homem pensei em te ajudar... - Ele se agachou na sua frente acariciou levemente seu rosto.

A garota queria avançar nele, subir em cima dele e o socar até seu rosto ficar irreconhecível, mas algo a impediu, ela estava com medo.

Ela olhava ao redor com medo, tudo havia mudado, sua visão estava mais nítida, seu olfato mais apurado e sua audição estava mais aguçada, ela conseguia ouvir até mesmo o som de passos, porém não havia mais ninguém naquela rua, ela ouvia passos de pessoas em locais longe dela.

Mas nada disso parecia importar, não quando sua garganta parecia implorar por água, estava tão seca que se tomasse 2 litros de água isso não iria a satisfazer.

- Eu estou com tanta... - Sua voz morreu no meio da frase, ela passava a mão pelo seu pescoço tentando aliviar a sede que sentia.

- Sede? Eu sei, vem, vamos achar alguém para você beber - O homem se levantou e estendeu a mão para a garota, ainda meio relutante ela segurou a mão do homem e a deixou ser levantada por ele.

Mesmo não confiando nele, ela não tinha outra escolha, estava em um mundo em que ela não conhecia nada.

Ela não sabia o porque estava com tanta sede ou até mesmo porque seus sentidos melhoraram drasticamente, mas o homem parecia saber.

Ela precisava de respostas, e ela sabia que ele as tinha.


E novamente a garota andava pelas mesmas ruas frias e silenciosas, mas dessa vez não estava sozinha, o vampiro chamado Laurent a acompanhava pelas ruas e a explicava tudo que ela precisava saber.

Ela não sentia mais o medo avassalador que a invadia antes, Laurent a disse o quão forte ela era, e ela se sentia forte.

A pequena garota vulnerável que havia iniciado aquela noite morreu, e agora só resta a garota confiante e forte que havia finalizado a noite (Ou talvez o monstro que roubou o lugar da pequena garota).

A garota deu um pequeno sorriso ao ouvir as novas informações que o vampiro mais velho a dava, ela bateu a mão sobre a sua roupa tentando amenizar as manchas vermelhas que agora se faziam presente.

Ela não estava mais com sede.

O Destino de Sangue - Seth ClearwaterOnde histórias criam vida. Descubra agora