Laços

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O calor do sol tocava minha pele enquanto eu seguia Hana pela praia. O silêncio entre nós não era desconfortável, mas também não era o suficiente. Eu precisava entender mais sobre quem ela era, e, se eu fosse sincero comigo mesmo, queria saber por que estava me sentindo tão... ligado a essa garota.

– Então, Hana... o que você estava fazendo sozinha nessa ilha deserta? – perguntei, tentando quebrar o silêncio e começar a conhecê-la de verdade.

Ela olhou por cima do ombro, os olhos brilhando com um toque de diversão.

– Coletando ervas, lembra? – disse, com um meio sorriso. – Preciso delas para fazer remédios.

– Ah, claro. – Ri um pouco, tentando disfarçar a minha curiosidade crescente. – Ervas medicinais? Que tipo de curandeira você é?

Ela riu baixinho, o som leve e caloroso. Havia algo em seu riso que fez meu peito relaxar, uma sensação de que, por um breve momento, as tensões do meu passado se dissipavam.

– Não sou exatamente uma curandeira – respondeu, ainda sorrindo. – Eu aprendi algumas coisas enquanto crescia. Viver em uma ilha isolada faz você aprender a se virar.

Eu arqueei uma sobrancelha, surpreso.

– Você cresceu aqui? Sozinha?

Ela balançou a cabeça.

– Não, cresci com meu pai. Ele me ensinou tudo sobre o que a ilha tem a oferecer. Mas ele... – Sua voz falhou por um momento, como se estivesse revisitando uma memória dolorosa. – Ele se foi há algum tempo.

– Sinto muito – disse, a sinceridade escapando antes que eu pudesse pensar em algo melhor para dizer.

Hana sorriu de forma melancólica, mas sacudiu a cabeça, como se quisesse afastar a tristeza.

– Tudo bem. Faz parte da vida, não é? A morte. – Ela me olhou de lado, brincando com o tom da própria voz. – Pelo menos é o que me dizem, mas eu não morri para saber.

Sorri com o comentário inesperado, surpreendido por sua leveza em lidar com algo tão pesado.

– É, eu acho que estou começando a aprender sobre isso agora também – respondi, mais sério do que pretendia.

Ela pareceu captar o significado por trás das minhas palavras e, ao invés de continuar no assunto sombrio, mudou de direção com uma expressão provocativa.

– E você? O grande Ace, irmão do infame Luffy... acha que consegue sobreviver na selva? Ou vai precisar de uma babá?

Soltei uma risada curta, balançando a cabeça.

– Ah, por favor. Eu sobrevivo em qualquer lugar. – Levantei o braço para mostrar meus músculos. – Você tá olhando para alguém que conseguiu se virar sozinho durante anos, sem ajuda de ninguém.

Ela olhou para mim com uma expressão cética, cruzando os braços.

– Ah, claro... o cara que acabou desmaiado na praia.

– Ei! – Me defendi, rindo. – Eu estava morto! Isso não conta.

Ela soltou uma gargalhada, genuína e suave, o tipo de risada que parecia iluminar o ambiente ao nosso redor. Aquilo me pegou desprevenido. Era bom poder rir de algo novamente, depois de tanto tempo preso em minha própria dor e perda.

– Ok, ok. Vou dar um desconto dessa vez – disse ela, ainda rindo. – Mas se você não aprender rápido a sobreviver por aqui, vou precisar fazer isso de novo. E acho que uma vez já foi o suficiente, não acha?

– Não vou deixar você fazer todo o trabalho – provoquei de volta, ainda sorrindo. – Mas agora estou curioso. O que mais você sabe sobre essa ilha? Além de me salvar e me dar lições de sobrevivência, claro.

Hana parou por um momento, olhando para o horizonte, os olhos dançando entre o mar e as montanhas à distância.

– Eu sei onde encontrar as frutas mais doces, onde as ervas curativas crescem, e... onde evitar ser devorado por uma fera gigante que pode aparecer do nada. – Ela deu uma piscadela.

Fiz uma expressão fingida de horror.

– Espera aí... feras gigantes? Você acha que isso é algo que deveria ter me contado antes, né?

Ela riu novamente, mas balançou a cabeça, divertida.

– Relaxa, eu te aviso quando estiver na hora de correr.

Nos próximos dias, Hana e eu passamos mais tempo juntos, e quanto mais conhecia dela, mais sentia que havia algo especial na nossa conexão. Ela me ensinou a encontrar água potável, a identificar plantas comestíveis, e até me mostrou onde os melhores peixes se escondiam nas águas cristalinas.

– Eu nunca pensei que aprenderia a sobreviver numa ilha deserta – comentei um dia, enquanto acendíamos uma fogueira para a noite. – Me sinto um pirata de verdade agora.

Ela riu ao meu lado, mexendo nas brasas da fogueira com um graveto.

– Achei que você já era um pirata de verdade – disse, lançando-me um olhar provocador.

– Tinha um bando e um navio – brinquei de volta. – Mas acho que isso faz de mim mais um náufrago agora, não acha?

Ela riu mais uma vez, e eu percebi o quanto gostava desse som. Cada risada dela parecia me puxar mais para fora da escuridão que me cercava desde Marineford. Havia algo libertador em poder rir, fazer piadas e simplesmente... ser.

Ao longo dos dias, Hana e eu formamos um laço genuíno. Havia momentos de silêncio confortável, onde apenas a presença um do outro parecia suficiente. E então, havia momentos em que fazíamos piadas bobas, sobre o quão péssimo eu era em pescar ou como Hana parecia ter uma resposta sarcástica para tudo.

Mas em meio a todas essas brincadeiras, algo mais profundo se formava entre nós. Eu podia sentir isso. Cada troca de olhares, cada sorriso compartilhado, aumentava essa sensação de que Hana era mais do que apenas alguém que me resgatou.

Havia algo mais. Algo que eu estava apenas começando a entender.

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⏰ Última atualização: Oct 10 ⏰

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O renascimento das Chamas - AceOnde histórias criam vida. Descubra agora