Carta 3 - Um dia de cada vez

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"Sinto que o tempo tem corrido tanto e ao mesmo tempo está se arrastando.
não sei se é porque você descobriu esse caderno, ou se é porque você não comentou nada sobre.

Você está um pouco estranho e eu simplesmente não consigo entender. Mesmo jurando que não leu as cartas simplesmente parece que você leu e por isso está assim.

Mas de toda forma eu não vou desistir assim de nós e da nossa amizade, até porque antes de tudo somos amigos, e eu não quero que isso mude.
Me contento apenas com sua amizade e vou vivendo um dia de cada vez, eu sei que consigo."

- João :)

POV JOÃO

Entro em meu quarto pensando muito nos acontecimentos das últimas horas. Estava tudo bem, até eu perder a única coisa que eu não poderia pensar na hipótese de perder: meu caderno das cartas. Mesmo Pedro tendo falado que não leu, o clima entre nós ficou muito estranho e eu sei que não é só por causa do trabalho. Isso me faz pensar que ele leu sim as cartas, mas não sente a mesma coisa que eu e está fingindo que não leu para não estragar a amizade. E isso é exatamente tudo que eu temia.

Me remexo na cama de um lado para o outro me sentindo agoniado com tantos pensamentos na cabeça. Passo boa parte da noite assim, e no fim acabo vendo o dia amanhecer pra então cair no sono. Às 7:30 da manhã o meu despertador toca. Eu me sinto exausto com a noite de sono muito mal dormida, mas levanto mesmo assim, pois não podia perder a aula.

Tomo um banho gelado numa tentativa muito falha de me despertar e saio em direção a cozinha. Coloco a ração dos meus filhos e vejo Pedro na cozinha passando café. Geralmente pela manhã eu não costumo tomar café pra não me viciar demais no consumo, mas hoje com uma hora e meia dormidas de noite me rendi ao café de Pedro recém passado.

— Bom dia, meu bem - Ele diz quando vê eu me aproximando de onde ele estava — 'Pera, você? Tomando café puro de manhã? Você tá bem?

— 'Tô - Respondo, voltando minha atenção pra caneca de café — Bom dia pê.

Ele me encara e vejo ele suspirar.

— Você trate de descansar mais tarde mocinho, 'tá parecendo um morto-vivo com essas olheiras fundas - Ele diz saindo da cozinha e indo até a sala.

Termino rapidamente meu café e vou atrás dele, que ja estava com nossas mochilas nos braços e a chave do carro na mão. Estendo a mão para pegar a chave do carro e ele nega com a cabeça.

— Ei! Hoje é meu dia de dirigir - Digo cruzando o braço e fazendo um bico.

— Nunca que eu vou deixar você dirigir assim, João Vitor, eu prezo pela minha vida e pela sua - Ele diz e sai andando na frente.

Suspiro não tendo muito o que fazer, me despeço do meus gatos e vou atrás dele, entrando no carro e colocando o cinto. Fui o caminho inteiro até a Usp cochilando no carro por conta da noite de sono mal dormida. Acordo assim que chegamos lá, com Pedro acariciando meus cabelos pra me acordar. Saímos do carro juntos e entramos pelos portões da faculdade.

— Pê, já te encontro, eu tenho que entregar uma coisa pra Gio.

— Ok Jô, te espero na sala.

Abraço ele me despedindo rapidamente e vou andando até onde eu sabia que a Giovana estaria, no pátio. Chegando lá não demoro a ver minha prima sentada na sombra de uma árvore me esperando. Vou até ela e me sento em seu lado pronto pra desabafar tudo que tinha acontecido no dia anterior.

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⏰ Última atualização: Oct 23 ⏰

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