Carta 2 - Não te vejo meu.

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"Eu te conheço a tanto tempo que nem consigo me lembrar mais da minha vida antes de você. Você me encanta demais P, e eu acho que se você reparasse bem daria pra ver meus olhos brilhando só de te ver.

Ao mesmo tempo que tenho medo de estragar nossa amizade, então longe de mim nos romantizar. Mas quando é pra ser é, e a gente parece ser tanto. Queria que você também percebesse isso."

POV PEDRO

Mudanças não são fáceis. Tive essa percepção muito cedo, quando aos meus 15 anos meu pai foi promovido e com isso tivemos que nos mudar de estado. Foi extremamente estranho pra mim sair da capital mineira para ir morar no interior paulista, mais precisamente em Américo Brasilense. De início eu estranhei muito toda essa mudança, porque não foi apenas uma mudança de estado como uma mudança de rotina, de amizades, de tudo.

No meu primeiro dia de aula eu conheci o João que é meu melhor amigo, e a partir dele conheci todos os meus outros amigos que estão comigo até hoje. Eu e João temos uma sintonia incrível desde sempre, e isso nos fez formarmos sonhos juntos e nos acostumarmos a viver juntos. Dessa vez a vida aconteceu, mas eu não me sentia mais só porque tinha ele e os nossos amigos comigo.

Ao fim do ensino médio, outra mudança nos ocorreu. Saímos de Américo para poder conquistar a grande metrópole de São Paulo. Como mais um de nossos sonhos cumpridos, eu e João moramos juntos e eu acho que por conta da nossa sintonia, tudo tem sido perfeito.

João havia me prometido um almoço hoje por sua conta, da última vez eu o levei para almoçar e paguei tudo e hoje seria sua vez. Nós nos vimos hoje mais cedo antes da nossa aula acabar, mas no fim ele sumiu sem muitas explicações.

Ao trocarmos algumas mensagens, sei que ele estava na biblioteca entregando um livro que havia pegado na semana passada, avisei a ele que esperaria no mesmo lugar de sempre e andei até lá, ficando escorado no carro enquanto aguardava.

Passaram longos minutos e só aí percebi que ele estava demorando demais apenas para entregar o maldito livro, bufei e então me direcionei a biblioteca a fim de encontrá-lo para que pudéssemos finalmente ir almoçar, eu estava morrendo de fome e João mais do que ninguém sabia como eu ficava irritado com fome. Ao chegar na biblioteca, Dona Laura estava atenta ao seu computador digitando algumas coisas, sem muito foco no restante do mundo ou a bagunça que se encontrava no fundo da sala.

Me aproximei da bancada principal, esperando Dona Laura acabar o que fazia para me dar sua atenção. Nesse tempinho, avistei um caderninho no chão, ele estava aberto e de longe pude perceber que tinham algumas coisas escritas. Segurei o caderno nas mãos, percebendo a letra bem conhecida por mim, dou uma lida por cima mas paro na última frase escrita no papel:

"Com amor, João."

Instantaneamente travo. Como assim o João gosta de alguém e por que ele não me contou? Fico curioso e leio mais uma parte do que estava escrito, meus dedos começaram a tremer levemente enquanto passavam nas linhas.

"no fim acho que sempre gostei de você P, eu só não queria admitir."

P?
Quem é P?

Sinto minha cabeça se enchendo de suposições e pensamentos, mas sou arrancado deles por dona Laura chamando minha atenção.

— Tudo bem, meu jovem? - Ela pergunta e eu fecho instantaneamente o caderno segurando ele em meu corpo.

— Tudo... tudo sim. - Sorri para ela. — Eu estou procurando o João, você viu ele por aí?

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