MARIANA
A poucos metros de distância, ele se erguia como uma sombra imponente, parado contra a luz do sol que se filtrava entre as árvores.
Um homem grande, muito grande, com ombros largos. As roupas dele estavam sujas, desgastadas, como se tivessem acabado de sair de um campo de trabalho árduo.
"E pelo suor em sua camisa e as mãos sujas de terra, ele estava mesmo", pensei.
Mas o que mais me chamou a atenção foi a máscara que cobria um lado do rosto dele. Não era uma máscara completa, mas apenas um pedaço. O outro lado estava à mostra.
Rugas suaves se formavam ao redor de seus olhos e boca que sugeriam que ele passara tempo demais sob o sol. E ainda assim, eu pude ver o quanto ele era bonito.
Por que alguém usaria uma máscara assim? E, mais importante, por que eu estava ali?
O homem me encarava, mas seu olhar não era de curiosidade, ele estava longe de ser amigável.
Tentei respirar fundo, mas era difícil reunir forças para falar. Eu estava tonta e com medo.
— Quem... quem é você? — queria, minha voz soando fraca e trêmula.
Ele não respondeu imediatamente. Apenas me olhou com uma expressão séria. Eu tinha quase certeza que loucura havia me tomado de vez, que isso devia ser algum tipo de delírio.
— A senhorita invade as minhas terras e pergunta quem sou? — disse ele, finalmente, sua voz grave e cheia de desconfiança. Não havia gentileza ali. — A pergunta correta seria: quem é a senhorita?
Eu me vi tomada por uma sensação de confusão ainda maior. Invadindo? Dei uma olhada rápida ao redor, tentando entender onde estava, mas tudo me parecia errado, estranho.
Espera... Ele me chamou de senhorita? Por que ele estava falando assim?
— Eu... eu não sei como vim parar aqui. — murmurei, sentindo minha voz falhar enquanto lutava para me fazer entender. — Eu estava em casa e... agora estou aqui. Que lugar é esse, afinal?
Ele deu um passo à frente, e o som pesado de suas botas afundando na terra. Ele era ainda maior de perto.
Instintivamente, recuei, minhas costas batendo contra o tronco de uma árvore.
— Não tente me enganar com essa desculpa esfarrapada. — ele retrucou, olhando para mim com desprezo.
Seus olhos passaram rapidamente sobre minhas roupas, franzindo o cenho.
— Quem trajes são esses que a senhorita usa? Não tem vergonha? — Ele soltou um nível de bufar de desaprovação. — Não parece apropriado para uma dama decente, minha cara.
Minhas mãos instintivamente se apertaram ao redor do tecido confortável da minha calça de moletom. Minhas sobrancelhas se ergueram de pura indignação, o sangue correndo quente pelas minhas veias.
Eu estava usando uma camiseta simples e calças de moletom, confortáveis e comuns, algo que qualquer pessoa usaria em um dia normal. Certamente nada que pudesse ser considerado inapropriado. Dama? Minha cara? Nem meu avô fala desse jeito.
Levantei a cabeça, tentada a lhe dizer poucas e boas, mas no último minuto, me contive. Eu aparentemente estava nas terras dele, como ele dizia. Eu precisava de ajuda para voltar para casa, e não podia estragar tudo.
— Meu nome é Mariana... Mariana Castro. — disse, tentando manter minha voz firme, apesar do medo que fazia meu corpo tremer. — Acho que devo ter sido dopada ou talvez tenha tido algum tipo de... surto e vim parar nesse lugar. Eu não sei o que aconteceu. — disse com sinceridade.
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Acordo com a Fera [Paixões Rurais - Vol.2]
RomanceTrilogia Paixões Rurais | #2 Mariana estava acostumada a perdas. Mas no dia de seu aniversário, ao fazer um simples pedido, sua vida vira de cabeça para baixo. Sem entender como, ela acorda em uma fazenda no ano de 1859, diante de um homem misterios...