O renascimento das Chamas - Ace

Fagulha

Capítulo 2

A noite caiu, envolvendo tudo em um véu de silêncio. O som das ondas parecia mais distante agora, quase como um eco. A lua refletia na superfície do mar, lançando um brilho pálido sobre a areia. O vento soprava levemente, levantando grãos de areia ao redor de onde eu e Hana estávamos de pé.

Sentia meu corpo mais forte do que antes, como se as chamas dentro de mim estivessem se reacendendo aos poucos. Hana, no entanto, continuava a me observar com aquela calma intrigante, como se esperasse que eu fizesse a próxima pergunta. Mas, no momento, minha mente estava ocupada demais tentando entender o que estava acontecendo. Eu havia morrido, disso eu tinha certeza. Então, como era possível estar de pé aqui, nesse lugar?

– O que aconteceu comigo de verdade? – perguntei, finalmente quebrando o silêncio.

Hana olhou para o céu por um momento antes de responder.

– A verdade é complicada, Ace. Você... cruzou a linha entre a vida e a morte. A chama que queima dentro de você é poderosa, e é isso que te trouxe de volta. Mas o que a acendeu novamente é algo que vai além do que você pode entender agora.

– Além do que eu posso entender? – Eu ecoei, irritado. – Tente me explicar. Eu morri, Hana! Eu senti o punho de Akainu. Como é possível que eu esteja aqui falando com você?

Hana suspirou, como se estivesse pesando suas palavras com cuidado.

– Sua chama... não foi apagada completamente. Ela permaneceu, mesmo depois que seu corpo cedeu. Mas não foi apenas sua força que trouxe você de volta. Há algo maior em jogo, algo que eu não posso explicar com clareza, mas você foi chamado de volta.

– Chamado? – minha frustração crescia. – Por quem?

Hana se ajoelhou na areia, desenhando símbolos desconhecidos com os dedos.

– Eu não sei quem ou o quê o trouxe de volta, Ace. Mas sei que o mundo está mudando. Forças que dormiam por eras estão despertando. E você, de alguma forma, faz parte disso.

As palavras dela me deixaram em silêncio. O que significava que eu fazia parte de algo? Eu só queria proteger meus irmãos e viver minha vida com a liberdade que Barba Branca me deu. Agora, estava sendo puxado para algo que parecia muito maior do que eu jamais poderia imaginar.

– Eu preciso encontrar Luffy – insisti. – Isso é a única coisa que me importa agora.

Hana assentiu lentamente, como se já esperasse essa resposta.

– Eu entendo. Mas se for sair daqui, precisa saber no que está se metendo. Não há mais um mundo como o que você conheceu antes de Marineford. As coisas estão diferentes agora, e você precisa estar preparado para enfrentar o que vier.

Uma sensação de urgência começou a crescer dentro de mim. Luffy. Será que ele ainda estava lutando, tentando alcançar seus sonhos? E os outros? Será que o mundo havia mudado tanto assim enquanto eu estava... morto?

Hana se levantou e me ofereceu um pequeno frasco, cheio de um líquido azul brilhante.

– Beba isso. Vai ajudar com as dores e com o controle das suas chamas.

Peguei o frasco e o observei por um momento. Algo em mim hesitava, mas uma parte maior sabia que eu precisava confiar nela. Bebi o líquido e, instantaneamente, uma onda de calor percorreu meu corpo. As dores diminuíram e senti minhas forças retornando com mais intensidade.

– Você vai entender com o tempo – disse Hana suavemente. – Mas, por agora, você precisa se preparar. Sua jornada está apenas começando, Ace. O mundo está esperando por você.

Fitei o horizonte, sentindo as chamas dentro de mim se reacenderem com um novo propósito. Eu não sabia o que o futuro reservava, mas uma coisa era certa: eu não estava mais preso ao meu passado. A chama de Ace dos Piratas de Barba Branca havia renascido. E eu faria tudo para descobrir a verdade, encontrar Luffy e proteger aqueles que amo, mesmo que o mundo tenha mudado além do reconhecimento.

Porque, desta vez, eu não iria falhar.