Acordei com um policial me cutucando.
- Mendigos fora dessa praça.
O olhei cabisbaixo e me levantei, tentei arrumar um pouco a roupa e tirei o tênis que estava no meu pé esquerdo junto das meias, os joguei no lixo e caminhei para fora da praça sob a vigilância do policial.
Não sabia para onde ir então peguei uma rua qualquer e comecei a andar pela mesma, observei as pessoas e vi um casal de homens se abraçando e rindo dentro de uma cafeteria, aquilo me trouxe lembranças das poucas vezes que consegui sair junto com Taeil para comer fora. Senti meus olhos marejarem e andei mais rápido querendo fugir dessas lembranças.
Andei por diversas ruas e já sentia meus joelhos reclamarem. Andei alguns metros e parei na frente de uma vitrine de uma loja de espelhos. Estava um traste.
Fiquei ali me observando até que um reflexo do outro lado da rua, atrás de mim me chamou a atenção. Olhos a procura de algo, casaco grosso e cabelo desemgrenhado, era baixo e parecia desesperado. Me virei rápido e gritei:
- TAEIL!
Atravessei a rua correndo desviando das e parei na frente dele, o abracei forte e este devolveu o abraço mais forte ainda. Ouvimos as pessoas reclamarem ao nosso redor mas nada disso importava. Olhei em seus olhos e vi que este chorava enquanto sorria para mim.
- Te achei... - disse ele baixinho.
- Na verdade fui eu que te achei -sorri -, e foi sem querer...
Ele voltou a me abraçar e eu o apertei em meus braços.
- Fiquei com tanto medo...
- Eu estou bem... - o tranquilizei.
- Estou te procurando desde ontem.
- E eu sonhei com você... - separei o abraço e segurei em sua mão - Vamos, estou com fome.
Refiz todo o caminho e avistei a cafeteria que havia visto o casal. Entramos e pude ver que o casal não estava mais ali, nos acomodamos e fizemos nossos pedidos.
- Tem dinheiro? - indagou preocupado.
- Estou com a carteira - revistei meus bolsos e tirei a carteira de um.
Ele sorriu e tomamos nosso café com bolinhos e panquecas. Conversamos pouco, estávamos mais apreciando a presença um do outro do que querendo conversar. Saímos da pequena cafeteria de mãos dadas.
- Para onde vamos?
- Para casa. - falei num suspiro.
- Mas...
- Apenas vamos ok?
Ele confirmou com a cabeça e fomos em direção a casa que fui expulso no dia anterior. Fizemos o caminho inteiro em silêncio, parando na frente da porta de entrada da casa.
- E agora...?
- Agora... - suspirei - agora a gente tenta de novo.
Abri a porta e encontrei quem eu mais temia sentado no sofá. Tinha a expressão preocupada enquanto passava as mãos nos seus cabelos.
- Hey... - chamei sua atenção. Ele me olhou, mas não com raiva e repulsa, mas aliviado.
- Zico! - veio até mim e me abraçou - Desculpa... desculpa por ter feito aquilo. Não quero que vá embora, você é como um filho pra mim - senti suas lágrimas em meu ombro -, por favor fique...
- Não posso...
- Por que? - separou o abraço e me olho confuso.
Apenas levantei minha mão que segurava a de Taeil, ele olhou para o menor e depois para mim. Sorriu.
- Vocês podem ficar juntos.
O olhei surpreso e o menor apertou minha mão.
- O-o que?
- Isso mesmo. Quero que sejam felizes, mesmo que seja como um casal.
Sorri abertamente e o abracei, largando a mão de Taeil.
- Obrigado...
O soltei e este sorria para mim. Me voltei para Taeil e ele veio ao me encontro me beijando nos lábios pela primeira vez naquele dia, o beijei de volta com intensidade.
Separei nossos lábios e o olhei nos olhos. Aqueles olhos castanhos que conseguiam prender minha atenção por horas.
- Agora podemos ser felizes juntos...
- Sem esconder nada...
- ... de ninguém. - finalizei.
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*Quatro meses depois*
- Estamos atrasado sabia? - Taeil me apressou.
- Tô quase pronto - ajeitei a camisa e coloquei a jaqueta. - Vamos.
Puxei o menor pelo braço saindo do quarto e descendo as escadas. Todos estavam esperando lá embaixo quando aparecemos.
- Finalmente! - U-Kwon exclamou.
Sorrimos e os acompanhamos para fora da casa. Estavamos indo comemorar o aniversário do Kyung num restaurante e depois fariamos uma festinha em casa.
Eu e Taeil estavamos juntos e com alianças, felizes e nos amando. Era nosso final feliz.
~ FIM ~