Capítulo 3 - Ruivas, Diabas e Empata Foda

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FELIPE

"For you, I was a flame / Love is a losing game / Five-story fire as you came / Love is a losing game / One I wished I never played"
— Amy Winehouse, "Love Is a Losing Game"

Assim que chegamos na balada, Bruno, Letícia e Rodrigo já estavam na porta, como sempre. Era impossível não notar Letícia, aquela ruiva com cabelo de fogo e uma energia que fazia a noite parecer promissora só pelo sorriso malicioso que ela carregava. Ela tinha conseguido as cortesias pra todo mundo, e era claro que algo fora do comum ia rolar. Letícia sempre sabia como arrumar umas vantagens e, geralmente, isso significava encrenca. Boa encrenca, claro.

— Porra, Letícia, se superou dessa vez, hein? — Falei, enquanto ela me dava um beijo rápido de "oi". Letícia era o tipo de mulher que você se envolvia de vez em quando, só pra não deixar a vida sem graça. Ela era direta, não fazia drama e sabia que entre a gente era só química casual. Funcionava. E, bom, eu não tava reclamando.

Bruno e Rodrigo, no entanto, tinham zero filtros. Assim que Cleo surgiu com aquela saia preta curta, botas de salto e o top que deixava a parte de baixo dos seios à mostra — meu Deus, Cleo sabia como provocar —, eles ficaram boquiabertos. Eu não conseguia desviar o olhar dela, mas tentava não deixar transparecer o impacto que aquilo me causava. Já o Bruno, como sempre, não tinha filtro nem pudor.

— Tá me tirando, Cleo? — Bruno soltou com um sorriso safado. — Tá querendo matar a gente ou o quê?

Revirei os olhos e dei um tapa na cabeça dele.

— Vai babar na tua mãe, idiota. — Falei rindo, enquanto ele levantava as mãos, inocente.

— Foi mal, foi mal... Mas, mano, é sério, olha só pra ela.

Eu nem precisava olhar. Eu sabia. Cleo sempre tinha esse efeito nos caras. E nas meninas também, como Letícia, que já tinha dado uma boa conferida nela enquanto tentava disfarçar.

Rodrigo, o mais contido de nós, apenas observava com um leve sorriso no canto da boca, sacando toda a dinâmica. Ele sempre via mais do que dizia, e eu sabia que ele tava analisando tudo aquilo com aquele olhar de quem já sabe o que vai acontecer.

— Você devia relaxar mais, Felipe. — Ele murmurou, baixo, só pra mim. — Esse ciúme tá ficando na cara.

— Não é ciúme, mano. É... — Comecei, mas parei. Era inútil tentar explicar.

— Ah, claro, tá bom. — Ele riu, me ignorando.

Entramos na balada, e o lugar estava pulsando. Era gigante, com luzes neon piscando freneticamente e o chão vibrando com a batida pesada do DJ. Subimos para o mezanino, Letícia liderando como uma rainha que sabia exatamente o que queria.

— Bora pro mezanino, galera! O resto da noite é por minha conta. — Ela anunciou, dando aquele sorriso de quem tinha todo o poder.

Bruno, claro, não perdeu tempo em soltar mais uma de suas piadinhas.

— Letícia, se continuar assim, vou acabar casando com você, hein! — Ele brincou, arrancando risadas de todos, menos de Rodrigo, que só balançou a cabeça.

No alto, tínhamos uma visão privilegiada da pista. E como eu já esperava, Cleo já tinha desaparecido. Quando a encontrei de novo, ela estava no meio da pista, beijando uma garota. E, claro, todos os olhares estavam fixos nela. Cleo nunca passava despercebida, e fazia questão de ser o centro das atenções, sem se esforçar muito pra isso.

Rodrigo cutucou meu braço, com aquele sorriso de canto.

— Cleo não perde tempo, né?

— Normal. — Eu respondi, tentando disfarçar o incômodo. Não por ela estar beijando alguém, isso nunca foi problema. Era o fato de que, enquanto eu tentava sufocar o que sentia, ela parecia sempre tão livre.

SOB TUA PELE: Além de NósOnde histórias criam vida. Descubra agora